segunda-feira, 22 de junho de 2009

Apesar da crise, filas para imóveis de luxo crescem

Jornal do Brasil, Natalia Pacheco, 21/jun

A crise financeira internacional começou com a bolha imobiliária americana, com os preços dos imóveis excessivamente sobrevalorizados nos Estados Unidos. De 1995 até o fim do ano passado, houve valorização de 30% no mercado do país. Até que um dia a bolha estourou, atingiu todo o sistema financeiro e gerou a atual turbulência econômica. Alheio ao problema, o setor imobiliário de luxo mundial, com destaque para o Brasil, passa ao largo dessa tormenta. A prova disso é a grande procura de estrangeiros por esse tipo de imóveis no país, o que gera imensas filas de espera. Na construtora Concal, por exemplo, há uma lista de espera de 40 pessoas interessadas em imóveis de quatro quartos na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Há várias explicações para o momento que vive o segmento. A primeira é a escassez de oferta. O presidente da Ximenes Consultoria Imobiliária, Paulo César Ximenes, diz que há uma "natural" diferença na relação oferta/procura nesse setor. Outra razão é que o público desse mercado apresenta baixa necessidade de crédito, atualmente restrito e caro no mercado, uma das principais reclamações do empresariado e do consumidor brasileiros.

Além desses dois motivos, o país ainda conta com beleza natural e clima com estações bem definidas, o que sempre atrai turistas, que acabam por adquirir imóveis por aqui. Mas dois fatores foram determinantes para o sucesso do setor na crise: bons preços e temor de perder dinheiro nas aplicações financeiras.

Troca de investimentos

O vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Rodrigo Caldas, explica que a drástica redução de ações e queda na rentabilidade de aplicações de renda fixa, em função da redução da taxa básica de juros (Selic) em 4,5 pontos percentuais somente neste ano - de 13,75% ao ano para 9,25% - fez com que as pessoas com esses investimentos migrassem para o setor imobiliário de luxo.

- É um segmento que sempre tem rentabilidade porque aqui no Brasil só se valoriza por causa da oferta escassa - explicou Caldas.

Mesmo com a constante valorização dos imóveis, os preços brasileiros ainda são baratos quando comparados com os de outros países, como França. O diretor da Sotheby's no Brasil, Fabio Rossi, revela que o metro quadrado no Brasil ainda é baixo.

- O metro quadrado em Mônaco está em torno de 80 mil euros, enquanto no Rio é de R$ 10 mil. O bom preço atrai muitos estrangeiros que querem passar uma temporada no país - destacou.

O diretor da Judice & Araujo Imóveis, Rodolfo Judice Araujo, confirma que os estrangeiros são responsáveis por 30% dos negócios da empresa. A imobiliária prevê um crescimento de 50% neste ano.

Além disso, o dono do imóvel pode alugá-lo. E a locação também é muito procurada nesse setor por causa da demora de aquisição. O vice-presidente da RJZ Cyrela, Rogério Zylbersztajn, conta que esse também é um bom negócio, já que o aluguel custa 0,7% do valor do imóvel. Ou seja, para um apartamento de R$ 1 milhão, a locação custa R$ 7 mil por mês.

Perfil

O diretor da Sotheby's no Brasil destaca que o Brasil é o segundo país das Américas com o maior número de residentes estrangeiros, só perdendo para os Estados Unidos. Só na capital paulista, eles respondem por 5,7% da população de São Paulo.

Rossi traça o perfil do estrangeiro no país: os europeus preferem morar nas regiões Norte e Nordeste e na cidade do Rio de Janeiro. Os argentinos, chilenos e uruguaios, por sua vez, buscam o Sul do país. Já em São Paulo, há grande variedade de árabes, americanos, europeus, mas todos ligados à negócios. E os interessados no agronegócio optam pelo interior do país.

A Sotheby's prevê crescer 50% este ano no Brasil, para um faturamento de R$ 1 bilhão.

Dispostos a qualquer preço

A diretora comercial da Central de Imóveis da construtora Concal, Bianca Carvalho, diz que o desespero é tão grande por imóveis na orla da Zona Sul do Rio, que o comprador fica disposto a pagar qualquer preço.

- O cliente paga o preço que for. O problema é achar a cobertura em frente à praia. Isso é o mais difícil - ressalta Bianca, ao acrescentar que o preço do metro quadrado em Ipanema e Leblon custa de R$ 17 mil a 20 mil - uma cobertura fica em torno de R$ 20 milhões.

O empresário E.O. comprou há dois meses uma cobertura na Barra por R$ 1,3 milhão. Ele deixou o antigo apartamento no Jardim Oceânico para a cobertura de 650 metros quadrados. Para a aquisição, o empresário vendeu dois imóveis e retirou dinheiro de aplicações.

sábado, 20 de junho de 2009

25 milhões de fiscais
Ao oferecer prêmios e transformar o consumidor em "fiscal tributário" com a Nota Fiscal Paulista, o governo de São Paulo aumenta a arrecadação em quase 1 bilhão de reais e fecha o cerco à sonegação

Revista EXAME -

Ninguém, em lugar nenhum do mundo, gosta de pagar impostos. Por isso, sabe-se que a sonegação costuma aumentar ou diminuir dependendo do risco de ser pego pelo Fisco. Também é sabido que a maioria das pessoas gosta de dinheiro, principalmente se para ganhá-lo não for preciso ter muito trabalho. Essas três obviedades foram fundamentais para que o governo do estado de São Paulo criasse o mais engenhoso programa de combate à sonegação já posto em prática no país. Trata-se da Nota Fiscal Paulista, lançada há um ano e meio e cujos resultados, num país conhecido pela cultura da sonegação, impressionam. Só no ano passado, estima-se que o programa tenha rendido uma arrecadação extra de 800 milhões de reais. É um dinheiro que fluía pelo ralo da chamada "informalidade" - um jeito bem brasileiro de se referir à competição ilegal.

O grande trunfo da Nota Fiscal Paulista foi conseguir transformar milhões de consumidores em "fiscais" da Fazenda paulista. Mais de 25 milhões de pessoas já pediram pelo menos uma vez que seu CPF (ou CNPJ, pois recentemente o governo autorizou empresas com até 240 000 reais de faturamento anual a participar do programa) fosse incluído em notas fiscais de aquisição de bens e alguns serviços. Ou seja, contribuíram para que a compra feita fosse registrada normalmente segundo as regras do Fisco. Programas de incentivo desse tipo foram tentados inúmeras vezes - sem grandes resultados. Mas a combinação entre avanço tecnológico e contrapartida correta - mais dinheiro no bolso do cidadão - mudou a história.

A contrapartida é obtida de duas formas: por meio da restituição de parte do imposto pago no consumo de bens e serviços e em sorteios mensais de prêmios em dinheiro. O técnico em informática Gedson de Mattos Nunes é um dos fiscais voluntários do governo paulista que se transformaram em garotos-propaganda da causa. No dia 3 de junho, Nunes recebeu - com a devida solenidade e publicidade - um cheque de 200 000 reais das mãos do governador José Serra. O prêmio, com o qual ele pretende quitar o financiamento do apartamento onde mora, na capital paulista, é o de maior valor distribuído pelo programa. A maior parte dos prêmios sorteados é de valor baixo, variando de 10 a 100 reais. Mas é com o apelo de prêmios maiores - como o recebido por Nunes - que o governo paulista incentiva a população, em campanhas de TV e rádio, a pedir suas notas. Até agora, o estado de São Paulo distribuiu 1 bilhão de reais em restituições e prêmios aos participantes do programa.

Esse bilhão de reais separa a Nota Fiscal Paulista de antigas fórmulas para inibir a sonegação com a participação do consumidor. Era comum que campanhas do gênero apelassem para o senso de cidadania. A nota fiscal deveria ser exigida para que os tributos fossem pagos e, dessa forma, o governo tivesse recursos para investir em escolas, hospitais, estradas, qualidade de vida etc. Embora correto, esse tipo de apelo tornou-se inócuo num país com tamanha tradição de descalabros feitos com o dinheiro público. A recompensa em dinheiro da Nota Fiscal Paulista criou o que os economistas chamam de "alinhamento de interesses": o interesse individual é usado para ajudar a sociedade como um todo.

Para participar do programa, os consumidores paulistas têm de fazer duas operações simples. A primeira é exigir nota fiscal identificada com seu CPF a cada compra. A segunda é se cadastrar no site da Fazenda para acompanhar o extrato dos créditos obtidos em cada compra. Tudo é feito pela internet, a tecnologia que uniu as três pontas - vendedor, consumidor e Estado - e deu transparência e rapidez ao processo. O consumidor pode pedir para receber a restituição dos créditos em sua conta bancária, pode transformar o valor em abatimento do IPVA, repassá-lo a terceiros ou doá-lo a uma instituição de caridade. Para participar dos sorteios, é preciso trocar as notas fiscais por cupons digitais - cada 100 reais acumulados em notas dão direito a um cupom. A engenhosidade do programa reside justamente nesse ponto. Ao fazer o acompanhamento digital das notas para restituir créditos ou para trocá-las por cupons, os consumidores verificam se os estabelecimentos estão, de fato, enviando as notas à Fazenda. "Acompanho nota por nota no site", diz Eliana Verginio, moradora de Rio Claro, premiada recentemente num sorteio de 80 000 reais. Desde o início do programa, a Fazenda já recebeu 50 000 reclamações, a maioria de consumidores que não encontraram notas lançadas em suas contas no site da Nota Fiscal Paulista.

Ao fazer o cruzamento de dados fiscais informados pelo varejo com as reclamações de consumidores, o governo paulista pôs em marcha um mecanismo antissonegação. "Hoje temos controle do movimento econômico de todo o setor varejista", diz o secretário da Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Costa. Atualmente, todos os setores do varejo são obrigados a remeter à Secretaria da Fazenda as notas fiscais emitidas mensalmente. Em 2008, as autuações a empresas que não recolheram ICMS somaram 15 bilhões de reais, ante 13 bilhões totalizados em 2007. Tais resultados despertaram o interesse de outros governos estaduais. Em novembro do ano passado, Alagoas lançou o Nota Fiscal Alagoana, nos mesmos moldes do programa paulista. Por enquanto, a Receita alagoana conseguiu 20 000 cadastros de consumidores em seu site. Até julho, todo o varejo do estado será obrigado a emitir a nota.

Para os governantes, o maior apelo é o aumento da arrecadação sem grandes investimentos. Para colocar o Nota Fiscal Paulista em operação, o governo de São Paulo precisou de 30 milhões de reais. Até agora, gastou outros 40 milhões em propaganda. Só no setor de bares e restaurantes, a arrecadação com ICMS no varejo cresceu 19% em um ano de programa. No setor de vestuário e calçados, o aumento chegou a 31% no período. Atualmente, mais de 461 000 estabelecimentos - ou quase 100% dos varejistas do estado - estão obrigados a emitir a Nota Fiscal Paulista. Quem já atuava de acordo com a lei aproveita para oferecer espontaneamente a nota fiscal aos consumidores na esperança de que eles se acostumem com a ideia e passem a exigir o mesmo da concorrência. "Estamos no caminho para alcançar um ideal antigo, o da redução da carga tributária", diz o secretário adjunto da Fazenda George Tormin. Se isso realmente vai acontecer, só o tempo dirá - a realidade no Brasil tem sido exatamente o oposto, com aumentos sucessivos na taxação. De todo modo, o programa paulista pode indicar uma alternativa no combate à sonegação - um problema de enorme proporção no país, que atravanca o crescimento econômico.

Em 2008, cerca de 74 bilhões de reais deixaram de ser recolhidos pelo comércio aos cofres públicos do país, de acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. O ICMS é o segundo imposto mais sonegado, por 27% das empresas do país. Ainda segundo o estudo, 29% das empresas do setor de comércio sonegam algum tipo de tributo. Nesse cenário, as que trabalham na legalidade são duplamente penalizadas: pela alta carga tributária, que consome cerca de 36% de tudo o que é produzido no Brasil, e pela concorrência desleal com as que não pagam impostos. "A Nota Fiscal Paulista ajuda a aumentar a igualdade na concorrência, melhorando o ambiente de negócios", diz o economista Guilherme Dietze, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Esse é, por si só, um grande feito.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Seguro habitacional entra no "Minha Casa"

DCI, 19/jun

Os financiamentos de imóveis pelo programa "Minha Casa, Minha Vida" do governo federal poderão ter seguro habitacional, que custará até 10% da prestação, de acordo com a redação final da Medida Provisória 449/09, que cria o programa do governo federal e foi aprovada terça-feira pelo Senado.

Todos os consumidores poderão ter a cobrança. A mensalidade mínima de R$ 50, hoje, pode passar a ser de R$ 55 para quem tem renda mensal de até três salários mínimos. Para entrarem em vigor, as regras ainda precisam ser aprovadas pelo presidente Lula. O Senado e a Câmara já autorizaram.

Até agora, por erro de redação do governo, todos os financiamentos do "Minha Casa, Minha Vida" têm seguro gratuito. Assim, quem já assinou um contrato da casa própria pelo programa conseguiu ser liberado da cobrança extra, que, nos financiamentos habitacionais da Caixa, custa até 34% da prestação.

A cobrança do seguro habitacional nos financiamentos feitos pelos bancos varia de acordo com o cliente e, quanto mais idade o mutuário tem, maior é o valor da prestação. Segundo a secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, o cálculo do seguro poderá variar de acordo com a renda do mutuário.
Crédito imobiliário

Valor Econômico, 19/jun

Levantamento feito pelo Conselho Regional de Corretores de imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP) com nove dos maiores bancos do país apurou que apenas um deles declara financiar 100% do valor do imóvel usado pretendido pelo candidato a mutuário. É a Caixa Econômica Federal, que financia imóveis de até R$ 130 mil no plano "Imóvel na Planta/Construção-FGTS-Hipoteca".
Congresso aprova R$ 6 bi para programa habitacional da União

DCI, 19/jun

O Congresso Nacional (sessão conjunta da Câmara e do Senado) aprovou ontem créditos extraordinários ao Orçamento da União no valor total R$ 7,45 bilhões. O maior beneficiado foi o Ministério das Cidades, que obteve R$ 5,25 bilhões para financiar o programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado pelo governo federal em março. Os recursos estão previstos no Projeto de Lei do Congresso 4/09.

O mesmo projeto abre crédito especial de R$ 750 milhões para o Ministério da Fazenda, para financiar o Fundo Garantidor da Habitação Popular. Os parlamentares repassaram R$ 300 milhões à subvenção econômica do projeto em cidades com menos de 50 mil habitantes, que foram incluídos no programa pelo Congresso durante a discussão da MP 459/08.

Dessa forma, o fundo terá R$ 450 milhões agora, podendo chegar a R$ 3,7 bilhões nos próximos anos. Esse fundo serve de garantia aos bancos que emprestam a mutuários com renda de até dez salários mínimos para compra ou construção de imóveis. O fundo fará ressarcimentos quando o mutuário não pagar, seja por morte ou por desemprego. Já a subvenção barateará as construções em municípios mais pobres e para mutuários cuja família ganhe até três salários mínimos.
OAB-RJ leva a Temer proposta de honorários de sucumbência a trabalhistas

Brasília, 18/06/2009 -

O presidente da Secional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, entregou hoje (18) ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), minuta de anteprojeto de lei para que se reconheça aos advogados que militam na Justiça trabalhista o direito de receber os honorários de sucumbência - devidos pela parte que perdeu à parte vitoriosa em uma disputa judicial. Temer, que é advogado de formação, afirmou que o pleito é justo e sugeriu sua apresentação, em regime de urgência, à Comissão de Constituição e Justiça da Casa. A proposição da OAB-RJ foi subscrita por deputados de vários partidos: Flávio Dino (PCdoB-MA), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), Otávio Leite (PSDB-RJ), Rogério Lisboa (DEM-RJ) e Chico Alencar (Psol-RJ).

O pedido foi apresentado pelo presidente da OAB fluminense sob a justificativa de que o TST, a seu ver de forma equivocada, interpretou que o princípio constitucional que diz que o advogado é indispensável à Justiça (Art. 133 DA Constituição Federal) não se aplica à Justiça do Trabalho. "Ao contrário do que acontece nos processos dos demais ramos da Justiça, o advogado trabalhista não recebe a justa remuneração pelo trabalho realizado".

Ainda segundo Wadih Damous, essa situação acaba por onerar também os trabalhadores que possuem processos na Justiça do Trabalho. Isso porque os empregados, quando saem vitoriosos em uma disputa, acabam tendo descontados valores referentes a honorários advocatícios do total da condenação. "Logo, os trabalhadores não acabam recebendo, também, a integralidade da condenação que lhes foi reconhecida pela Justiça".

Na reunião para a entrega da minuta, O presidente da OAB-RJ esteve acompanhado do renomado jurista Benedito Calheiros Bomfim, co-autor da proposição. Além de Calheiros Bomfim, elaborou a minuta do anteprojeto o ministro Arnaldo Lopes Sussekind, que participou do processo de formulação da CLT.

Também participaram do encontro, no gabinete de Temer, o presidente do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), Henrique Maués; o presidente da Comissão Especial de Estudos sobre os Honorários de Sucumbência na Justiça do Trabalho, o conselheiro seccional Nicola Piraino; o vice-presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro e secretário da mesma Comissão, Ricardo Menezes; e o secretário-geral da OAB-RJ, Marcos Luiz de Souza.

"Nossa esperança é a de que, ainda este ano, esse pleito tão justo dos advogados trabalhistas, encampado pela OAB-RJ, possa se tornar lei", acrescentou Damous. "Com esse projeto, não só procuramos assegurar os honorários de sucumbência, mas o reconhecimento de que o advogado trabalhista também é indispensável à administração da Justiça", afirmou Benedito Calheiros Bomfim.
Para OAB, Supremo errou ao acabar com exigência do diploma de jornalista

Maceió (AL), 18/06/2009 -

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, considerou hoje (18), em entrevista, que foi "um erro de avaliação do Supremo Tribunal Federal" a decisão de acabar com o diploma para o exercício da profissão de jornalista. "A decisão do STF, na minha compreensão, não observou corretamente qual é o papel do jornalista e a sua função na defesa da liberdade de expressão", afirmou.

Ao criticar a decisão do STF, que por maioria acompanhou voto do ministro Gilmar Mendes, relator da matéria, Britto sustentou que a liberdade de expressão é um bem tão fundamental, tão essencial à República que tem que ser praticada com independência e qualidade. "Essas duas referências são obtidas somente com diploma e com o registro no Ministério do Trabalho. O primeiro garante a qualidade técnica e o segundo a qualidade ética, observou ele.

Para Britto, foram exatamente essas duas referências - a técnica e a ética - que acabaram revogadas pela decisão do Supremo. "Acho que vamos sofrer em consequência dessa decisão um abalo muito forte no futuro", previu. "A legislação atual já resguardava uma reserva de mercado para as demais tarefas, que são as figuras do colaborador e do articulista." O presidente nacional da OAB está em Maceió para participar da reunião do Colégio de Presidentes das Seccionais da entidade.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Programa vai financiar terreno e construção
Compra de lotes será condicionada ao início das obras em seis meses

Extra, Danielle Abreu, 17/jun

O programa "Minha casa, minha vida", do governo federal, vai permitir a compra de terreno, desde que o interessado contrate um financiamento para iniciar a construção da casa em até seis meses. A possibilidade de aquisição de lote foi incluída na Medida Provisória 459/2009, transformada no Projeto de Lei de Conversão 11/2009. O texto - que trata de todas as regras do programa - foi aprovado na noite de ontem pelo plenário do Senado. A matéria já havia passado pela Câmara dos Deputados. Agora, para o projeto ser posto em prática, serão necessárias apenas a sanção de Lula e a regulamentação do Ministério das Cidades.

A secretária nacional da Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, confirmou que a exigência do financiamento para a construção será feita para garantir que a obra seja iniciada no prazo máximo de seis meses, evitando a utilização do benefício para compra de terrenos como forma de investimento.

Quem optar pela autoconstrução terá acesso aos prazos e taxas de juros do "Minha casa, minha vida", ou seja, juros de 4,5% a 8,16% ao ano mais Taxa Referencial (TR), de acordo com a renda, e parcelas divididas em até 30 anos.

Setor quer manter redução de IPI

Munido de estudos e informações sobre a situação da construção civil brasileira, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, chega hoje à Brasília. Ele espera convencer o governo federal a estender o prazo de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide nos insumos para obras.

Desde abril, os materiais de construção são beneficiados com a redução do tributo. Como o prazo estipulado termina no fim do mês, o setor se movimenta para estendê-lo.

Entre as informações que Fox pretende apresentar aos membros do Grupo de Acompanhamento da Crise (GAC) - colegiado formado pelo governo Lula para debater saídas para a turbulência econômica - está uma avaliação das vendas nas lojas no período pós-redução de IPI. Fox também pretende sugerir cortes nas alíquotas de Cofins e ICMS:

- O ciclo de uma obra dura de seis meses a dois anos. E os efeitos na cadeia produtiva não são imediatos, como em outros setores.
Senado aprova pacote de Lula para habitação

O Globo, 17/jun

O Senado aprovou ontem, em votação simbólica, a Medida Provisória (MP) 459, que criou o programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida" e garantiu a permissão para a compra de lotes urbanizados, com incentivos, para famílias com renda de até seis salários mínimos e que se comprometam a construir em até seis meses. Essa alternativa foi incluída na votação feita na Câmara dos Deputados, que fez mudanças no texto original do governo federal, confirmadas agora pelos senadores. O texto aprovado ontem ainda precisa passar pela sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A inclusão de lotes urbanizados no programa Minha Casa, Minha Vida foi proposta pelo relator da MP na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O projeto aprovado ontem também libera o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no valor máximo de seis salários mínimos, para a compra desses lotes e permite reformas em áreas não habitadas dentro do programa.

Municípios menores terão R$ 1 bi para baixa renda

Outra mudança feita na Câmara, e mantida pelo Senado, foi a criação da reserva de R$ 1 bilhão para municípios com até 50 mil habitantes, até então excluídos do "Minha Casa, Minha Vida" pelo fato de o déficit habitacional estar concentrado em áreas metropolitanas. Esses recursos servirão para construir moradias para famílias de baixa renda, até três salários mensais.

O programa, ao todo, contará com R$ 34 bilhões para subsídios, financiamentos e investimentos na área habitacional e vai beneficiar quem tem renda de até dez mínimos. O governo não gostou da inclusão da compra de lotes no "Minha Casa, Minha Vida", alegando que o objetivo é incentivar a geraçào de emprego na construção civil.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

MRV pode levantar mais de R$ 700 milhões

Valor Online - 15/06/2009 12:46

SÃO PAULO - A construtora e incorporadora MRV Engenharia apresentou hoje o anúncio ao mercado e o prospecto preliminar de uma oferta de ações que pode ultrapassar os R$ 700 milhões.

A companhia ofertará, inicialmente, 18 milhões de ações ordinárias em distribuição primária, ou seja, buscará recursos para sua expansão. Aproveitando a oportunidade, o fundo Autonomy, coloca à venda 4,5 milhões de ações ON que detém na companhia.

Tomando por base o preço de fechamento da ação, na sexta-feira da semana passada, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) de R$ 23,75, a oferta movimentará R$ 534 milhões, sendo que R$ 427 milhões vão para o caixa da MRV e os outros R$ 106 milhões para o acionista vendedor. Acontece que o montante inicialmente ofertado pode ser acrescido de lote suplementar e adicional de 15% e 20%, respectivamente, o que eleva o valor global da oferta a R$ 721 milhões.

A distribuição está aberta à participação de pessoas físicas. O montante mínimo de 10% e máximo de 12% será destinado aos investidores não institucionais. O valor mínimo para o pedido de reserva será de R$ 3 mil e o máximo de R$ 300 mil.

Pelo cronograma estimado, os investidores interessados terão apenas um dia para fazer seu pedido de reserva, 22 de junho, pois, no dia seguinte, já será fixado o preço de emissão e os ativos começam a ser negociados dia 25 de junho na Bovespa, sob o código MRVE3.

De acordo com o prospecto preliminar, do total captado com a oferta primária, 65% será destinado à construção de empreendimentos lançados e ao capital de giro. Outros 35% vão para a aquisição de terrenos.

A MRV chegou à Bovespa em 23 de julho de 2007, levantando mais de R$ 1 bilhão em oferta primária.
Fome de imóvel

(O Globo, Flávia Oliveira, 13/jun)

A forte demanda por crédito imobiliário no país surpreendeu o Citibank Brasil. De janeiro a maio, o número de pedidos passou de 80 para 300. Cerca de 70% foram aprovados.
1% de um milhão

(O Globo, Geralda Doca e Gustavo Paul, 14/jun)

Quase dois meses depois, o programa "Minha Casa, Minha Vida" - uma das principais bandeiras do governo Lula - ainda não deslanchou quanto à liberação de recursos. A secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, justifica, dizendo que o andamento do programa está dentro do esperado, por se tratar de projeto novo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Reino Unido vai construir 195 casas carbono zero ainda em 2009
Empreendimento residencial é o maior do país que adota medidas para zerar a emissão de carbono

Por Ana Paula Rocha - 5/Junho/2009

O escritório britânico HTA Architechts anunciou que vai construir 195 casas carbono zero na região de South Gloucestershire, no Reino Unido. O empreendimento, nomeado como Hanham Hall Eco Village, será o maior do tipo na região e seguirá todas as exigências do nível 6 do Código de Sustentabilidade para Casas, legislação governamental britânica que determina a construção de moradias com emissão de carbono zero até 2016.

O projeto ocupará mais de 6 hectares e, além das moradias, terá também parques, lagos e um centro de convivência, que promoverá o engajamento da vizinhança em projetos a favor do meio ambiente.

Para a construção sustentável, a empresa adotou medidas como a utilização de energia renovável e o reaproveitamento de alguns materiais de antigas edificações existentes no local. Além disso, no aspecto arquitetônico, as casas foram projetadas para aproveitar os recursos naturais. Por exemplo, as salas são direcionadas para o sul para facilitar a entrada de luz solar e minimizar o consumo de energia elétrica. Os quartos, por sua vez, são virados para o norte para proteger o ambiente contra a luz excessiva.

Outras tecnologias previstas no projeto são paredes e tetos industrializados feitos em madeira para isolar termicamente os ambientes, sistemas CHP - conhecidos também como sistemas de micro geração de energia, em que a partir de um insumo é possível gerar dois tipos de energia térmica e elétrica - tanque para acumular água de chuva, entre outras.

A perspectiva é de que o empreendimento Hanham Hall comece a ser construído no fim deste ano com as primeiras casas terminadas em 2010.
CBIC cria Programa de Inovação Tecnológica para estimular construção sustentável
Com nove projetos prioritários, programa vai mobilizar órgãos do Governo, universidades, fabricantes, construtoras e incorporadoras

Por Ana Paula Rocha - 26/Maio/2009

A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) anunciou a criação do Programa de Inovação Tecnológica (PIT) para estimular a adoção de novas metodologias de construção e gestão de obras que visem principalmente a preservação do meio ambiente. Com nove projetos de construção sustentável prioritários, o programa vai mobilizar uma série de agentes como universidades, fabricantes de materiais, órgãos de Governo, empresas de projeto, construtoras e incorporadoras.

Nomes importantes do setor da construção civil compõem a coordenação dos projetos, como Melvyn David Fox, presidente da Abramat (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção), José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) e Ronaldo Rezende, presidente da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), entre outros

Os projetos do PIT foram criados com base em um levantamento feito pela CBIC para detectar os mecanismos pelos quais a inovação se transforma em prática de mercado e também quais são os aspectos que impedem a sua evolução. São eles:

Projeto Tributação Compatível com a Industrialização e Inovação: vai estimular ações para os produtos industrializados substituírem a produção artesanal em canteiro de obras.

Projeto Modulação: analisará as normas técnicas nacionais e padrões internacionais, e elaborará textos base.

Projeto Ciência e Tecnologia para a Inovação na Construção: reunirá as necessidades percebidas pelas construtoras para dirigir a pesquisa de desenvolvimento das inovações tecnológicas

Projeto Revisão de Códigos de Obras: tem como objetivo principal contratar serviços especializados para analisar os códigos das principais cidades e facilitar a padronização de sistemas construtivos e o emprego de inovações.

Projeto Viabilização da Inovação em Obras Públicas: fará a análise dos efeitos da Lei 8.666 (Lei de Licitações) e os processos de licitação sobre a introdução de inovações.

Projeto Viabilização do SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas): pretende viabilizar o credenciamento efetivo das OTAs (Organizações Técnicas Avaliadoras) e acelerar a elaboração dos documentos de aprovação e a implantação das OTAs nas várias regiões.

Projeto Montagem de Comitês Estaduais: estimulará a criação de comitês estaduais em todo o Brasil para promover a utilização de inovações tecnológicas.

Projeto Capacitação para a Inovação: promoverá cursos para capacitar os profissionais a utilizar e calcular a produtividade e os custos dos serviços feitos com inovações tecnológicas e sistemas industrializados.

Projeto Conhecimento para a Inovação: finalidade é viabilizar a capacitação em áreas com lacunas de conhecimento (cursos, publicações traduzidas e produzidas no Brasil) que impactam o desenvolvimento de inovações.
Alento no imobiliário

Folha de São Paulo, Janela, 07/jun

São vários os sinais de que o segmento imobiliário está aquecendo sua atividade. Esta retomada não se dá nos níveis de crescimento chineses registrados antes do início da crise em setembro de 2008. No primeiro quadrimestre, na Região Metropolitana de São Paulo, as incorporadoras lançaram em média metade das unidades habitacionais em comparação ao mesmo período do ano passado. O volume deve crescer com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

Outra sinalização veio com o anúncio de que duas construtoras deverão realizar novas ofertas de ações. Outras poderão seguir o exemplo, retomando planos de captação congelados há 18 meses.

Mais um indicador positivo está na retomada gradual do emprego no setor. Nos primeiros quatro meses do ano a construção abriu 54.761 vagas, segundo levantamento do SindusCon-SP e da FGV Projetos.

Este desempenho ainda deriva basicamente de contratos assinados antes da crise e mostra uma recuperação parcial da queda ocorrida em novembro e dezembro.

Já a mesma confiança na recuperação do crescimento não está acontecendo com idêntica intensidade no segmento de obras públicas. O carro-chefe do governo federal neste setor, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ainda não deslanchou como se esperava.

Ao considerarmos as obras concluídas, o PAC recebeu desde seu início até dezembro de 2008 investimentos de R$ 48 bilhões, apenas 7% dos R$ 646 bilhões previstos para o programa. De janeiro a fim de maio de 2009, o governo federal havia empenhado só R$ 9,8 bilhões, 20% dos cerca de R$ 49 bilhões previstos para investimentos este ano. Aí está o resultado combinado de exigências burocráticas, controles excessivos e licenciamento ambiental demorado.
Alta de salários do setor de construção provoca inflação inesperada em maio

Valor Econômico, Cibelle Bouças, 09/jun

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), encerrou o mês de maio com alta de 0,18%, resultado acima da variação de abril (0,04%) e da expectativa média do mercado, que esperava uma deflação no período de 0,01%. A principal causa para o resultado acima das previsões foi a aceleração do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que registrou alta de 1,39% em maio, após uma deflação de 0,04% em abril.

O INCC responde por 10% do IGP-DI, mas sua variação contribuiu com 0,14 ponto percentual para a alta de maio, observou o analista da Rosenberg & Associados, Francis Kinder. No mês, o item mão de obra subiu 3,49% e foi compensado parcialmente pela queda de 0,41% do item materiais, equipamentos e serviços.

O coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Salomão Quadros, afirmou que a alta deveu-se a dois fatores. Um deles foi o atraso no reajuste salarial do setor da construção no Rio de Janeiro (6,1%), que normalmente ocorre em março. A mudança nos salários coincidiu com o reajuste da construção civil de São Paulo (5,91%). Outro fator foi a mudança na metodologia de cálculo da inflação em mão de obra na construção, que desde março passou a considerar apenas as praças de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Brasília (foram excluídos Goiânia, Fortaleza, Belém, Curitiba e Florianópolis). "Rio e São Paulo passaram a ter um peso maior no índice, o que explica a variação mais forte em mão de obra, porque os reajustes salariais em si foram menores que no ano passado, quando ficaram na faixa dos 8%", ponderou Quadros.

Em maio de 2008, quando o INCC subiu 2,02%, o item mão de obra teve alta de 2,5%. A variação do grupo mão de obra também foi menos intensa em maio de 2007 (1,81%) e de 2006 (2,4%), observou o economista da LCA Consultores, Fábio Romão. "Além disso, uma parte da categoria tem o reajuste salarial vinculado ao salário mínimo e o setor é um dos únicos que está em fase de contratação, o que permite acordos de data-base com ganho real", afirmou Romão. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro a abril, o setor da construção criou 43,7 mil vagas com carteira assinada (todas as contratações no país totalizaram 48,5 mil no mesmo período).

Romão disse ainda que a alta em mão de obra foi em parte compensada pela queda nos preços de materiais que tiveram o IPI reduzido. "O efeito do IPI foi mais sentido a partir de meados de maio, porque antes as lojas ainda trabalhavam com estoque antigo", disse o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Elias Conz. Ele observou que os 30 itens com IPI reduzido registraram aumento de 15% nas vendas; o setor como um todo cresceu 4,5%.

Outro fator que favoreceu a alta do IGP-DI em maio foi a deflação menos intensa do Índice de Preços por Atacado Industrial (IPA Industrial), de 0,32% em maio, ante 0,58% em abril. Esse resultado foi compensado pela alta mais fraca no IPA agropecuário (de 0,58%, ante 1,36% em abril). Com isso, o IPA encerrou o mês com deflação de 0,1%, mesma variação observada no mês anterior. O economista da Tendências Consultoria Integrada, Gian Barbosa, afirmou que os preços no atacado poderiam ter ficado mais altos, não fosse a apreciação cambial de 10,6% em maio. "O grupo de intermediários sofreu impacto da valorização do petróleo e derivados; o mesmo aconteceu com as commodities agrícolas. O efeito do câmbio permitiu que a inflação se mantivesse sob controle", disse. No mês, o IPA de bens intermediários teve queda de 0,41%, ante deflação de 1,04% em abril.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também registrou desaceleração, alcançando alta de 0,39% em maio, ante 0,47% em abril. A maior contribuição para esse resultado decorreu do grupo alimentação, que fechou o mês com deflação de 0,3%, após haver subido 0,64% em abril. Outros dois dos sete grupos que compõem o IPC apresentaram decréscimo nas taxas. Tiveram desaceleração os grupos saúde e cuidados pessoais (0,61% ante 0,99%) e transportes (-0,19% ante -0,14% em abril).

Francis Kinder, da Rosenberg, considerou que os preços no atacado devem se manter controlados, dada a expectativa de redução de preços do minério de ferro em junho. A consultoria prevê para o IGP-DI deste mês alta de 0,2%; a Tendências projeta alta de 0,3% e a LCA, alta de 0,36%. "Mesmo que ocorra uma alta em junho maior que 0,2%, no acumulado de 12 meses os IGPs continuarão cedendo", afirmou Kinder, observando que em junho de 2008, o IGP-DI havia chegado a 1,89%, uma alta que não se repetirá neste mês. No acumulado de 12 meses, o IGP-DI registra variação positiva de 2,99%. O IPA-DI acumulou 1,18%, ante 3,53% no mês anterior, com agrícolas em -1,52% (0,34%) e industriais em 2,24% (4,75%). O IPC-M desacelerou para 5,55% (6,05%) e o INCC caiu para 8,98% (9,65%).
ABYARA PLANEJAMENTO IMOBILIÁRIO S.A.

COMUNICADO AO MERCADO

São Paulo, 9 de junho de 2009 - A Abyara Planejamento Imobiliário S.A. (Bovespa: ABYA3), ("Companhia"), comunica que, conforme Ata de Reunião do Conselho de Administração realizada em 08 de Junho de 2009 o Sr. Marcos Yuiti Mori foi nomeado para o cargo de Diretor Financeiro e de Relações com Investidores, substituindo Ana Graciela Granato, que renunciou ao cargo de Diretora Financeira e de Relações com Investidores da Companhia.

A ata da reunião encontra-se arquivada na sede da Companhia.

Astério Vaz Safatle
Presidente

Para mais informações, por favor acesse nosso website www.abyara.com.br/ri.

CONTATO:
Astério Vaz Safatle
Presidente
Tel.: (0xx11) 3027-8000
Fax: (0xx11) 3027-8211
E-mail: ri@abyara.com.br
Após altas, Fator recomenda cautela com ações de construção
Apesar da alta nas últimas semanas, corretora espera lucros menores com pouco impacto do pacote governamental

Portal EXAME - 29.04.2009 - 19h14

Desde o anúncio do governo de um programa habitacional de 34 milhões de reais, os papéis de construtoras e imobiliárias vêm se recuperando dos impactos da crise internacional. Após as recentes altas, porém, a Fator recomenda cautela aos investidores com as ações do setor.

Os analistas afirmaram acreditar que o pacote do Governo é positivo para o setor de construção civil. O foco voltado à população de baixa renda, contudo, faz com que o impacto seja mais limitado para as principais empresas, com preço unitário do imóvel médio de 40 mil reais à população de renda de até três salários mínimos.

"Atualmente, nenhuma incorporadora opera nesse segmento e possui esse tipo de produto. Do total de um milhão de moradias anunciadas, 70% do total serão destinadas à população com renda de até seis salários mínimos, faixa ainda não atendida pelas principais construtoras listadas", explicaram.

Na faixa de renda de seis a dez salários mínimos, o valor do imóvel é de 130 mil reais por unidade. Com isso, Tenda, MRV, Rodobens e PDG Realty devem ser as empresas mais beneficiadas pelo pacote, por causa do percentual do banco de terrenos dentro dessa faixa de preço.

A Fator explica a alta nos preços das ações das construtoras com a melhora do ânimo no setor a partir do anúncio do programa habitacional, além da expectativa de recuperação da demanda por imóveis e melhoria de percepção de risco por parte de investidores estrangeiros.

"Reiteramos cautela aos investidores, pois apesar de algumas incorporadoras terem apresentado resultados operacionais positivos, não observamos melhora consistente nas variáveis que determinam o consumo de imóveis", disse.

Para os três primeiros meses do ano, a expectativa é de lucro menor para a maior parte das companhias. As construtoras voltadas ao segmento de baixa renda devem obter melhores resultados nos próximos trimestres, pois, segundo a corretora, além da demanda pelo primeiro imóvel ter se mostrado mais forte, o índice de confiança do consumidor caiu menos nesse segmento.

Nesse cenário, a PDG Realty e a MRV são apontadas como as companhias com possíveis números mais positivos, devido à forte exposição ao segmento econômico e forte volume e velocidade de vendas no primeiro trimestre. Além disso, ambas possuem bom controle de custos, eficiência operacional e situação financeira confortável.


Lucro previsto para o primeiro trimestre de 2009 (R$ milhões)

Empresa Resultado 1T09 Resultado 1T08 Variação anual (%)
Brascan Company 21 46 -54,35
CCDI 8 68 -88,24
Cyrela 74 86 -13,95
Gafisa consolidado 23 45 -48,89
Inpar 2 6 -66,67
Klabin Segall -9 12 -
MRV 42 51 -17,65
PDG Realty 82 51 60,78
Rodobens 17 18 -5,56
Rossi 37 20 85,00
Tecnisa 32 28 14,29
Nova Tenda 6 21 -71,43
Fonte: Empresas e Fator Corretora
Caixa lança selo para classificar a ecoeficiência de projetos habitacionais
A partir de 2010, empreendimentos poderão se candidatar para receber reconhecimento nas classes ouro, prata e bronze

Por Ana Paula Rocha - 2/Junho/2009

A Caixa Econômica Federal lançou nesta terça-feira, 2 de junho, o Selo Casa Azul, um novo instrumento que qualificará empreendimentos de acordo com critérios socioambientais. As empresas interessadas poderão enviar os seus projetos para análise do banco a partir de janeiro de 2010.

Para a concessão do selo, a Caixa vai considerar 46 critérios agrupados em seis categorias: inserção urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, uso racional da água e práticas sociais. Essas condições serão divulgadas no Guia do Proponente em novembro deste ano.

O Selo Casa Azul será dividido nas classes ouro, prata e bronze, definidas pelo número de critérios obrigatórios atendidos. Para receber o ouro, o empreendimento deverá cumprir a, no mínimo, 24 das 46 condições. Já para ser classificado como prata ou bronze, o projeto precisa atender a 19 ou 14 critérios obrigatórios, respectivamente. Segundo o banco, a concessão de crédito não estará vinculada à obtenção do selo.

O evento contou com a presença da presidente do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho, e do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O selo será a principal ação do Programa Construção Sustentável da Caixa, que ainda possui iniciativas a favor do uso da madeira legal e da adoção de aquecedores solares em residências.
Asa Incorporadora assina primeiro contrato de programa habitacional
Braço da Agra investirá em empreendimento para famílias com renda de três a seis salários mínimos

Por Rafael Frank - 22/Abril/2009


O primeiro contrato do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", lançado pelo Governo Federal, foi assinado pela Asa, braço da Agra Incorporadora para a baixa renda. A Asa construirá empreendimento para atender famílias com renda de três a seis salários mínimos.

Segundo a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, as construtoras já estão apresentando seus projetos ao banco e a expectativa é de que as unidades do programa de habitação comecem a ser entregues entre 8 e 12 meses.

As diretrizes para a elaboração de projetos de empreendimentos para o Programa Minha Casa, Minha Vida estão à disposição dos interessados nos sites do Ministério das Cidades (www.cidades.gov.br) e da Caixa Econômica Federal (www.caixa.gov.br). Conforme definido na Portaria 160/09, do Ministério da Fazenda, os projetos terão que seguir especificações técnicas mínimas.
CONSTRUTORA JL

www.construtorajl.com

Compromisso com a qualidade. Foi com este pensamento que o engenheiro civil João Luiz Félix fundou a Construtora JL na cidade de Cascavel, no oeste do Paraná, no ano de 1977.

Histórico
São mais de trinta anos dedicados à concretização de sonhos de seus clientes, garantindo principalmente o bem-estar das pessoas. Três décadas edificadas com muita solidez e responsabilidade.

Missão
Buscar soluções que atendam, com excelência, às necessidades dos clientes. Sempre tendo como base a ética, o respeito, a transparência e o comprometimento com a responsabilidade sócio-ambiental.

Portfolio
O resultado desta dedicação e empenho não poderia ser melhor. O trabalho de João Luiz Félix, em parceria com seus dois irmãos José Luiz Félix e Joacir Luiz Félix, colocou a JL entre as primeiras construtoras do Brasil. Já são cerca de mil e cem apartamentos entregues aos proprietários e diversos condomínios residenciais finalizados. Todos construídos dentro de um rigoroso padrão de qualidade, do projeto ao acabamento. Sem falar nas inúmeras obras públicas espalhadas pelo país: Fóruns, Aeroportos, Prefeituras, Hospitais, Universidades, Hotéis, Igrejas, Escolas e o mais seguro presídio Federal do país, localizado em Catanduvas.

Na capital do Paraná, a Construtora JL acrescentou ao seu portifolio luxuosos empreendimentos – Green Life e Odeon – localizados nos nobres bairros do Ecoville e Bigorrilho e o edifício Porto Gênova, localizado no bairro do Batel e, recentemente entregou as chaves do Residencial North York, todos em Curitiba.

A JL concluiu no ano de 2008 mais de 10 obras, entre elas: a Universidade Federal de São Paulo, Tribunal de contas do Recife e a adequação do Aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Em 2009 entregará o edifício Premier em Cascavel e a reforma do Hotel Cataratas em Foz do Iguaçu. Como você pode ver a JL ainda tem muito chão pela frente, iniciando com o lançamento de três edifícios “Way Point”, “Alto Leblon” e “Excellence” todos em Cascavel.

Prêmios
A Construtora JL comprova toda a sua excelência e tradição através de diversos prêmios conquistados dentre eles estão certificado ISO 9002 - Top of Mind 2005/2006/2007.

Diferenciais
- Tradição de mais de 30 anos, construindo obras públicas e particulares;
- Infraestrutura e logística física e técnica próprias;
- Financiamento direto com a Construtora, sem intermediários.
De pé com parceria

RPC - Gazeta do Povo - 09.06.09

Depois de ser pega no contrapé da crise, amargando prejuízos e acumulando dívidas no fim do ano passado, a incorporadora Abyara partiu para o estabelecimento de parcerias com outras empresas do setor da construção civil. Aqui no Paraná, a construtora JL, de Cascavel, vai coincorporar o empreendimento Botânica, que está sendo erguido no bairro Jardim Botânico, em Curitiba.

A Abyara conseguiu renegociar dívidas com 8 dos 9 bancos credores. Além disso, a Agra e a Veremonte Participações, que adquiriram o controle da incorporadora há três meses, pretendem aumentar o capital da empresa em R$ 100 milhões. A dívida líquida da empresa está em cerca de R$ 260 milhões.
"Os chineses não estão preocupados com o Brasil"
O ex-embaixador Rubens Barbosa diz que o governo Lula comete o erro de superestimar o peso do país no cenário internacional

Revista EXAME - Por Tatiana Gianini | 28.05.2009 | 00h01

Recentemente, o presidente Lula esteve em visita oficial à China, que desbancou em abril os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil. O ex-embaixador Rubens Barbosa fala sobre o significado dessa mudança e dos resultados da missão diplomática.

1) Qual a importância de a China ter desbancado os Estados Unidos como nosso maior parceiro comercial?
Num momento em que a expectativa é que as exportações brasileiras caiam mais de 20% em 2009, a China ganha cada vez mais importância. Esse país está comprando do Brasil e o nosso comércio deu um salto em razão disso.

2) A posição da China, à frente dos Estados Unidos, é um fenômeno ocasional?
É circunstancial. A China vem ampliando as compras do Brasil, é verdade, mas os Estados Unidos devem retomar o topo da lista de nossos principais parceiros comerciais assim que sua economia iniciar a recuperação.

3) O que é mais importante hoje: o Brasil para a China ou a China para o Brasil?
É bom que os chineses queiram comprar nossos produtos, mas sabe quanto isso representa para eles? Zero ponto qualquer coisa. O Brasil tem a mania de achar que todo mundo está pensando nele, mas a verdade é que ninguém está pensando. Os chineses não estão preocupados com o Brasil. Nós é que deveríamos estar preocupados, pensando em formas de melhorar nossa posição no comércio mundial, não apenas com a China, mas também com outros países importantes.

4) O fato de o Brasil exportar matérias-primas e importar produtos manufaturados não é um problema?
Não vejo nenhum mal que o Brasil seja um grande exportador agrícola. Os Estados Unidos e a União Europeia também são. O importante é também ser um grande exportador de produtos manufaturados.

5) O valor das exportações brasileiras para a China oscila muito ao sabor das cotações das matérias-primas. Num cenário de instabilidade, como o atual, é possível manter o crescimento?
Quando a China retomar um ritmo de crescimento maior, os preços das principais matérias-primas vão subir novamente, beneficiando as exportações brasileiras. Não podemos ficar esperando isso ocorrer. Temos de buscar novos mercados.

6) Na recente missão do presidente Lula à China, a diplomacia brasileira falhou em abrir novos mercados. Fomos incompetentes na negociação ou é difícil fazer acordos com os chineses?
Nunca devemos esperar resultados imediatos, sobretudo na relação com a China, cujo governo tem uma política de médio e longo prazo. Se interessar à China importar do Brasil, o governo de Pequim fará isso. Caso contrário, não.

7) Falta objetividade ao Brasil nessas negociações?
O Brasil gasta muita energia em questões que não são comerciais, como essa atitude ideológica de comércio Sul-Sul. Temos de ter uma estratégia que busque os mercados que forem possíveis.
Como o pacote imobiliário vai ajudar a baixa renda
Prestações com juros subsidiados devem elevar demanda por imóveis populares

Portal EXAME - Por Francine De Lorenzo | 26.03.2009 | 08h50

Apesar de ainda não haver muitos detalhes sobre como operará o programa habitacional anunciado pelo governo, os especialistas estão otimistas quanto aos resultados. Para eles, toda a cadeia produtiva - desde produtores de materiais de construção até lojas de móveis - será beneficiada. E a expectativa é de que finalmente o país passe a ter uma política habitacional. "Até agora, o que nós tínhamos era uma colcha de retalhos, com medidas isoladas. A última vez que se fez política para a habitação no Brasil foi na década de 1960, com o Sistema Financeiro da Habitação (SFH)", ressalta Fábio Nogueira, diretor executivo da empresa financeiro-imobiliária Brazilian Finance & Real Estate.

O ponto principal do pacote, na opinião do professor da Fundação Getúlio Vargas, Francisco Barone, não está na extinção do déficit habitacional, hoje estimado em 7,2 milhões de moradias, mas sim na disponibilização de crédito para as camadas mais baixas da população. "O problema do déficit habitacional é algo sem solução, e essa é a lei do capitalismo. É preciso que haja escassez para que o bem tenha valor. O importante é levar o financiamento até as pessoas com menor poder aquisitivo", diz Barone.

Demanda, segundo os especialistas, não vai faltar, mesmo durante o período de crise. Além de contar com prestações e juros subsidiados, o plano do governo prevê um seguro que, no caso de famílias com renda entre três e cinco salários mínimos, garante até 36 prestações. Para famílias com renda entre cinco e oito salários mínimos, a proteção será de 24 prestações e, para as famílias com renda de oito a dez salários mínimos, de 12 prestações. Os custos com documentação serão reduzidos, chegando à gratuidade para famílias com renda entre zero e três salários mínimos.

O único risco, apontado pela equipe de pesquisa da corretora Planner, está na localização dos imóveis. "Se os imóveis forem construídos em locais muito afastados, provavelmente a população não se interessará em mudar, porque haverá maior custo de transporte, aumento no tempo de deslocamento até o trabalho e, consequentemente, queda na qualidade de vida", alerta a corretora.

Para as construtoras e incorporadoras, que foram fortemente impactadas pela crise global, o pacote traz um certo alívio. O diretor financeiro e de Relações com os Investidores da Tenda, Paulo Mazzali, acredita que o programa tem potencial para transformar o setor. "A grande diferença desse plano para os demais é que ele não se baseia em subsídios para as construtoras e oferece segurança para as famílias assumirem um crédito de longo prazo", explica. Segundo ele, somente nas primeiras horas após o anúncio das medidas, mais de 1000 pessoas procuraram os profissionais da empresa para obter informações. Em dias normais, a empresa recebe de cinco a dez consultas.

Mazzali afirma que a Tenda está preparada para atender a demanda. "Temos um modelo de negócio que consiste na contratação de construtoras para a realização de projetos. Nós fazemos a gestão e o controle de qualidade dos empreendimentos e a construtora entra com a mão-de-obra. Isso nos permite expandir nossa oferta rapidamente", explica.

A expertise na construção de moradias para a baixa renda, de acordo com a Planner, será algo fundamental para as construtoras. Dentre as companhias com ações na bolsa, Tenda, MRV, Rodobens e PDG Realty são apontadas pela Planner como as de melhor perfil para atuar no programa. "As empresas voltadas para imóveis de alto padrão não devem tentar mudar seu core business para aproveitar o pacote. Isso significaria um risco muito alto, que pode não valer a pena", diz a corretora. As chances de erros para as companhias que nunca atuaram no setor de baixa renda ou que atuam pouco, explica a Planner, são muito altas. E, nesse nicho, qualquer erro pode significar a diferença entre o lucro e o prejuízo. "A margem de lucro nesses empreendimentos é muito inferior a de projetos de alto padrão. A idéia aqui é ganhar menos, mas ganhar rápido."

Para a corretora, a Rodobens utiliza o modelo de negócio mais interessante - o mexicano. A empresa compra grandes terrenos e, em parceria com a prefeitura, desenha projetos que incluem não só a construção dos imóveis, mas também infra-estrutura, como saneamento básico, sistema de transporte e escolas. Já para Nogueira, o ideal é que o Brasil trace um modelo próprio para o setor.

O executivo espera que, com a queda da taxa Selic, o setor imobiliário se torne mais atrativo para bancos e investidores. O risco de o Brasil viver uma bolha imobiliária, como a dos Estados Unidos, é descartado não só pela diferença de realidade entre os dois países, mas também pelas lições que a crise deixou. "O Brasil ainda tem um longo caminho para crescer. O setor imobiliário é como uma jazida de petróleo que vai começar a ser explorada agora", diz o diretor executivo da Brazilian Finance & Real Estate.

Na bolsa, o pacote provocou uma corrida pelas ações das construtoras nos últimos dias. Os papéis chegaram a subir até 45% nas duas últimas semanas, animados pelas medidas. A Planner, no entanto, ressalta que os próximos dias devem ser de alta volatilidade. "Como ainda há muitas dúvidas sobre o pacote, cada novidade deve provocar alta ou baixa nos papéis", diz a corretora. O governo deve anunciar detalhes do programa até o dia 13 de abril.
Uma aposta no popular
Motivadas pelo projeto do governo, as grandes incorporadoras se ajustam para explorar a base da pirâmide social

Revista EXAME - Por Giuliana Napolitano e Eduardo Salgado | 28.05.2009 | 00h01

Alguém pode me explicar o que é subsídio?" A pergunta foi feita por Milton Goldfarb, presidente da incorporadora que leva seu sobrenome e pertence à empresa imobiliária PDG Realty, a uma plateia de 700 corretores reunidos no teatro Juca Chaves, em São Paulo, no fim de abril. Preocupado em saber se os profissionais haviam entendido o pacote habitacional voltado para a baixa renda anunciado pelo governo semanas antes, Goldfarb resolveu começar pelo básico. E teve uma surpresa: só dez corretores se arriscaram a responder - e nenhum acertou. O programa Minha Casa, Minha Vida prevê subsídios de 34 bilhões de reais, juros reduzidos, prazos maiores e descontos no seguro obrigatório para famílias com renda formal ou informal de até 4 650 reais por mês, o equivalente a dez salários mínimos. "A dificuldade de entender e também acreditar nas novas condições é compreensível porque nunca vimos nada desse tipo no Brasil", diz Goldfarb.

Na sede das maiores incorporadoras do país, o clima é de euforia - uma euforia que tem resistido até à lentidão do governo nos primeiros 30 dias do plano. A meta é usar a Caixa Econômica Federal para aprovar e financiar 1 milhão de casas e apartamentos em até dois anos, mas por enquanto o sonho da casa própria é um pesadelo burocrático. Até meados de maio, o banco só havia aprovado a construção de cerca de 2 000 unidades. Parte do problema reside na própria Caixa - embora o banco tenha cortado dezenas de exigências, ainda são necessários 54 procedimentos para aprovar um financiamento. "O banco está se mexendo, mas ainda existem muitos problemas. A aprovação de financiamento de compradores leva mais de um mês, quando o compromisso assumido pela Caixa era fazer isso em 15 dias", diz o presidente de uma incorporadora. Há também greves no caminho. Cerca de 2 300 engenheiros, arquitetos e advogados da Caixa cruzaram os braços em abril, pouco depois do anúncio do plano. "Fazemos reuniões todas as semanas com executivos do setor para entender os gargalos e resolvê-los", diz Jorge Hereda, vice-presidente da Caixa.

Apesar dos problemas, as principais empresas do setor passaram as últimas semanas se preparando para vender imóveis de acordo com as novas regras. Elas estão respondendo à avalanche de clientes que se têm cadastrado nas prefeituras para conseguir comprar casas e apartamentos usando as vantagens do pacote - em São Paulo, por exemplo, já há mais de 350.000 pessoas na fila. Parte desses consumidores também tem lotado os estandes das obras, as lojas próprias e os portais de venda das incorporadoras. "Não precisamos de marketing ou de um exército de vendedores para ir atrás de compradores, pois eles estão correndo para nós. A demanda é enorme, só falta atendê-la", diz Rubens Menin, presidente da MRV, que viu o número de atendimentos diários em seu site aumentar mais de quatro vezes, para 2 500. O desafio mais imediato das companhias é fazer seus corretores entender os benefícios do plano - e explicá-los aos clientes. Para isso, vêm realizando treinamentos específicos sobre o pacote. Uma das condições que geram mais polêmica é o subsídio de 23.000 reais que o governo dará a quem ganha menos de três salários mínimos por mês. "As pessoas não acreditam que esse dinheiro será dado, acham que tem algum truque, que terão de devolver isso depois", diz Milton Goldfarb.

Em política habitacional, o Brasil está décadas atrás dos países desenvolvidos. Perde até para a maior parte dos emergentes. O México criou um programa de incentivos públicos à construção civil em 2000 que se tornou referência mundial. De lá para cá, o país reduziu seu déficit habitacional pela metade. Aqui, estima-se que faltem cerca de 7 milhões de moradias - 98% delas para quem recebe menos de seis salários mínimos por mês. Até recentemente, era um público quase ignorado pelo mercado, mas que, após o pacote, tornou-se parte central de uma nova estratégia de negócios - por isso, as principais incorporadoras do país já começam a mergulhar mais fundo na pirâmide social. Quem focava seus esforços em famílias com renda entre seis e dez salários mínimos vai descer um degrau. É o caso da Goldfarb/PDG, que, antes do pacote, só vendia para quem ganhava mais de 3 000 reais, e da Living / Cyrela, a maior do mercado, mas com pouca tradição na baixa renda. "Fizemos ajustes para cortar custos. Preferimos prédios mais baixos e que ficam prontos em menos tempo, o que diminui os gastos com financiamento bancário. Com isso e as vantagens do plano, baixamos o preço médio de nossos imóveis em cerca de 20%", diz Antonio Guedes, principal executivo de baixa renda da Cyrela. Com o dinheiro dado pelo governo, quem ganha cerca de 1 500 reais por mês consegue comprar um imóvel de quase 80.000 reais - antes do pacote, era preciso ter um salário duas vezes maior para adquirir o mesmo imóvel.

O potencial do mercado já atraiu uma empresa estrangeira. A Homex, que se tornou uma das maiores construtoras de baixa renda do México apoiada em um plano de incentivo do governo de lá, vai lançar seu primeiro empreendimento no Brasil em junho. Trata-se de um condomínio de 1 403 casas e apartamentos, com preços em torno de 80.000 reais, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A previsão é entregar 90% das unidades até o fim do ano. "Sem o pacote, seríamos mais lentos", diz Clóvis Massuda, responsável pela construção e pelos projetos no Brasil da Homex, que tem entre seus acionistas o megainvestidor americano Sam Zell.

O plano está até mesmo levando algumas empresas a explorar um universo ainda mais problemático - e volumoso - do mercado: aquele formado por famílias que ganham até três salários mínimos mensais. "Sem incentivos públicos, esse mercado era inviável", diz Eduardo Gorayeb, presidente da Rodobens, especializada em baixa renda."Mobilizei toda a empresa para adequar nossos lançamentos a esses consumidores." Para poder oferecer imóveis que custam de 37.000 a 52.000 reais - uma exigência do pacote -, a Rodobens cortou o prazo de construção, fez mudanças nos projetos com o objetivo de reduzir custos e, assim, chegou a um preço final de 42.000 reais. Até o fim do ano, a meta é lançar 4.000 unidades em São Paulo e na Região Sul.

Algumas incorporadoras, porém, ainda olham esses consumidores com desconfiança. Mesmo com a ajuda do governo, a rentabilidade desse segmento é cerca de 30% menor que a média do setor. A conta só fecha para quem consegue comprar terrenos baratos. "O preço não pode passar de 10% do valor final. Para conseguir locais assim e vender um imóvel por menos de 52.000 reais, só fazendo parcerias com os municípios", diz Henrique Bianco, presidente da HM, incorporadora de baixa renda da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. A estratégia - que está sendo usada pela HM e pela Rodobens - é fechar convênios com as prefeituras para que elas levem água, esgoto e transporte público a terrenos que ficam longe dos centros urbanos e, por isso, têm um preço por metro quadrado inferior ao dos bairros centrais. Também estão na pauta de negociações reduções de impostos municipais.

Quando as maiores incorporadoras do país tinham o capital fechado, suas previsões eram apenas palavras ao vento. Cada uma dizia o que queria e ninguém era cobrado por promessas não cumpridas. Agora presentes na bolsa de valores, os executivos pensam muito antes de anunciar suas metas porque, se não atingirem os objetivos, correm o risco de ver suas ações sucumbir, como ocorreu com muitas empresas no ano passado. Causa surpresa, portanto, a desenvoltura com que as incorporadoras estão anunciando suas novas projeções. Na média, o crescimento estimado para este ano no segmento de baixa renda é de 70% em relação a 2008.

Como a crise está freando os lançamentos de alto padrão - em São Paulo, a queda foi de 25% de janeiro a abril, segundo a consultoria Embraesp -, as grandes incorporadoras esperam um forte crescimento da participação das classes C e D em seus faturamentos. A Asa, braço de baixa renda da paulista Agra, deve responder por cerca de um quarto das vendas do grupo neste ano, um crescimento de mais de 1.000% em comparação a 2008. Na Rossi, outra incorporadora de São Paulo, a meta é que metade das vendas venha desse mercado - em 2008, a taxa foi de 10%. A Tenda prevê faturar 1,5 bilhão de reais, 36% mais que sua controladora, a Gafisa. No que depender das empresas, o mercado imobiliário brasileiro terminará 2009 transformado -e muito maior.
ABYARA PLANEJAMENTO IMOBILIÁRIO S.A.

COMUNICADO AO MERCADO

São Paulo, 8 de junho de 2009 - A Abyara Planejamento Imobiliário S.A. (Bovespa: ABYA3), ("Companhia"), depois de concluir na semana passada a renegociação de suas dívidas com instituições financeiras, anuncia a ampliação de seu capital em R$ 100 milhões, operação totalmente garantida por sua controladora IPU Participações S.A., controlada por AGRA Incorporadora S.A., e Veremonte Participações S.A..

Os primeiros meses da nova gestão Abyara têm os seguintes destaques:

1. A renegociação da dívida corporativa foi concluída com quitação de R$ 139 milhões e alongamento do saldo com prazo médio superior a quatro anos;
2. O fluxo de financiamento bancário à produção foi retomado;
3. A empresa negociou diversos ativos, o que garante ingresso líquido de caixa superior a R$ 45 milhões;
4. Parcerias estratégicas com ASA Incorporadora (empresa do segmento econômico e supereconômico da AGRA) e com Construtora JL propiciam a execução de cinco empreendimentos de grande porte e a obtenção de financiamento à produção para todos;
5. Alcançou-se redução nos custos gerais e administrativos (G&A) da empresa da ordem de R$ 2 milhões/mês.

Com isso, Abyara encerra a primeira etapa de seu plano de negócios: a empresa está saneada e fortalecida, pronta para um ciclo de crescimento sustentado.

Astério Vaz Safatle
Presidente

Para ter acesso ao release completo, clique aqui.


Para mais informações, por favor acesse nosso website www.abyara.com.br/ri.

CONTATO:
Ana Graciela Granato
Diretora Financeira e de Relações com Investidores
Tel.: (0xx11) 3027-8000
Fax: (0xx11) 3027-8211
E-mail: ri@abyara.com.br

domingo, 7 de junho de 2009

Greve dos advogados da Caixa irá a julgamento. TST não obteve consenso

Brasília, 05/06/2009 - Após mais de um mês de negociações e de tentativas de se chegar a uma solução consensual, a Caixa Econômica Federal e as categorias profissionais de advogados, engenheiros e arquitetos não conseguiram chegar a um acordo para pôr fim à greve iniciada em abril. Na audiência de hoje (05) no Tribunal Superior do Trabalho, o ministro João Oreste Dalazen, vice-presidente do TST, decidiu encerrar a instrução do dissídio coletivo ajuizado pela CEF e encaminhá-lo a julgamento pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC). A relatora sorteada foi a ministra Kátia Arruda.

O ministro Dalazen, instrutor do dissídio, propôs às partes a aplicação de reajuste em progressão geométrica decrescente, no percentual inicial de 31% sobre a primeira referência e de 10% na última, com efeito retroativo a janeiro de 2009, que resultaria num salário inicial de R$ 6.599, e final de R$ 9.117. Apesar de aceita pelos trabalhadores, a proposta foi rejeitada pela Caixa.

A Caixa trouxe o que chamou de "proposta definitiva" de conciliação, uma variação da proposta anterior mais favorável às referências intermediárias do plano de cargos. A proposta não contempla, porém, 421 profissionais, admitidos sob a vigência dos planos de cargos de 1989 e 1998 e que não aderiram ao plano de 2006.

Esgotadas as perspectivas de conciliação, o ministro Dalazen lembrou ser inútil discutir o mérito da proposta da Caixa. "Apesar dos esforços que fizemos ao longo dessas audiências para que os senhores chegassem a uma solução amistosa, isso não foi possível, e o dissídio vai ter de ir a julgamento. A Justiça do Trabalho existe para isso: para conciliar sempre que possível, e decidir quando necessário", concluiu.
OAB repudia afirmações de secretário de SP e lamenta agressão a credores

Brasília, 05/06/2009 - O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por meio de sua Comissão Nacional de Defesa dos Credores Públicos (Precatórios), repudiou hoje (05) o teor das declarações feitas pelo secretário de Finanças do Município de São Paulo, Walter Morais Rodrigues, de que advogados e investidores é que pressionam contra emenda que mudará regras para pagar dívidas" e que a figura da "viuvinha que vai morrer" devido ao não recebimento dos precatórios não existe, sendo apenas um "drama" feito pela OAB. "A lamentável entrevista do Sr. Secretário Rodrigues, agredindo os credores, a advocacia e os cidadãos em geral, significa a ausência de sensibilidade por parte daqueles que deveriam primar pelo amor ao direito e pelo respeito às pessoas", afirmou o presidente da Comissão, Orestes Muniz Filho, que assina a nota em nome da OAB.

Ainda no documento, a OAB lembra que existem mais de 600 mil credores pessoas físicas, viúvas, pensionistas, desapropriados, todos credores de precatórios alimentares somente no Estado de São Paulo, com créditos que excedem o total de R$ 12 bilhões. Além disso, 70 mil credores do Estado já faleceram sem receber seus créditos e só a Prefeitura de São Paulo deve mais de R$ 10 bilhões em precatórios (dívidas judiciais conferidas pelo Judiciário contra Estados e municípios). "Assim, constata-se, com tristeza, o escárnio do senhor Walter Rodrigues com os cidadãos que ele deveria respeitar", traz a nota. As afirmações do secretário foram publicadas na edição de hoje do jornal Estado de São Paulo.

Na nota, a OAB ainda insiste que a PEC 12/06 (hoje tramitando sob o número 351/09 na Câmara dos Deputados), defendida pelo secretário, estabelece limites absolutos ao cumprimento de decisões judiciais por Estados, Municípios e União, abrindo ainda mais a porteira ao endividamento irresponsável, ao calote crônico e ao chamado "leilão dos desesperados".

A seguir a nota divulgada pela Comissão Nacional de Defesa dos Credores Públicos (Precatórios) da OAB:

"A Ordem dos Advogados do Brasil, por meio da Comissão Nacional de Defesa dos Credores Públicos (Precatórios) presta esclarecimentos quanto às declarações do senhor Walter Morais Rodrigues, secretário de Finanças do Município de São Paulo, que, em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, entende que "advogados e investidores é que pressionam contra emenda que mudará regras para pagar dívidas" e que "a viuvinha dos precatórios não existe", além de diversos comentários que agridem fatos, a Constituição, a cidadania e a advocacia.

A verdade, conforme certificado pelo Poder Judiciário é que, somente no caso do Estado de São Paulo, existem mais de 600.000 credores pessoas físicas, viúvas, pensionistas, desapropriados, todos credores de precatórios alimentares, com créditos que excedem R$ 12 bilhões, e cujo pagamento está estacionado no orçamento de 1.998, ou seja, onze anos atrás. Setenta mil credores alimentares do Estado de São Paulo já faleceram, sem receber seus créditos. A Prefeitura do Município de São Paulo deve mais de R$ 10 bilhões em precatórios alimentares.

Assim, constata-se, com tristeza, o escárnio do senhor Walter Rodrigues com os cidadãos que ele deveria respeitar.

Alega o senhor secretário que a única solução para o pagamento das dívidas judiciais de Prefeituras e Estados é um desconto mínimo de 50%, sem prazo final. Esta afirmação é preocupante, pois demonstra a ineficiência desses dirigentes em lidar com a coisa pública e é um alerta importante para fornecedores, funcionários e possíveis parceiros em obras públicas, além de instituições financeiras de crédito.

Outro equívoco do senhor Rodrigues é quando alega que "ninguém apresenta solução". Ora, nas audiências públicas realizadas na Câmara dos Deputados na quarta-feira, dia 03.05.09, com a presença do senhor Secretário, a OAB, a FIESP e a CNI apresentaram inúmeras soluções de pagamento, sem calote. E há mais de dois anos que a OAB vem discutindo e demonstrado alternativas à PEC-12.

E quando se fala de mercado negro de precatórios, deve ser levado em conta que todas as distorções que existem, só existem porque há inadimplência contumaz desses órgãos devedores que não pagam os credores. E querer o devedor se beneficiar de parcela dos créditos dos credores porque não cumprem ordem judicial, é além de todas as ilegalidades, antiético.

A PEC 12, defendida pelo Secretário, estabelece limites absolutos ao cumprimento de decisões judiciais por Estados, Municípios e União, o que não existe em nenhum lugar do mundo, e abre a porteira para endividamento irresponsável para o calote crônico e cria o chamado leilão dos desesperados, onde o mais necessitado dará o maior desconto para receber antes, sabendo-se que só existe um interessado que é o próprio ente público.

A declaração de que desapropriações "sem pagamento" não mais ocorrerão, é mais uma frase de efeito porque a Constituição sempre exigiu "indenização prévia, justa e em dinheiro", o que nunca foi cumprido por alguns entes estatais.

A afirmação de que a Prefeitura do Município de SP se diz "surpreendida" frequentemente por ordens de seqüestro, não corresponde com a verdade pois os Precatórios são ordens judiciais cuja tramitação processual ensejou o amplo direito de defesa. Todos os processos são acompanhados dia a dia pelos Procuradores do Município que tomam conhecimento das pendências e pagamentos iminentes.

A lamentável entrevista do senhor Secretário Rodrigues, agredindo os credores, a advocacia e os cidadãos em geral, significa a ausência de sensibilidade por parte daqueles que deveriam primar pelo amor ao direito e pelo respeito às pessoas.

A PEC 12 (hoje 351, na Câmara dos Deputados) representa enorme agressão aos direitos humanos e à cidadania, cujo texto deve ser rejeitado por todos que acreditam num país que vive sob a égide do direito.

A OAB continuará acompanhando a PEC 12 e apresentando soluções práticas, objetivas e humanas para a solução do calote público brasileiro.

Orestes Muniz Filho, presidente"

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Projeto Verde

O Globo, Flávia Oliveira, 05/jun

O Sheraton Barra, da Starwood, investirá R$ 3 milhões na modernização de suítes. A rede está lançando seu Projeto Verde, série de ações ambientais adotadas por 960 hotéis, em cem países.
Klabin Segall vende ativo à Cyrela
Venda de participação em empresa por R$ 29,718 milhões fortalece o caixa da Klabin Segall

Portal EXAME - 04.06.2009 | 11h48

A construtora Klabin Segall anunciou nesta quarta-feira (03/06) a venda de 100% de sua participação na companhia Saracura Investimentos Imobiliários para a Cyrela. A aquisição de 10,5 milhões de ações, divulgada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), custou 29,718 milhões de reais à Cyrela.

A Klabin Segall detinha o controle da Saracura Investimentos em parceria com a Abyara. A companhia era responsável pela construção do empreendimento imobiliário Horizontes, no bairro do Butantã.

Endividada, a Klabin Segall foi vendida no final do mês de abril para o megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos e para a construtora Agra. A venda segue a estratégia da companhia de se desfazer de alguns empreendimentos a fim de fortalecer seu caixa.

Às 11h30, os papéis ordinários da Klabin Segall (KSSA3, com direito a voto) estavam em queda de 3,14%, para 2,47 reais. Já as ações da compradora Cyrela estavam em alta de 2,92%, cotadas a 14,10 reais.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

EUA veem estabilização no mercado imobiliário

Valor Econômico, 03/jun/09


A venda de casas usadas nos EUA subiu 6,7%, em abril, a quarta alta em cinco meses e a maior dos últimos sete anos. O resultado sinaliza que a queda dos preços no mercado imobiliário está atraindo compradores e que pode estar havendo uma estabilização do setor.

O aumento do número de contratos de aquisição de casas foi muito superior ao estimado pelos economistas consultados pela Bloomberg, que esperavam crescimento de apenas 0,5%.

O resultado foi a maior alta em sete anos. Em março, o indicador subiu 3,2%, de acordo com os dados divulgados pela Associação Nacional de Corretores de Imóveis dos EUA (NAR, na sigla em inglês). Em relação ao mesmo mês do ano passado, o aumento foi de 3,2%.

"As condições de compra estão muito boas e o crédito de US$ 8 mil oferecido àqueles que estão fazendo a compra da primeira casa já rendeu impacto no mercado", disse Lawrence Yun, economista-chefe da NAR. "O mercado já bateu no fundo do poço em algumas áreas."

Mesmo assim, donos de imóveis têm se mostrado relutantes em vender, num momento de queda dos preços. E os compradores ainda se mostram tímidos e esperam que os novos incentivos do governo tenham maior impacto.

"Diante disso tudo, [o resultado] é uma notícia muito boa", disse Ian Shepherdson, economista-chefe para os EUA da High Frequency Economics. "Mas mesmo que o volume de vendas cresça, os preços das casas ainda vão se manter em queda, por causa do peso do estoque de casas retomadas por falta de pagamento."
Após altas, Fator recomenda cautela com ações de construção
Apesar da alta nas últimas semanas, corretora espera lucros menores com pouco impacto do pacote governamental

Portal EXAME - 29.04.2009 - 19h14

Desde o anúncio do governo de um programa habitacional de 34 milhões de reais, os papéis de construtoras e imobiliárias vêm se recuperando dos impactos da crise internacional. Após as recentes altas, porém, a Fator recomenda cautela aos investidores com as ações do setor.

Os analistas afirmaram acreditar que o pacote do Governo é positivo para o setor de construção civil. O foco voltado à população de baixa renda, contudo, faz com que o impacto seja mais limitado para as principais empresas, com preço unitário do imóvel médio de 40 mil reais à população de renda de até três salários mínimos.

"Atualmente, nenhuma incorporadora opera nesse segmento e possui esse tipo de produto. Do total de um milhão de moradias anunciadas, 70% do total serão destinadas à população com renda de até seis salários mínimos, faixa ainda não atendida pelas principais construtoras listadas", explicaram.

Na faixa de renda de seis a dez salários mínimos, o valor do imóvel é de 130 mil reais por unidade. Com isso, Tenda, MRV, Rodobens e PDG Realty devem ser as empresas mais beneficiadas pelo pacote, por causa do percentual do banco de terrenos dentro dessa faixa de preço.

A Fator explica a alta nos preços das ações das construtoras com a melhora do ânimo no setor a partir do anúncio do programa habitacional, além da expectativa de recuperação da demanda por imóveis e melhoria de percepção de risco por parte de investidores estrangeiros.

"Reiteramos cautela aos investidores, pois apesar de algumas incorporadoras terem apresentado resultados operacionais positivos, não observamos melhora consistente nas variáveis que determinam o consumo de imóveis", disse.

Para os três primeiros meses do ano, a expectativa é de lucro menor para a maior parte das companhias. As construtoras voltadas ao segmento de baixa renda devem obter melhores resultados nos próximos trimestres, pois, segundo a corretora, além da demanda pelo primeiro imóvel ter se mostrado mais forte, o índice de confiança do consumidor caiu menos nesse segmento.

Nesse cenário, a PDG Realty e a MRV são apontadas como as companhias com possíveis números mais positivos, devido à forte exposição ao segmento econômico e forte volume e velocidade de vendas no primeiro trimestre. Além disso, ambas possuem bom controle de custos, eficiência operacional e situação financeira confortável.

Lucro previsto para o primeiro trimestre de 2009 (R$ milhões)
Empresa Resultado 1T09
Resultado 1T08 Variação anual (%)
Brascan Company 21 46 -54,35
CCDI 8 68 -88,24
Cyrela 74 86 -13,95
Gafisa consolidadio 23 45 -48,89
Inpar 2 6 -66,67
Klabin Segall -9 12 -
MRV 42 51 -17,65
PDG Realty 82 51 60,78
Rodobens 17 18 -5,56
Rossi 37 20 85,00
Tecnisa 32 28 14,29
Nova Tenda 6 21 -71,43
Fonte: Empresas e Fator Corretora

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A HORA DOS "EDIFÍCIOS VERDES"

O Globo, 01/dez/08

Estima-se que os edifícios consumam mais de 40% de toda a energia produzida no mundo. Além disso, seriam responsáveis por 35% a 40% de todo o lixo derivado da ação humana. Para reduzir esses e outros impactos da construção civil no meio ambiente, bem como o alto custo da operação desses prédios, o setor tem investido em "edifícios verdes", projetos com uso mais racional de energia e água, entre outros requisitos. No Rio de Janeiro, um empreendimento nessa linha é o Ventura Corporate Towers, da Tishman Speyer e da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, que recebeu a pré-certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), da ONG americana U.S. Green Building Council.

Localizado no Centro, o prédio, de R$500 milhões, é composto de duas torres de escritórios de 36 andares. Em setembro, foi inaugurada uma delas, com 54 mil metros quadrados de área para locação (a outra será em 22 meses). Estar pré-certificado significa que foi apresentado um planejamento mostrando como os requisitos da Leed seriam atendidos. Agora, o empreendimento está sendo alvo de uma auditoria para receber a certificação. A Tishman é a responsável pelo projeto e pela administração do edifício, tendo entrado também com o investimento. A Camargo Corrêa ficou com a construção e também investiu na obra.

Compensa fazer um "edifício verde" - diz Luiz Henrique Ceotto, diretor de Projeto e Construção da Tishman. - Uma coisa é certa: as commodities energéticas e a água vão subir de preço muito acima da inflação nos próximos anos. Acabou a época de energia abundante, de água barata, de recursos naturais baratos. A possibilidade de um edifício convencional se tornar inviável é grande, porque o custo de operação pode ser praticamente igual ao valor dos aluguéis. A sustentabilidade é uma questão ética, mas hoje em dia é ainda mais uma questão econômica.

Segundo ele, um "edifício verde" tem custo 4% a 7% mais alto. O investimento a mais retorna em dois a três anos. Já o valor total é recuperado em cinco a sete anos, enquanto num prédio convencional o retorno leva de dez a 12 anos.

A certificação da Green Building leva em conta o empreendimento desde a obra. Na construção, por exemplo, é preciso usar madeira certificada e reciclar ao máximo o entulho.

O Ventura, segundo o diretor da Tishman, economizará cerca de 30% de energia. Para isso, o desenho do prédio privilegia o aproveitamento da claridade natural. Vidros especiais deixam a luz passar, mas não o calor, reduzindo a exigência de ar-condicionado. Além disso, um sistema computadorizado analisa a quantidade de CO2 em cada ambiente, determinando a troca ou não do ar (essa renovação gasta energia e não é necessária quando uma sala está vazia, por exemplo). A economia virá também dos elevadores, que reaproveitarão a energia de cada frenagem.

No caso da água, a redução prevista é de 40% a 50%, com aproveitamento da água da chuva e do ar-condicionado. Nos banheiros, torneiras são acionadas automaticamente e os vasos têm duas descargas: para dejetos líquidos (três litros de água) e sólidos (seis litros).

Diretor executivo do Green Building Council Brasil, Nelson Kawakami conta que já existem quatro espaços com a certificação Leed no país (três em São Paulo e um no Rio). Há 79 processos para certificação e a expectativa da entidade é fechar o ano com cem.

A construção de "edifícios verdes" é uma tendência. E a gente teve um crescimento rápido no Brasil, apesar de esse tipo de construção ainda ser uma parte pequena do mercado no país, menos de 1%.
Projetos confirmados chegam a R$ 650 bilhões até 2012

Folha de São Paulo, 01/jun/09

A economia brasileira tem hoje um conjunto de investimentos avessos à turbulência econômica mundial. Trata-se de um bloco conciso de projetos "anticrise", de cerca de R$ 650 bilhões previsto para o período 2009-2012.

É o que aponta estudo sobre o panorama de investimentos divulgado pelo BNDES. Estes projetos estão concentrados nas áreas de petróleo e gás, energia elétrica, saneamento, telefonia, construção residencial e rodovias.

Segundo o banco, eles são hoje o esteio da economia brasileira, pois vão impedir que a taxa de investimentos do país desabe com a crise.

"Eles estão mantidos mesmo em meio à crise. São mais protegidos. Estão ligados à concorrência de mercado e ao desenvolvimento tecnológico brasileiro", dizem os economistas Fernando Puga e Gilberto Borça Junior, da área de pesquisa econômica do BNDES.

O BNDES obteve suas informações diretamente das empresas públicas e privadas responsáveis pelos investimentos.

Gás na economia

O setor de petróleo e gás é o que mais promete investir-um total de R$ 300 bilhões entre 2009 e 2012. Só a Petrobras, com seu novo plano de negócios, divulgado em janeiro, responderá por 75% dos investimentos no setor.

Em telecomunicações, haveria projetos "irreversíveis" na terceira geração de telefonia móvel (3G), em infraestrutura óptica na telefonia fixa e na utilização do Wimax, sistema que oferece banda larga à distância.

Os investimentos garantidos pelo setor de telecomunicações entre 2009 e 2012 devem atingir R$ 78 bilhões. Eles não foram afetados pela crise, informa o BNDES.

Em setores como energia elétrica, transportes rodoviários, logística e saneamento, a projeção de investimentos está ancorada em contratos com o governo-leilões de energia elétrica e concessões de rodovias.

Energia elétrica destaca-se, com programas de investimento de R$ 141 bilhões no período. Dentro desse valor estão os projetos hidrelétricos Madeira, Belo Monte, Estreito e Foz do Chapecó. O investimento nestas hidrelétricas começará a ser feito até o final de 2009.

Investimentos em termelétricas deverão atingir R$ 10 bilhões já neste ano. Pequenas centrais hidrelétricas deverão atrair R$ 5 bilhões em 2009.

Na construção civil, o dinheiro virá essencialmente de medidas do governo de estímulo à construção de casas populares -entre elas, o programa habitacional do governo federal Minha Casa, Minha Vida, que pretende viabilizar a construção de um milhão de moradias.

"Esse programa deve impactar os investimentos do setor ainda em 2009, embora seus efeitos sejam maiores em 2010 e 2011", diz o estudo do BNDES.

O expressivo número de lançamentos de imóveis pelas construtoras nos últimos anos também deverá garantir essa expansão dos investimentos, diz o estudo do BNDES.

Os projetos no setor de construção civil deverão compensar uma forte retração nos investimentos familiares na construção e reforma de casas.
Perto do sonho

O Dia, 31/mai/09

Rossi vai lançar 15 mil unidades no País pelo "Minha Casa, Minha Vida"

A Rossi Residencial anuncia que vai lançar 15 mil unidades no País ainda este ano pelo programa 'Minha Casa, Minha Vida'. O Estado do Rio será responsável por 20% do total, ou seja, 3 mil imóveis, que vão custar até R$ 130 mil. As principais vantagens são a taxa de juros baixa, o financiamento de até 30 anos e a utilização do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de imediato. Isso significa que se o trabalhador tiver saldo na conta vinculada poderá usá-lo como entrada, sem precisar recorrer a recursos próprios.

Segundo o diretor de vendas da Rossi, Leonardo Diniz, a incorporadora já tem experiência no segmento econômico com as marcas Villa Flora e Praças Residenciais: "Agora estamos lançando a Rossi Ideal para atuar na faixa do super econômico. Projetos para famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 4.650)".

Para o diretor regional da Rossi, Marco Adnet, o primeiro empreendimento da marca no Rio foi um sucesso de vendas. "O Rossi Ideal Vila Brasil, foi apresentado no feirão da Caixa e já está com 85% das unidades vendidas. Os benefícios com o pacote contemplam subsídios para compra da moradia de até R$ 23 mil", diz Adnet. Ele adianta que estuda terrenos na Zona Oeste para lançar o segundo empreendimento da marca, que poderá ter unidades a partir de R$ 42 mil.
Construção civil vive fase de redução geral de custos

Valor Econômico, Daniela D'Ambrosio, 01/jun

O otimismo das construtoras com o programa de habitação lançado pelo governo federal se transferiu para os fabricantes de materiais de construção. As empresas procuram soluções rápidas para atender uma demanda maior por produtos de menor preço. Para isso, alavancam suas marcas de combate e até investem no desenvolvimento de novos materiais, com custos que chegam a ser 50% mais baixos.

Para fechar grandes contratos com as construtoras - a escala é vital para compensar margens mais apertadas - as indústrias já começam a aumentar a produtividade. "Estamos implantando novos fornos para estarmos com a estrutura pronta para acompanhar a retomada do mercado", diz Marco Diehl, diretor da cerâmica Incefra. A empresa inaugurou sua terceira fábrica na Bahia há menos de um mês e iniciou nova planta em Fortaleza. Há quatro anos, ela desenvolveu um novo piso a pedido da Caixa Econômica Federal para obras do PAR (Programa de Arrendamento). Investiu R$ 15 milhões na mudança de linhas e agora está sendo procurada pelas construtoras para fornecer para o "Minha Casa, Minha Vida".

A Rodobens começa a economia pelo projeto. Diminuiu o número de paredes dos imóveis, por exemplo, e optou pelo modelo de construção industrializado. No fim, consegue uma economia total de 10% a 15%. Não é pouco para projetos voltados para famílias com renda de até 3 salários mínimos, faixa que concentra 60% dos R$ 34 milhões de subsídios do governo.

A Fabrimar criou no começo do ano uma linha para as classes C e D e vai lançar em agosto produtos ainda mais básicos. As torneiras chegam a ser até 50% mais baratas que as tradicionais. "A ideia de criar essa linha surgiu por causa do pacote do governo", admite José Fernando Caleiro, diretor comercial. Os produtos foram desenvolvidos após várias conversas com um grupo de 15 construtoras. "Para não perdermos receita com a venda de produtos muito mais baratos, na outra ponta estamos incrementando a linha de luxo", diz.

Para pintar 1 milhão de casas serão necessários cerca de 50 milhões de litros de tinta. A Suvinil, do grupo Basf, espera alavancar sua linha mais popular, a Glasurit, para vencer em um mercado pulverizado, com vários concorrentes de baixo preço.

Fabricantes correm para fornecer materiais populares

Ninguém quer perder o bonde da baixa renda. O otimismo quase exagerado das construtoras com o programa habitacional chegou ao elo anterior da cadeia e já muda os planos dos fabricantes de materiais de construção. As empresas estão trabalhando para responder, o quanto antes, à demanda das construtoras, que exigem sistemas mais eficientes e, sobretudo, baratos. Há desde fabricantes de materiais que aproveitam para alavancar as suas marcas de combate até as que investem no desenvolvimento de novos materiais com custos que chegam a ser 50% inferiores.

Para equacionar a queda da receita e as margens mais apertadas, os fabricantes procuram ganhar na escala - o objetivo é fechar grandes contratos com as construtoras. As indústrias já começam a aumentar a produtividade, como é o caso da cerâmica Incefra, para atender aos pedidos quando os empreendimentos estiverem em fase de acabamento. "Estamos implantando novos fornos para estarmos com a estrutura pronta para acompanhar a retomada do mercado de construção", afirma Marco Diehl, diretor de marketing. A Incefra inaugurou sua terceira fábrica na Bahia há menos de um mês e iniciou uma nova em Fortaleza - além de Cordeirópolis (SP).

Há quatro anos, a Incefra desenvolveu um novo piso a pedido da Caixa Econômica Federal para obras do PAR (Programa de Arrendamento). Investiu R$ 15 milhões na modificação das linhas e agora está sendo procurada pelas grandes construtoras para fornecer para o programa "Minha Casa, Minha Vida". "A Caixa queria um produto que tivesse um custo-benefício interessante, porque a má qualidade gera um custo de substituição e reposição muito alto", afirma Diehl.

O desafio é grande. As construtoras querem produtos baratos, mas não abrem mão da qualidade - até porque há especificidades e normas técnicas que precisam ser seguidas. Como conseguir isso? Deixando de lado o design, por exemplo, e fazendo produtos geometricamente mais simples e com processos de execução fabris mais baratos. "É assim que se consegue um produto econômico", diz Raul Penteado, CEO da Deca, do grupo Duratex, que faz metais e louças.

A Deca está estudando a fabricação, para o próximo ano, de produtos voltados diretamente às construtoras, embora já tenha linhas econômicas. A empresa venceu uma licitação de 3 milhões de peças para a CDHU, companhia de habitação do Estado de São Paulo. "Aumentou a necessidade das construtoras de desenvolver técnicas mais rápidas e baratas e ter um relacionamento próximo é fundamental no desenvolvimento de produtos", afirma Penteado.

A Rodobens Negócios Imobiliários, que faz casas populares em condomínios fechados no interior dos estados, começa a economia pelo projeto. Segundo Geraldo Cesta, diretor técnico, a empresa diminuiu a quantidade de paredes das casas. "Uma casa recortada ou com uma determinada fachada precisa de mais paredes internas", explica. A Rodobens escolheu o modelo de construção industrializado - no qual as paredes de concretos são erguidas sobre formas pré-moldadas e que dispensa o uso do tijolo, reboco e madeira. Por esse sistema, uma casa pode ficar pronta em 30 dias. "O processo permite uma economia total de 10% a 15%", diz Cesta. A companhia também só compra em grandes lotes e, com no máximo, 30 dias de antecedência para não ter o custo financeiro do estoque.

A MRV, que aumentou em 50% a sua projeção de vendas este ano por conta do pacote, para até R$ 2,9 bilhões, prefere a metodologia tradicional de construção. A empresa está comprando, por exemplo, blocos de menor resistência que não podem ser usados em apartamentos, mas se adequam às casas e cujo custo chega a ser 25% mais baixo, além das linhas básicas de cerâmica, louça e tinta. Também está testando um novo modelo de esquadrias de alumínio. "Construção não tem segredo: é custo por metro quadrado, é aí que tem que se conseguir a redução", diz Darnon Medeiros, gestor de suprimentos.

Cada real faz diferença nos novos projetos, especialmente para atuar no segmento de até três salários mínimos, que concentra 60% dos R$ 34 milhões de subsídios do governo. Nessa faixa, o preço é fixado conforme a região e varia de R$ 38 mil a R$ 52mil.

A Fabrimar, empresa de metais, se prepara para lançar, em agosto, uma linha econômica, totalmente voltada ao novo pacote e vendida diretamente às construtoras. As torneiras chegam a ser até 50% mais baratas que os produtos tradicionais. Os itens foram desenvolvidos depois de várias conversas com um grupo de 15 construtoras e a redução de preço foi possível por conta da queda de preço do latão (metal), que chegou a cair 20%, e do investimento de R$ 4 milhões que já vinha fazendo para concorrer com produtos chineses. A Fabrimar teve receita bruta de R$ 130 milhões em 2008 e a expectativa é crescer entre 5% e 8% este ano. "Para não perdermos receita com a venda de produtos muito mais baratos, estamos incrementando a linha de luxo, na outra ponta", diz José Fernando Caleiro, diretor.

A UBV, União Brasileira de Vidros, empresa especializada na fabricação de impressos (canelado ou chapiscado, usado na área de serviço e banheiro), fez vários testes durante seis meses e reduziu a espessura do vidro e o peso em 10% para chegar a um produto cerca de 12% mais barato. Se houver redução do gás, usado nos fornos, - a expectativa é de queda na próxima revisão tarifária - o produto pode ficar baratear mais, já que o gás representa de 25% a 30% do custo. "Vamos buscar a recuperação das vendas, que caíram 20%, com esse produto", afirma Sérgio Minerbo, presidente. A UBV teve receita líquida de R$ 75 milhões em 2008.

A indústria de alumínio espera acréscimo anual médio de 10% nos próximos três anos por conta do pacote. A construção civil consome 120 mil toneladas de alumínio por ano (12% do total) e a expectativa é de uma adição de 40 mil toneladas nesse período. Além das esquadrias, as empresas também desenvolvem as fôrmas usadas nos pré-moldados. "A indústria de alumínio teve que melhorar seu senso de urgência para atender as construtoras", diz José Noronha, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Alumínio (Abal).

Para pintar 1 milhão de casas serão necessárias cerca de 50 milhões de litros de tinta. Em um mercado extremamente pulverizado, com várias concorrentes de baixo preço, a Suvinil, do grupo Basf, pretende alavancar a sua linha mais popular, a Glasurit.
Secovi prevê "ano do crédito imobiliário" por conta de R$ 80 bi

DCI, 01/jun/09

Os montantes de recursos disponíveis em financiamentos para o setor de habitação brasileiro, calculados na casa dos R$ 80 bilhões, devem transformar 2009 no ano do crédito imobiliário. Pelo menos é o que crê Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário) e que também exerce a função de diretor executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária e membro do Conselho Curador do FGTS.

"O primeiro fator, sem dúvida nenhuma, foi o anúncio, pelo governo federal, do programa Minha Casa, Minha Vida", colocou o economista ao incluir o setor produtivo e a Caixa Econômica Federal como protagonistas do processo de reaceleração da construção, após a turbulência econômica mundial.

Petrucci coloca que a reação do mercado imobiliário atingiu vários estados brasileiros com a crescente venda "não só para produtos destinados às famílias de mais baixa renda", como também para produtos destinados a faixas maiores de renda, analisou o executivo ao sinalizar um primeiro trimestre quase tão aquecido quanto foram os três primeiros meses de 2008.

O cálculo é que mais de 50 mil imóveis tiveram a liberação do financiamento, em menos de um mês, em que foi iniciada a operação do pacote federal (anunciado no final de março), de acordo como a Caixa Econômica Federal.

Aceleração

Também existem iniciativas de fomento à habitação, previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); uma delas é o investimento de R$ 495 milhões, no Complexo do Alemão, área composta por vários morros do Rio de Janeiro, que abrigam algumas comunidades e favelas. Lá, o Consórcio Rio Melhor, constituído pela Odebrecht, a OAS e a Delta, é o responsável pelas obras e onde serão entregues as primeiras 56 casas populares, este mês.

As unidades habitacionais têm dois dormitórios, fazem parte de uma primeira etapa, em que também estão em finalização outras 96 moradias, a serem disponibilizadas dentro de um mês de acordo com informações do consórcio.

O plano de urbanização de parte do complexo inclui ainda obras de drenagem, esgoto, rede de água e pavimentação. Duas estações de teleféricos também fazem parte do projeto, que contempla mais 660 casas em diferentes áreas.