Armínio Fraga vê "máquina de bolhas" na economia global
NOVA YORK, 4 de dezembro (Reuters) -
A "máquina de bolhas" da economia mundial continua funcionando enquanto os formuladores de política econômica lutam contra a recessão com políticas fiscais e monetárias fáceis, disse o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, na quinta-feira.
Fraga, que também é presidente do conselho da BM&F Bovespa, acrescentou que as preocupações sobre a sustentabilidade da política fiscal em países desenvolvidos precisam ser administradas para evitar crises futuras.
Ele disse que os juros em recorde de baixa em muitos países desenvolvidos também estão ajudando a criar um excesso de liquidez para as economias emergentes que não foram tão afetadas pela crise.
"De muitas formas ainda temos uma máquinas de bolhas. Estamos tratando uma bolha com uma bolha", disse ele a jornalistas em Nova York antes de uma reunião do G30.
Fraga defendeu a estratégia do governo brasileiro de combater a recessão com gasto público, mas acrescentou que agora que a economia está se recuperando pode ser o momento de a política fiscal "tirar o pé do acelerador".
Isso abriria espaço para o banco central reduzir mais o juro, segundo ele, e "seria uma forma muito eficiente de conter a apreciação do real".
O real se valorizou em mais de 30 por cento até agora neste ano, ameaçando exportadores, apesar de medidas do governo para conter fluxos "especulativos" externos.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Filme sobre pai de Eike põe o dedo na ferida da Vale
Documentário Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil traz bastidores importantes sobre a privatização da Vale e ainda ajuda a mapear o DNA do bilionário Eike Batista
Exame - Por João Sandrini | 03.12.2009 | 08h58
Esqueça Lua Nova, 2012 ou qualquer outro blockbuster em cartaz. Para quem se interessa por economia e negócios, o filme mais interessante nos cinemas é Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil. É verdade que a fita, vista por apenas 350 pessoas no final de semana passado, o primeiro de exibição, comete boa parte dos pecados capazes de estragar qualquer documentário. A produção foi paga pelas empresas interessadas na divulgação da história. Os depoimentos de amigos são óbvios e excessivamente elogiosos. A própria família se encarrega de contar boa parte do enredo. A narração dos acontecimentos é feita de uma maneira quadradona.
Mas cabe ao próprio Eliezer salvar o filme e justificar o dinheiro do ingresso. O empresário, pai de Eike Batista, foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil no século passado. Como presidente da Vale na década de 60, desenvolveu o plano logístico que o possibilitou ao Brasil tornar-se um grande exportador de minério de ferro ao Japão - apesar de a distância percorrida pelo produto nacional ser sete vezes maior do que a do minério dos concorrentes australianos.
Como engenheiro, teve participação decisiva na construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas, do porto de Tubarão (ES), da ferrovia entre a mina de Carajás (PA) e o porto de São Luís (MA) e do porto de Sepetiba (RJ). Em um país tão carente em infraestrutura, apenas essas obras já seriam suficientes para comprovar sua capacidade de realização. Mas Eliezer também ajudou na criação da Aracruz, que no início de 2009 se uniu à VCP para formar a maior empresa de celulose do mundo, e foi ministro nos governos - mal-sucedidos - de João Goulart (1961-64) e Fernando Collor de Mello (1990-92).
Além do papel de protagonista na formação econômica do país, Eliezer mostra, na fita, características humanas bastante raras no meio empresarial. Sempre bem-humorado, apresenta uma enorme capacidade de rir da vida e divertir aos próximos. Ao mesmo tempo, revela, em alguns de seus depoimentos, sensibilidade suficiente para emocionar os corações mais capitalistas.
Conhecer o personagem também ajuda a mapear o DNA de Eike Batista. Dono da conta corrente mais gorda do país, o bilionário é hoje capaz de reunir investidores para seus projetos como nenhum outro manda-chuva do mercado financeiro brasileiro. Obviamente muitos dos conhecimentos técnicos sobre mineração e logística que o ajudaram a construir seu império foram herdados do pai. Ao longo dos 84 minutos do filme, também fica claro que Eliezer transmitiu ao filho ensinamentos importantes sobre a gestão e o financiamento de projetos - os próprios espectadores podem tirar da fita ensinamentos para suas carreiras.
O ponto mais alto do filme, no entanto, é a discussão sobre a privatização da Vale. Apesar de ter a mineradora como um de seus patrocinadores e de contar com depoimentos bastante elogiosos do presidente da empresa, Roger Agnelli, o documentário não deixou de colocar o dedo nessa ferida - que ainda não cicatrizou totalmente 12 anos após o leilão. Assim como já havia declarado Eike em entrevistas recentes, Eliezer também defende que a Vale, além de buscar o lucro, sirva de instrumento para o desenvolvimento do Brasil. Mas ele vai além e não esconde sua convicção de que a decisão do governo Fernando Henrique Cardoso de vender a mineradora teria sido equivocada.
Em uma reunião com o então presidente antes da privatização, Raphael de Almeida Magalhães, amigo de Eliezer, diz ter aconselhado FHC a desistir porque a Vale poderia ser o instrumento do governo para resolver os problemas de logística do país. Com a geração de caixa da mina de Carajás, a maior do mundo, com capacidade de produção de 100 milhões de toneladas de minério ao ano, a Vale, poderia viabilizar a construção das obras necessárias para reduzir o custo Brasil. Segundo Magalhães, FHC teria levado adiante o plano de leiloar a mineradora com a justificativa de que era necessário convencer os investidores da seriedade de seu programa de privatizações.
É óbvio que vender um bem estatal tão valioso quanto a Vale. apenas por uma questão de credibilidade seria estupidez. FHC não comenta diretamente a afirmação. Diz apenas que tomou a decisão mais adequada para o Brasil naquele momento e descarta a precipitação nas privatizações, citando empresas que se mantiveram sob o controle estatal em seu governo. "Poderíamos ter privatizado a Petrobras, mas eu não permiti que isso acontecesse."
De qualquer forma, quem assiste ao filme sai do cinema com a convicção sobre a necessidade de diminuir a presença do Estado na economia um pouco abalada. O controle da Vale foi vendido por 3,33 bilhões de reais - um preço ínfimo sob qualquer ângulo de análise. Hoje o lucro da mineradora em apenas três meses costuma ser superior ao valor desembolsado pelo consórcio formado por BNDES, fundos de pensão, CSN, Opportunity e NationsBank para arrematá-la.
No entanto, é impossível afirmar que, sob a tutela estatal, a Vale teria resultados próximos aos apresentados atualmente. Privatizada, a mineradora cresceu exponencialmente, gerou riquezas, contratou funcionários e passou a pagar muito mais impostos. Há quem defenda, principalmente na esquerda mais radical, que o governo poderia ter colhido os mesmos frutos.
Mas basta olhar para a Eletrobrás para entender que uma posição de liderança e ativos valiosos não são suficientes para transformar uma estatal em um colosso. Nas mãos do Estado, a maior empresa de energia do Brasil dá exemplos de má governança, retém o pagamento de dividendos aos acionistas, chega a dar prejuízo em alguns trimestres e, vez por outra, deixa milhões de brasileiros sem luz por não resolver problemas que poderiam ser evitados.
Não é possível voltar ao passado, cancelar o leilão de privatização da Vale, acelerar de novo o tempo e saber o que aconteceria. Líquido e certo é que hoje milhões de brasileiros podem lucrar com as riquezas produzidas pela Vale via mercado de capitais, comprando ações da mineradora. Enquanto isso, em empresas como a Eletrobrás, quem mais ganha são alguns caciques políticos e seus apadrinhados.
Documentário Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil traz bastidores importantes sobre a privatização da Vale e ainda ajuda a mapear o DNA do bilionário Eike Batista
Exame - Por João Sandrini | 03.12.2009 | 08h58
Esqueça Lua Nova, 2012 ou qualquer outro blockbuster em cartaz. Para quem se interessa por economia e negócios, o filme mais interessante nos cinemas é Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil. É verdade que a fita, vista por apenas 350 pessoas no final de semana passado, o primeiro de exibição, comete boa parte dos pecados capazes de estragar qualquer documentário. A produção foi paga pelas empresas interessadas na divulgação da história. Os depoimentos de amigos são óbvios e excessivamente elogiosos. A própria família se encarrega de contar boa parte do enredo. A narração dos acontecimentos é feita de uma maneira quadradona.
Mas cabe ao próprio Eliezer salvar o filme e justificar o dinheiro do ingresso. O empresário, pai de Eike Batista, foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil no século passado. Como presidente da Vale na década de 60, desenvolveu o plano logístico que o possibilitou ao Brasil tornar-se um grande exportador de minério de ferro ao Japão - apesar de a distância percorrida pelo produto nacional ser sete vezes maior do que a do minério dos concorrentes australianos.
Como engenheiro, teve participação decisiva na construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas, do porto de Tubarão (ES), da ferrovia entre a mina de Carajás (PA) e o porto de São Luís (MA) e do porto de Sepetiba (RJ). Em um país tão carente em infraestrutura, apenas essas obras já seriam suficientes para comprovar sua capacidade de realização. Mas Eliezer também ajudou na criação da Aracruz, que no início de 2009 se uniu à VCP para formar a maior empresa de celulose do mundo, e foi ministro nos governos - mal-sucedidos - de João Goulart (1961-64) e Fernando Collor de Mello (1990-92).
Além do papel de protagonista na formação econômica do país, Eliezer mostra, na fita, características humanas bastante raras no meio empresarial. Sempre bem-humorado, apresenta uma enorme capacidade de rir da vida e divertir aos próximos. Ao mesmo tempo, revela, em alguns de seus depoimentos, sensibilidade suficiente para emocionar os corações mais capitalistas.
Conhecer o personagem também ajuda a mapear o DNA de Eike Batista. Dono da conta corrente mais gorda do país, o bilionário é hoje capaz de reunir investidores para seus projetos como nenhum outro manda-chuva do mercado financeiro brasileiro. Obviamente muitos dos conhecimentos técnicos sobre mineração e logística que o ajudaram a construir seu império foram herdados do pai. Ao longo dos 84 minutos do filme, também fica claro que Eliezer transmitiu ao filho ensinamentos importantes sobre a gestão e o financiamento de projetos - os próprios espectadores podem tirar da fita ensinamentos para suas carreiras.
O ponto mais alto do filme, no entanto, é a discussão sobre a privatização da Vale. Apesar de ter a mineradora como um de seus patrocinadores e de contar com depoimentos bastante elogiosos do presidente da empresa, Roger Agnelli, o documentário não deixou de colocar o dedo nessa ferida - que ainda não cicatrizou totalmente 12 anos após o leilão. Assim como já havia declarado Eike em entrevistas recentes, Eliezer também defende que a Vale, além de buscar o lucro, sirva de instrumento para o desenvolvimento do Brasil. Mas ele vai além e não esconde sua convicção de que a decisão do governo Fernando Henrique Cardoso de vender a mineradora teria sido equivocada.
Em uma reunião com o então presidente antes da privatização, Raphael de Almeida Magalhães, amigo de Eliezer, diz ter aconselhado FHC a desistir porque a Vale poderia ser o instrumento do governo para resolver os problemas de logística do país. Com a geração de caixa da mina de Carajás, a maior do mundo, com capacidade de produção de 100 milhões de toneladas de minério ao ano, a Vale, poderia viabilizar a construção das obras necessárias para reduzir o custo Brasil. Segundo Magalhães, FHC teria levado adiante o plano de leiloar a mineradora com a justificativa de que era necessário convencer os investidores da seriedade de seu programa de privatizações.
É óbvio que vender um bem estatal tão valioso quanto a Vale. apenas por uma questão de credibilidade seria estupidez. FHC não comenta diretamente a afirmação. Diz apenas que tomou a decisão mais adequada para o Brasil naquele momento e descarta a precipitação nas privatizações, citando empresas que se mantiveram sob o controle estatal em seu governo. "Poderíamos ter privatizado a Petrobras, mas eu não permiti que isso acontecesse."
De qualquer forma, quem assiste ao filme sai do cinema com a convicção sobre a necessidade de diminuir a presença do Estado na economia um pouco abalada. O controle da Vale foi vendido por 3,33 bilhões de reais - um preço ínfimo sob qualquer ângulo de análise. Hoje o lucro da mineradora em apenas três meses costuma ser superior ao valor desembolsado pelo consórcio formado por BNDES, fundos de pensão, CSN, Opportunity e NationsBank para arrematá-la.
No entanto, é impossível afirmar que, sob a tutela estatal, a Vale teria resultados próximos aos apresentados atualmente. Privatizada, a mineradora cresceu exponencialmente, gerou riquezas, contratou funcionários e passou a pagar muito mais impostos. Há quem defenda, principalmente na esquerda mais radical, que o governo poderia ter colhido os mesmos frutos.
Mas basta olhar para a Eletrobrás para entender que uma posição de liderança e ativos valiosos não são suficientes para transformar uma estatal em um colosso. Nas mãos do Estado, a maior empresa de energia do Brasil dá exemplos de má governança, retém o pagamento de dividendos aos acionistas, chega a dar prejuízo em alguns trimestres e, vez por outra, deixa milhões de brasileiros sem luz por não resolver problemas que poderiam ser evitados.
Não é possível voltar ao passado, cancelar o leilão de privatização da Vale, acelerar de novo o tempo e saber o que aconteceria. Líquido e certo é que hoje milhões de brasileiros podem lucrar com as riquezas produzidas pela Vale via mercado de capitais, comprando ações da mineradora. Enquanto isso, em empresas como a Eletrobrás, quem mais ganha são alguns caciques políticos e seus apadrinhados.
A MÃE DE TODAS AS BOLHAS?
Ouro, petróleo, moedas de países emergentes, títulos da dívida iraquiana, apartamentos em Hong Kong -- tudo se valoriza na euforia que toma conta do mercado financeiro mundial
Exame - Por Tiago Lethbridge, de Nova York | 26.11.2009 | 00h01
No início da década, em meio à ressaca causada pela implosão do mercado acionário após o fim da euforia com a internet, um adesivo de carro tornou-se popular nos Estados Unidos -- "Deus, dê-nos mais uma bolha", era a prece de americanos que haviam perdido o dinheiro de suas aposentadorias em ações que acabaram virando pó. Demorou alguns anos, mas, como hoje bem se sabe, as preces foram atendidas (a bolha seguinte se provou muito mais letal do que a anterior, mais uma prova de que é mesmo recomendável ter cuidado com aquilo que se deseja). Após o pânico que devastou o mercado no ano passado, mesmo os mais otimistas viam pela frente anos de vacas magras para os investidores: a inevitável freada econômica jogaria o preço das ações para baixo, e quem quisesse uma nova bolha para compensar a pancada de 2008 teria de rezar dobrado e ter muita paciência. Mas não foi o que aconteceu.
Poucos meses depois da maior crise financeira das últimas décadas, o mercado financeiro mundial já vive um novo período de euforia. Moedas de países emergentes, apartamentos em Hong Kong, petróleo, ouro, ações na Índia, títulos da dívida iraquiana - está tudo se valorizando num ritmo de tirar o fôlego. A nova bolha já chegou?
Poucas perguntas são tão importantes para o futuro da economia mundial. Caso uma bolha esteja realmente em estágios avançados de inchaço, uma nova onda de pânico no mercado financeiro pode arrasar as esperanças de recuperação econômica. Nas últimas semanas, os alertas para os riscos de uma valorização irracional nas bolsas se multiplicaram. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e técnicos do Fundo Monetário Internacional alertaram para a possível formação de bolhas, especialmente na Ásia. Bill Gross, fundador da Pimco, um dos maiores fundos de investimento do mundo, fez o mesmo. E, claro, ninguém resumiu melhor esse temor do que Nouriel Roubini, o economista-celebridade, eterno pessimista de plantão, que ganhou status de oráculo ao prever o estouro da bolha anterior. Para ele, a taxa de juro americana, próxima de zero, está dando origem ao chamado "carry-trade", fenômeno em que os investidores tomam emprestado em países com juros baixos e aplicam em outros lugares na busca de retornos maiores. Segundo Roubini, é isso que está acontecendo com o dólar. Assim, enquanto a moeda americana perde valor (está em seu nível mais baixo em 15 meses), os outros ativos atingem níveis pouco ligados à realidade. Roubini apelidou o fenômeno de "mãe de todas as bolhas de ativos". Qualquer solavanco na economia mundial, continua ele, causará uma reversão desse fenômeno, uma súbita valorização do dólar e mais pânico.
Para os pessimistas, a exuberância dos mercados emergentes em 2009 é a principal evidência da suposta irracionalidade do momento atual. A magnitude da recuperação das bolsas desses países realmente impressiona. Segundo a agência de notícias Bloomberg, todas as dez bolsas líderes em valorização no ano são de mercados emergentes. Na Rússia, a alta foi de 134%. No Brasil, o índice Bovespa subiu 138% em dólares. Enquanto o SP 500, índice que reúne as ações das maiores empresas americanas, subiu 27% no ano, o índice MSCI, que reúne os principais mercados emergentes, subiu 65%. Essa valorização é impulsionada por um fluxo de dólares de tirar o fôlego. As bolsas de países emergentes receberam 63 bilhões de dólares no ano, quebrando o recorde de 52,7 bilhões de 2007. No Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o volume é 50% maior do que o recorde anterior. Outra consequência da enxurrada de dólares é a brutal valorização das moedas desses países. O real é o primeiro da lista: ganhou 26% em relação ao dólar até novembro. Para evitar uma valorização ainda maior, o governo brasileiro vem tentando segurar a onda de dólares com as mãos -- mas a criação de uma taxa de 2% para investimentos estrangeiros, em outubro, não conseguiu reverter o fenômeno. Para o Bank of America Merrill Lynch, o preço justo do dólar é 1,60 real, com ou sem imposto. Outros países decidiram seguir o exemplo brasileiro, numa desesperada tentativa de segurar o câmbio e manter a competitividade de suas exportações. Taiwan foi o primeiro. A Indonésia pode ser o segundo.
Ouro, petróleo, moedas de países emergentes, títulos da dívida iraquiana, apartamentos em Hong Kong -- tudo se valoriza na euforia que toma conta do mercado financeiro mundial
Exame - Por Tiago Lethbridge, de Nova York | 26.11.2009 | 00h01
No início da década, em meio à ressaca causada pela implosão do mercado acionário após o fim da euforia com a internet, um adesivo de carro tornou-se popular nos Estados Unidos -- "Deus, dê-nos mais uma bolha", era a prece de americanos que haviam perdido o dinheiro de suas aposentadorias em ações que acabaram virando pó. Demorou alguns anos, mas, como hoje bem se sabe, as preces foram atendidas (a bolha seguinte se provou muito mais letal do que a anterior, mais uma prova de que é mesmo recomendável ter cuidado com aquilo que se deseja). Após o pânico que devastou o mercado no ano passado, mesmo os mais otimistas viam pela frente anos de vacas magras para os investidores: a inevitável freada econômica jogaria o preço das ações para baixo, e quem quisesse uma nova bolha para compensar a pancada de 2008 teria de rezar dobrado e ter muita paciência. Mas não foi o que aconteceu.
Poucos meses depois da maior crise financeira das últimas décadas, o mercado financeiro mundial já vive um novo período de euforia. Moedas de países emergentes, apartamentos em Hong Kong, petróleo, ouro, ações na Índia, títulos da dívida iraquiana - está tudo se valorizando num ritmo de tirar o fôlego. A nova bolha já chegou?
Poucas perguntas são tão importantes para o futuro da economia mundial. Caso uma bolha esteja realmente em estágios avançados de inchaço, uma nova onda de pânico no mercado financeiro pode arrasar as esperanças de recuperação econômica. Nas últimas semanas, os alertas para os riscos de uma valorização irracional nas bolsas se multiplicaram. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e técnicos do Fundo Monetário Internacional alertaram para a possível formação de bolhas, especialmente na Ásia. Bill Gross, fundador da Pimco, um dos maiores fundos de investimento do mundo, fez o mesmo. E, claro, ninguém resumiu melhor esse temor do que Nouriel Roubini, o economista-celebridade, eterno pessimista de plantão, que ganhou status de oráculo ao prever o estouro da bolha anterior. Para ele, a taxa de juro americana, próxima de zero, está dando origem ao chamado "carry-trade", fenômeno em que os investidores tomam emprestado em países com juros baixos e aplicam em outros lugares na busca de retornos maiores. Segundo Roubini, é isso que está acontecendo com o dólar. Assim, enquanto a moeda americana perde valor (está em seu nível mais baixo em 15 meses), os outros ativos atingem níveis pouco ligados à realidade. Roubini apelidou o fenômeno de "mãe de todas as bolhas de ativos". Qualquer solavanco na economia mundial, continua ele, causará uma reversão desse fenômeno, uma súbita valorização do dólar e mais pânico.
Para os pessimistas, a exuberância dos mercados emergentes em 2009 é a principal evidência da suposta irracionalidade do momento atual. A magnitude da recuperação das bolsas desses países realmente impressiona. Segundo a agência de notícias Bloomberg, todas as dez bolsas líderes em valorização no ano são de mercados emergentes. Na Rússia, a alta foi de 134%. No Brasil, o índice Bovespa subiu 138% em dólares. Enquanto o SP 500, índice que reúne as ações das maiores empresas americanas, subiu 27% no ano, o índice MSCI, que reúne os principais mercados emergentes, subiu 65%. Essa valorização é impulsionada por um fluxo de dólares de tirar o fôlego. As bolsas de países emergentes receberam 63 bilhões de dólares no ano, quebrando o recorde de 52,7 bilhões de 2007. No Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o volume é 50% maior do que o recorde anterior. Outra consequência da enxurrada de dólares é a brutal valorização das moedas desses países. O real é o primeiro da lista: ganhou 26% em relação ao dólar até novembro. Para evitar uma valorização ainda maior, o governo brasileiro vem tentando segurar a onda de dólares com as mãos -- mas a criação de uma taxa de 2% para investimentos estrangeiros, em outubro, não conseguiu reverter o fenômeno. Para o Bank of America Merrill Lynch, o preço justo do dólar é 1,60 real, com ou sem imposto. Outros países decidiram seguir o exemplo brasileiro, numa desesperada tentativa de segurar o câmbio e manter a competitividade de suas exportações. Taiwan foi o primeiro. A Indonésia pode ser o segundo.
A mãe de todas as bolhas?
Ouro, petróleo, moedas de países emergentes, títulos da dívida iraquiana, apartamentos em Hong Kong - tudo se valoriza na euforia que toma conta do mercado financeiro mundial.
(2 de 3)- Exame - Por Tiago Lethbridge, de Nova York | 26.11.2009 | 00h01
Entre os emergentes, nenhum país concentra tantos temores de exuberância irracional quanto a China. Primeiro, porque o país se tornou a locomotiva do crescimento mundial nos últimos dois anos. Uma escorregada chinesa, portanto, causaria convulsões no mundo inteiro. Segundo, porque a China tem todos os pré-requisitos para o nascimento de uma bolha, a começar pelo principal -- crédito farto. Para estimular a economia, o governo criou no ano passado um programa de estímulo orçado em quase 600 bilhões de dólares. Foi um sucesso. A economia chinesa cresceu 9% no terceiro trimestre, um desempenho espantoso num período de letargia no resto do mundo. Esse desempenho se deve a uma injeção de crédito na veia: o volume de empréstimos cresceu 34% de um ano para cá. Diante disso, começaram a surgir temores de que as coisas estão, na verdade, quentes demais.
O economista Paul Krugman, ganhador do Nobel de Economia do ano passado, afirmou recentemente que o excesso de crédito na economia chinesa está inflando não uma, mas diversas bolhas. Dois mercados são os principais focos de preocupação -- a bolsa e o mercado imobiliário. Segundo um estudo do governo, cerca de 20% do dinheiro do programa de estímulo foi parar diretamente no mercado acionário, criando uma alta de quase 80% no ano. Já o volume de casas vendidas cresceu 85% no país em 2009, e o preço subiu 30% em Xangai, centro financeiro do país. Em Hong Kong, o apartamento mais caro da história do país foi vendido por 57 milhões de dólares. Hoje, o preço médio das casas chinesas é equivalente a nove vezes a renda das famílias. No resto do mundo, um múltiplo de quatro vezes já seria suficiente para acender o sinal amarelo.
Apesar dos inegáveis sinais de euforia, ainda é muito cedo para afirmar que existe uma bolha, seja na China, seja em outros mercados emergentes. É preciso, antes de qualquer coisa, colocar a recente valorização em seu devido contexto. A alta das bolsas nos últimos meses foi precedida por quedas ainda maiores no fim de 2008, quando reinava a sensação de que o mundo caminharia para a nova Grande Depressão. A partir de março, quando ficou claro que os bancos americanos voltavam a ganhar dinheiro, os investidores começaram a tirar o dinheiro de debaixo de seus colchões. A valorização generalizada dos últimos meses, portanto, não tem nada de irracional -- é racional mesmo. A cotação do petróleo, que chegou aos 78 dólares após subir mais de 70% no ano, ainda está longe dos quase 150 dólares do ano passado. No caso das ações, a melhor forma de definir se um mercado está ou não hiperaquecido é observar a relação entre o preço das ações e o lucro das empresas. Quanto mais eufórico o investidor, maior é esse múltiplo. Segundo cálculos do banco de investimento Morgan Stanley, o atual múltiplo dos mercados emergentes é de 12,9 vezes o lucro previsto para o ano que vem, exatamente a mesma média dos últimos 16 anos. Com base nessa metodologia, conclui-se que os mercados emergentes não estão caros -- embora também não estejam baratos.
Ouro, petróleo, moedas de países emergentes, títulos da dívida iraquiana, apartamentos em Hong Kong - tudo se valoriza na euforia que toma conta do mercado financeiro mundial.
(2 de 3)- Exame - Por Tiago Lethbridge, de Nova York | 26.11.2009 | 00h01
Entre os emergentes, nenhum país concentra tantos temores de exuberância irracional quanto a China. Primeiro, porque o país se tornou a locomotiva do crescimento mundial nos últimos dois anos. Uma escorregada chinesa, portanto, causaria convulsões no mundo inteiro. Segundo, porque a China tem todos os pré-requisitos para o nascimento de uma bolha, a começar pelo principal -- crédito farto. Para estimular a economia, o governo criou no ano passado um programa de estímulo orçado em quase 600 bilhões de dólares. Foi um sucesso. A economia chinesa cresceu 9% no terceiro trimestre, um desempenho espantoso num período de letargia no resto do mundo. Esse desempenho se deve a uma injeção de crédito na veia: o volume de empréstimos cresceu 34% de um ano para cá. Diante disso, começaram a surgir temores de que as coisas estão, na verdade, quentes demais.
O economista Paul Krugman, ganhador do Nobel de Economia do ano passado, afirmou recentemente que o excesso de crédito na economia chinesa está inflando não uma, mas diversas bolhas. Dois mercados são os principais focos de preocupação -- a bolsa e o mercado imobiliário. Segundo um estudo do governo, cerca de 20% do dinheiro do programa de estímulo foi parar diretamente no mercado acionário, criando uma alta de quase 80% no ano. Já o volume de casas vendidas cresceu 85% no país em 2009, e o preço subiu 30% em Xangai, centro financeiro do país. Em Hong Kong, o apartamento mais caro da história do país foi vendido por 57 milhões de dólares. Hoje, o preço médio das casas chinesas é equivalente a nove vezes a renda das famílias. No resto do mundo, um múltiplo de quatro vezes já seria suficiente para acender o sinal amarelo.
Apesar dos inegáveis sinais de euforia, ainda é muito cedo para afirmar que existe uma bolha, seja na China, seja em outros mercados emergentes. É preciso, antes de qualquer coisa, colocar a recente valorização em seu devido contexto. A alta das bolsas nos últimos meses foi precedida por quedas ainda maiores no fim de 2008, quando reinava a sensação de que o mundo caminharia para a nova Grande Depressão. A partir de março, quando ficou claro que os bancos americanos voltavam a ganhar dinheiro, os investidores começaram a tirar o dinheiro de debaixo de seus colchões. A valorização generalizada dos últimos meses, portanto, não tem nada de irracional -- é racional mesmo. A cotação do petróleo, que chegou aos 78 dólares após subir mais de 70% no ano, ainda está longe dos quase 150 dólares do ano passado. No caso das ações, a melhor forma de definir se um mercado está ou não hiperaquecido é observar a relação entre o preço das ações e o lucro das empresas. Quanto mais eufórico o investidor, maior é esse múltiplo. Segundo cálculos do banco de investimento Morgan Stanley, o atual múltiplo dos mercados emergentes é de 12,9 vezes o lucro previsto para o ano que vem, exatamente a mesma média dos últimos 16 anos. Com base nessa metodologia, conclui-se que os mercados emergentes não estão caros -- embora também não estejam baratos.
A mãe de todas as bolhas?
Ouro, petróleo, moedas de países emergentes, títulos da dívida iraquiana, apartamentos em Hong Kong -- tudo se valoriza na euforia que toma conta do mercado financeiro mundial.
(3 de 3)- Exame - Por Tiago Lethbridge, de Nova York | 26.11.2009 | 00h01
Uma análise mais detalhada coloca a suposta bolha chinesa em xeque. Os atuais múltiplos da bolsa de Xangai são, realmente, colossais na comparação com os outros países: 24 vezes. Parece muito, mas é pouco se for comparado com a história da própria China. Há dois anos, as ações eram negociadas a um múltiplo de 70 vezes, e a média histórica é de 37 vezes. Finalmente, o mercado imobiliário também não está tão aquecido quanto parece. Apesar da valorização dos últimos trimestres, o índice nacional de preços de casas subiu apenas 2% de um ano para cá, desempenho muito inferior ao ritmo de pelo menos 6% ao ano de 2004 a 2007. Mais uma vez, o que explica a subida atual é a descida em razão da crise do ano passado. "A bolsa e o mercado imobiliário estão se valorizando muito rápido, mas ainda não chegaram ao nível de um ano atrás", diz Andy Rothman, especialista em mercado chinês da corretora CLSA.
Mesmo que a bolha assassina descrita por Roubini e seus seguidores ainda não exista, o risco de que algo parecido com ela ganhe forma nos próximos meses é considerável. Afinal de contas, a política monetária nos países ricos continuará frouxa a perder de vista. O presidente do Fed, Ben Bernanke, já avisou que as taxas de juro nos Estados Unidos continuarão próximas de zero por um longo período. Com a economia americana capengando e o nível de desemprego superando os 10%, essa não é mesmo a melhor hora de mexer nos juros. E as pífias taxas de retorno no maior mercado do mundo serão um poderoso incentivo à busca de alternativas de investimento em outros mercados. Segundo o Instituto de Finanças Internacionais, o fluxo de dólares para mercados emergentes deve passar de 348 para 671 bilhões de dólares em 2010. "Os países emergentes estão liderando a retomada da economia mundial", diz Philip Suttle, economista-chefe do instituto. "O capital, que busca crescimento, está indo para onde tem de ir." Finalmente, os emergentes devem começar a subir seus juros antes dos países ricos, já que a retomada econômica está vindo mais cedo. Isso os tornará ainda mais atraentes para investidores estrangeiros. "O risco de distorções daqui para a frente é real", diz Suttle. A história mostra que a reversão de períodos de euforia tende a ser traumática, e país nenhum quer ser protagonista de um espetáculo desses. O governo chinês, por exemplo, já está diminuindo o nível de estímulo à economia -- o crescimento do crédito deve baixar dos 34% atuais para 20% até o fim do ano. "Para evitar um possível superaquecimento, o governo deve permitir a valorização do yuan já no primeiro semestre de 2010", diz Daniel Tenengauzer, chefe de pesquisa para mercados emergentes do Bank of America Merrill Lynch.
Para o banco central de países ricos, o surgimento de uma nova bolha mundial representa um dilema e tanto. Sob o comando de Alan Greenspan e Ben Bernanke, o Fed lavou as mãos para a bolha imobiliária americana -- para eles, cabia ao mercado julgar se os preços estavam ou não corretos. Não há, até agora, sinais de que o Fed esteja preocupado com o preço dos ativos. Pelo contrário. A queda do dólar e a valorização das bolsas parecem agradar a Bernanke. "Isso tudo ajuda a estimular a economia americana, que é sua grande preocupação", diz o economista Alan Meltzer, o mais renomado estudioso do Fed. Mas o que ele fará caso os preços entrem numa trajetória irracional de alta? Em novembro, Bernanke classificou esse dilema como o maior problema de política monetária desta década. A dúvida, sempre, é: como esvaziar uma bolha sem atrapalhar a recuperação da economia? "A situação da economia global ainda é muito frágil", diz Brad DeLong, professor de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley. Apesar do crescimento de 3,5% do último trimestre, ainda sobram dúvidas sobre a forma com que a economia americana reagirá ao fim dos programas de estímulo governamentais. O trauma causado pela queda do castelo de cartas do mercado imobiliário fez com que as bolhas entrassem no centro das preocupações do Fed. Mas tudo indica que Bernanke não vai começar a se preocupar com o surgimento de uma nova bolha até que a economia americana se recupere do estrago causado pela velha.
Ouro, petróleo, moedas de países emergentes, títulos da dívida iraquiana, apartamentos em Hong Kong -- tudo se valoriza na euforia que toma conta do mercado financeiro mundial.
(3 de 3)- Exame - Por Tiago Lethbridge, de Nova York | 26.11.2009 | 00h01
Uma análise mais detalhada coloca a suposta bolha chinesa em xeque. Os atuais múltiplos da bolsa de Xangai são, realmente, colossais na comparação com os outros países: 24 vezes. Parece muito, mas é pouco se for comparado com a história da própria China. Há dois anos, as ações eram negociadas a um múltiplo de 70 vezes, e a média histórica é de 37 vezes. Finalmente, o mercado imobiliário também não está tão aquecido quanto parece. Apesar da valorização dos últimos trimestres, o índice nacional de preços de casas subiu apenas 2% de um ano para cá, desempenho muito inferior ao ritmo de pelo menos 6% ao ano de 2004 a 2007. Mais uma vez, o que explica a subida atual é a descida em razão da crise do ano passado. "A bolsa e o mercado imobiliário estão se valorizando muito rápido, mas ainda não chegaram ao nível de um ano atrás", diz Andy Rothman, especialista em mercado chinês da corretora CLSA.
Mesmo que a bolha assassina descrita por Roubini e seus seguidores ainda não exista, o risco de que algo parecido com ela ganhe forma nos próximos meses é considerável. Afinal de contas, a política monetária nos países ricos continuará frouxa a perder de vista. O presidente do Fed, Ben Bernanke, já avisou que as taxas de juro nos Estados Unidos continuarão próximas de zero por um longo período. Com a economia americana capengando e o nível de desemprego superando os 10%, essa não é mesmo a melhor hora de mexer nos juros. E as pífias taxas de retorno no maior mercado do mundo serão um poderoso incentivo à busca de alternativas de investimento em outros mercados. Segundo o Instituto de Finanças Internacionais, o fluxo de dólares para mercados emergentes deve passar de 348 para 671 bilhões de dólares em 2010. "Os países emergentes estão liderando a retomada da economia mundial", diz Philip Suttle, economista-chefe do instituto. "O capital, que busca crescimento, está indo para onde tem de ir." Finalmente, os emergentes devem começar a subir seus juros antes dos países ricos, já que a retomada econômica está vindo mais cedo. Isso os tornará ainda mais atraentes para investidores estrangeiros. "O risco de distorções daqui para a frente é real", diz Suttle. A história mostra que a reversão de períodos de euforia tende a ser traumática, e país nenhum quer ser protagonista de um espetáculo desses. O governo chinês, por exemplo, já está diminuindo o nível de estímulo à economia -- o crescimento do crédito deve baixar dos 34% atuais para 20% até o fim do ano. "Para evitar um possível superaquecimento, o governo deve permitir a valorização do yuan já no primeiro semestre de 2010", diz Daniel Tenengauzer, chefe de pesquisa para mercados emergentes do Bank of America Merrill Lynch.
Para o banco central de países ricos, o surgimento de uma nova bolha mundial representa um dilema e tanto. Sob o comando de Alan Greenspan e Ben Bernanke, o Fed lavou as mãos para a bolha imobiliária americana -- para eles, cabia ao mercado julgar se os preços estavam ou não corretos. Não há, até agora, sinais de que o Fed esteja preocupado com o preço dos ativos. Pelo contrário. A queda do dólar e a valorização das bolsas parecem agradar a Bernanke. "Isso tudo ajuda a estimular a economia americana, que é sua grande preocupação", diz o economista Alan Meltzer, o mais renomado estudioso do Fed. Mas o que ele fará caso os preços entrem numa trajetória irracional de alta? Em novembro, Bernanke classificou esse dilema como o maior problema de política monetária desta década. A dúvida, sempre, é: como esvaziar uma bolha sem atrapalhar a recuperação da economia? "A situação da economia global ainda é muito frágil", diz Brad DeLong, professor de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley. Apesar do crescimento de 3,5% do último trimestre, ainda sobram dúvidas sobre a forma com que a economia americana reagirá ao fim dos programas de estímulo governamentais. O trauma causado pela queda do castelo de cartas do mercado imobiliário fez com que as bolhas entrassem no centro das preocupações do Fed. Mas tudo indica que Bernanke não vai começar a se preocupar com o surgimento de uma nova bolha até que a economia americana se recupere do estrago causado pela velha.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Programa Minha Casa, Minha Vida não decola
Vânia Cristino - Correio Braziliense
Entre março e novembro foram construídas 176 mil moradias, número baixo frente à meta de edificação de 1 milhão de imóveis
04/12/2009 - A Caixa Econômica Federal emprestou R$ 39,3 bilhões em crédito imobiliário de janeiro a novembro, valor 93% maior do que o volume de crédito contratado no mesmo período do ano passado. Com esse dinheiro foi possível financiar, em todo o país, 756.507 moradias, um recorde. O desempenho da instituição só não foi excepcional no programa Minha Casa, Minha Vida. Lançado pelo governo em março com a meta de construir um milhão de casas até o fim de 2010, o desempenho do programa deixou a desejar. Até 30 de novembro, a Caixa só conseguiu financiar 176.379 unidades, embora o banco garanta que possui propostas para o financiamento de outras 567 mil moradias.
Dividido uniformemente por oito meses, a Caixa conseguiu financiar, mensalmente, 22.047 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. Para chegar a um milhão de unidades, a instituição terá que acelerar o ritmo. Nos treze meses que faltam para o fim de 2010 as contratações mensais terão que triplicar, ficando em torno de 63,4 mil unidades/mês.
O vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda, disse que, com a crise econômica, o banco se viu obrigado a atuar em todos os segmentos, inclusive no financiamento habitacional com recursos da poupança, destinado à classe média. “O desempenho da Caixa reflete uma postura decisiva da instituição de manter as taxas de juros e os prazos de financiamento mesmo no auge da crise internacional”, observou. Com isso, a Caixa, que já tinha cedido espaço para os bancos privados atuarem, voltou a ser responsável por 84% do total de unidades financiadas no país. Em termos de volume de recursos aplicados, a Caixa é responsável por 74% do total disponível no mercado.
A meta do banco, segundo Hereda, é fechar 2009 com empréstimos superiores a R$ 40 bilhões. Só para o programa Minha Casa, Minha Vida, a Caixa recebeu 2.763 propostas dos empresários do setor, para a construção de 567 mil moradias. Desse total, 322.300 unidades têm como público-alvo as famílias com renda de até três salários mínimos; 138 mil de três a seis salários mínimos; e 106,7 mil unidades são voltadas para as famílias com renda entre seis e 10 salários mínimos. Das 176.379 unidades já financiadas, 102.585 imóveis foram para famílias com renda de até três mínimos.
Cerca de 42% dos R$ 39,3 bilhões foram empregados no financiamento habitacional para as famílias com renda de até cinco salários mínimos. O valor médio financiado ficou em R$ 69 mil por família. Os financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) alcançaram R$ 14,9 bilhões, um salto de 46% na comparação com o mesmo período de 2008 (R$ 10,2 bilhões). O montante foi suficiente para o atendimento de 245.229 famílias.
Com mais de dois milhões de contratos ativos, a Caixa considera que possui hoje uma carteira de crédito imobiliário jovem. Cerca de 71% do total dos empréstimos está em mãos de mutuários com até 45 anos. Outros 22% do crédito estão com mutuários com até 30 anos de idade. As mulheres são responsáveis por 37% do total da carteira, sendo que 44% delas possuem renda mensal de até três salários mínimos.
Vânia Cristino - Correio Braziliense
Entre março e novembro foram construídas 176 mil moradias, número baixo frente à meta de edificação de 1 milhão de imóveis
04/12/2009 - A Caixa Econômica Federal emprestou R$ 39,3 bilhões em crédito imobiliário de janeiro a novembro, valor 93% maior do que o volume de crédito contratado no mesmo período do ano passado. Com esse dinheiro foi possível financiar, em todo o país, 756.507 moradias, um recorde. O desempenho da instituição só não foi excepcional no programa Minha Casa, Minha Vida. Lançado pelo governo em março com a meta de construir um milhão de casas até o fim de 2010, o desempenho do programa deixou a desejar. Até 30 de novembro, a Caixa só conseguiu financiar 176.379 unidades, embora o banco garanta que possui propostas para o financiamento de outras 567 mil moradias.
Dividido uniformemente por oito meses, a Caixa conseguiu financiar, mensalmente, 22.047 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. Para chegar a um milhão de unidades, a instituição terá que acelerar o ritmo. Nos treze meses que faltam para o fim de 2010 as contratações mensais terão que triplicar, ficando em torno de 63,4 mil unidades/mês.
O vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda, disse que, com a crise econômica, o banco se viu obrigado a atuar em todos os segmentos, inclusive no financiamento habitacional com recursos da poupança, destinado à classe média. “O desempenho da Caixa reflete uma postura decisiva da instituição de manter as taxas de juros e os prazos de financiamento mesmo no auge da crise internacional”, observou. Com isso, a Caixa, que já tinha cedido espaço para os bancos privados atuarem, voltou a ser responsável por 84% do total de unidades financiadas no país. Em termos de volume de recursos aplicados, a Caixa é responsável por 74% do total disponível no mercado.
A meta do banco, segundo Hereda, é fechar 2009 com empréstimos superiores a R$ 40 bilhões. Só para o programa Minha Casa, Minha Vida, a Caixa recebeu 2.763 propostas dos empresários do setor, para a construção de 567 mil moradias. Desse total, 322.300 unidades têm como público-alvo as famílias com renda de até três salários mínimos; 138 mil de três a seis salários mínimos; e 106,7 mil unidades são voltadas para as famílias com renda entre seis e 10 salários mínimos. Das 176.379 unidades já financiadas, 102.585 imóveis foram para famílias com renda de até três mínimos.
Cerca de 42% dos R$ 39,3 bilhões foram empregados no financiamento habitacional para as famílias com renda de até cinco salários mínimos. O valor médio financiado ficou em R$ 69 mil por família. Os financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) alcançaram R$ 14,9 bilhões, um salto de 46% na comparação com o mesmo período de 2008 (R$ 10,2 bilhões). O montante foi suficiente para o atendimento de 245.229 famílias.
Com mais de dois milhões de contratos ativos, a Caixa considera que possui hoje uma carteira de crédito imobiliário jovem. Cerca de 71% do total dos empréstimos está em mãos de mutuários com até 45 anos. Outros 22% do crédito estão com mutuários com até 30 anos de idade. As mulheres são responsáveis por 37% do total da carteira, sendo que 44% delas possuem renda mensal de até três salários mínimos.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Cyrela é construtora que mais lucra na América Latina e EUA
Folha de São Paulo, 26/nov
A construtora e incorporadora Cyrela Realty é a empresa mais lucrativa do setor entre as companhias semelhantes da América Latina e Estados Unidos, de acordo com levantamento da consultoria Economática.
Para a pesquisa, que considera somente as empresas de capital, a Economática listou as companhias de construção de edifícios residenciais e de empreendimentos imobiliários e destacou as 20 mais lucrativas no terceiro trimestre de 2009.
A Cyrela registrou lucro de US$ 148,5 milhões. Em seguida vem a NVR (US$ 72,1 milhões), dos EUA. Entre as 20 mais lucrativas, há 12 empresas brasileiras, quatro mexicanas, três americanas e uma peruana.
Na análise da margem liquida das 20 mais lucrativas, a Agra Incorporadora tem o melhor desempenho, com 62,54%. As oito primeiras da lista são brasileiras.
A Economática informou que, para calcular os lucros em dólares, foram divididos os resultados do trimestre pelo dólar de 30 de setembro. No Brasil foi utilizada a cotação do dólar para venda.
Folha de São Paulo, 26/nov
A construtora e incorporadora Cyrela Realty é a empresa mais lucrativa do setor entre as companhias semelhantes da América Latina e Estados Unidos, de acordo com levantamento da consultoria Economática.
Para a pesquisa, que considera somente as empresas de capital, a Economática listou as companhias de construção de edifícios residenciais e de empreendimentos imobiliários e destacou as 20 mais lucrativas no terceiro trimestre de 2009.
A Cyrela registrou lucro de US$ 148,5 milhões. Em seguida vem a NVR (US$ 72,1 milhões), dos EUA. Entre as 20 mais lucrativas, há 12 empresas brasileiras, quatro mexicanas, três americanas e uma peruana.
Na análise da margem liquida das 20 mais lucrativas, a Agra Incorporadora tem o melhor desempenho, com 62,54%. As oito primeiras da lista são brasileiras.
A Economática informou que, para calcular os lucros em dólares, foram divididos os resultados do trimestre pelo dólar de 30 de setembro. No Brasil foi utilizada a cotação do dólar para venda.
O conquistador espanhol
O empresário Enrique Bañuelos viveu uma infância miserável, tornou-se um dos 100 homens mais ricos do mundo e viu seu império desmoronar na Europa. Agora, tenta reconstruir a fortuna num dos mais pujantes mercados imobiliários do mundo - o do Brasil
Por Marcelo Onaga | 12.11.2009 | 00h01 Exame/negócios
Há um ano, o setor imobiliário brasileiro estava envolto em incertezas. Depois de um período de crescimento exuberante, as empresas - grandes e pequenas - se viram diante de uma crise que prometia mudar a cara do mercado para pior e que parecia ter potencial para varrer do mapa companhias enfraquecidas financeiramente.
Empreendimentos eram cancelados, demissões ocorriam às centenas, bancos restringiam ao máximo a concessão de crédito. As projeções de especialistas eram sombrias. Perdida em meio aos índices e atarantada com o que acontecia no mundo, a maioria deles previa um período de seca longo e severo. Foi nessa hora de medo que o mercado imobiliário se viu diante de um novo e enigmático personagem. O espanhol Enrique Bañuelos de Castro, investidor tão rico quanto polêmico, chegou ao Brasil no final de 2008 com o objetivo de comprar empresas e criar uma incorporadora capaz de concorrer com potências como a Cyrela, de Elie Horn, e a Gafisa, que tem entre seus acionistas o investidor americano Sam Zell. Nascido em Sagunto, cidadezinha costeira de 60 000 habitantes localizada na região de Valência, 43 anos, cerca de 1,70 metro de altura, discurso sedutor e olhar determinado, Bañuelos desembarcou em São Paulo com uma fortuna pessoal de cerca de 2 bilhões de dólares -- e a incômoda fama de ter sido o protagonista do processo de criação e destruição de uma bolha que derrubou o mercado imobiliário espanhol em 2007. "Quando ele chegou, fiquei apreensivo, como a maioria das pessoas do setor", diz Sérgio Carettoni, sócio da paulista GAS Investimentos, que tem participações minoritárias em diversas incorporadoras brasileiras.
Quase um ano se passou e a crise fez estragos muito menores do que os previstos pelos analistas. O mercado imobiliário brasileiro continuou a ser um dos mais pujantes do mundo - e hoje os analistas recomendam com ênfase as ações das empresas do setor. Bañuelos, porém, soube aproveitar melhor do que ninguém o período de medo. Nos últimos meses, sua empresa, a Veremonte Participações, investiu cerca de 500 milhões de reais em quatro aquisições. Em dezembro de 2008, comprou uma participação de 7% na Agra, incorporadora paulista controlada pelo empresário Luiz Roberto Silveira Pinto. Na sequência, adquiriu o controle da Abyara e da Klabin Segall, companhias de médio porte que enfrentavam problemas de caixa e estavam à beira de um colapso. Em setembro, Bañuelos e Silveira Pinto adquiriram os 20% de participação que Elie Horn, dono da Cyrela, possuía na Agra. Finalmente, há poucas semanas, Bañuelos reuniu todas essas companhias sob um novo nome - Agre, que nasce como a quinta maior empresa de um setor gigantesco, que movimenta 180 bilhões de reais ao ano e é responsável por 6,2% do PIB brasileiro.
A expectativa das incorporadoras e imobiliárias é que a maior oferta de crédito, a retomada do consumo pelas classes A e B e o impulso do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, deem início a um dos períodos mais prósperos da história do setor e transformem o mercado brasileiro num dos maiores campos de oportunidades do mundo nos próximos anos. "Em 2010, o volume de lançamentos deve chegar perto do que foi em 2007 e 2008, quando as vendas foram muito fortes", diz Cristiane Amaral, sócia da consultoria Ernst&Young responsável pela área de construção civil.
Em entrevista exclusiva a EXAME - a primeira a uma publicação brasileira -, Bañuelos diz que sua investida no setor imobiliário é só o começo. "O Brasil é o grande país emergente do momento", diz. "Para quem quer fazer negócios, está à frente, inclusive, da China."
Sob muitos aspectos, o espanhol Bañuelos é a personificação do investidor estrangeiro que começa a descobrir o país como um lugar para colocar dinheiro e fazer negócios. Como recentemente afirmou Marcelo Telles, um dos controladores da cervejaria AB InBev: "Nunca vi tanto entusiasmo em relação ao Brasil". No ano passado, os investimentos estrangeiros diretos (aqueles dirigidos ao setor produtivo) somaram 45 bilhões de dólares, volume 350% maior do que os 10 bilhões de dólares investidos em 2003.
Bañuelos também afirma que o setor imobiliário deve ser o primeiro de uma série de outros que receberão dinheiro da Veremonte. Ele acaba de fechar duas parcerias que vão transformá-lo no maior empresário do setor hoteleiro do Brasil. Uma delas é com a francesa Accor. "Juntos, vamos investir 480 milhões de reais na construção de 4 880quartos de hotéis populares", afirma Bañuelos. "A administração ficará com a Accor." Os hotéis econômicos devem ficar prontos em três anos e serão erguidos em cidades interioranas e em pequenas capitais. Bañuelos pretende, assim, ganhar com o crescimento regional de um país no qual a atividade econômica ainda se concentra no eixo Rio-São Paulo, mas começa a emergir no interior.
A outra parceria é com a família real dos Emirados Árabes, controladora da rede de hotéis Jumeirah, dona, entre outros, do Burj Al Arab, cartão-postal de Dubai. Bañuelos construirá, em parceria com os xeiques, 1 000 quartos de hotéis de luxo. Os empreendimentos -- hotéis de cinco e seis estrelas -- serão erguidos no Rio de Janeiro. Bañuelos, nesse caso, enxerga as oportunidades da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016.
Entre seus alvos de aquisição no setor imobiliário está também o complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, na Bahia. O negócio quase foi fechado no ano passado. (Além de aumentar sua atuação no setor de imóvel, o Costa do Sauípe o ajudaria a entrar na área de turismo. Outro alvo, nesse setor, seria a CVC, maior operadora do país.)
Filho de um operário de uma companhia siderúrgica que morreu quando ele tinha 9 anos de idade e de uma dona de casa, Bañuelos é descrito por seus amigos como um homem ambicioso. E como um megalômano por seus críticos e inimigos. "Ele pensa grande, fala como se fazer negócios milionários fosse fácil", diz um empresário do setor imobiliário, com faturamento de mais de 1 bilhão de reais por ano e que recentemente foi procurado pelo espanhol. "Sua postura assusta."
Bañuelos, de fato, é profícuo ao perfilar seus planos de investimento. Envolve seus interlocutores com discursos cheios de entusiasmo e planos ambiciosos. O setor imobiliário seria apenas um entre seus vários investimentos no Brasil.
Segundo ele, em 2010 a Veremonte investirá 2 bilhões de reais em negócios ligados às áreas de saúde, energia, infraestrutura, shopping centers, meio ambiente, alimentação e financiamento imobiliário. O dinheiro não virá todo de sua fortuna pessoal, diz Bañuelos. Boa parte dos recursos aplicados será de fundos de investimento americanos, europeus, árabes e chineses - ele não revela os nomes.
Sua investida em vários setores - não por acaso, todos apontados como de grande potencial de crescimento nos próximos anos - pode ser tachada de falta de foco ou de arrivismo. Para Bañuelos, porém, é pura estratégia. "Sempre começo as atividades em um país pelo setor imobiliário", afirma. "Depois, parto para outros setores." Foi assim que ele fez na Espanha, onde, depois de criar a Astroc, sua incorporadora imobiliária, investiu na companhia energética Union Fenosa, no banco Sabadell e na companhia de táxi aéreo Rentalia. Agora, repete o roteiro no Brasil, em países do Leste Europeu, no Oriente Médio e na China.
Desde que deixou a Espanha, em 2007, Bañuelos decidiu aliar-se a parceiros locais e ficar fora da gestão das companhias nas quais investe. Ele também não participa dos conselhos de administração. Para diversos executivos ouvidos por EXAME, essa seria a forma de evitar que sua imagem de empresário polêmico - adquirida após o rompimento da bolha imobiliária espanhola - contamine os negócios no Brasil. "Muitas empresas e bancos não querem fazer negócios com ele por desconfiança", diz um executivo de uma grande incorporadora.
Para os espanhóis, Bañuelos passou rapidamente de um fenômeno de mobilidade social e empreendedorismo a personagem vital da atual crise financeira. Em 2006, a Astroc, especializada em imóveis de veraneio na costa de Valência, havia se tornado uma das maiores incorporadoras do país. Na época, sua especialidade era comprar terrenos em áreas rurais que, mais tarde, eram transformadas em regiões urbanas. Com a farra mundial de crédito, espanhóis, ingleses e nórdicos passaram a comprar sua segunda casa na região. A Astroc explodiu. No início de 2006, Bañuelos abriu o capital da companhia com o projeto de transformá-la num negócio nacional. No IPO, 25% das ações ofertadas foram compradas por grandes investidores institucionais, como o empresário espanhol Amâncio Ortega, dono da rede varejista Zara. Lançadas a 9 dólares, as ações atingiram 98 dólares menos de nove meses depois. A procura motivou a Astroc a fazer uma nova oferta, mantendo 51% do capital. Bañuelos foi alçado à posição de terceiro homem mais rico da Espanha e 95º homem mais rico do mundo, com uma fortuna de 7,7 bilhões de dólares, segundo a revista americana Forbes. Em 2006, ao inaugurar sua fundação voltada para projetos sociais e artísticos em Nova York, ofereceu uma paella a 28 000 pessoas convidadas ou que passavam pelo Central Park.
O sonho começaria a ruir em março de 2007, quando as ações da Astroc se tornaram alvo de forte especulação e começaram a despencar. Um mês depois, valiam 4 dólares, obrigando Bañuelos a deixar o comando da empresa. No dia seguinte à sua saída, os papéis valorizaram 39%. Com a queda, o empresário tornou-se uma espécie de inimigo público do país. O advogado Felipe Izquierdo entrou com uma ação na Justiça espanhola acusando Bañuelos de fraude em balanços e de fazer transações com partes relacionadas para valorizar as ações da Astroc. Izquierdo representaria 50 investidores (ele não revela os nomes) e calcula ter perdido 20 000 euros com as ações da Astroc. O processo foi arquivado, reaberto e até hoje não foi julgado.
Atualmente, Bañuelos tem menos de 5% das ações da Afirma, empresa que sucedeu a Astroc, e vendeu sua participação de 4% no banco Sabadell. Ele põe na conta do conservadorismo espanhol os ataques sofridos desde o estouro da bolha. Para Bañuelos, a alta sociedade do país nunca teria visto com bons olhos o filho de um operário, sem nenhuma tradição, se tornar um dos homens mais ricos do mundo.
Apesar de sua distância do dia a dia das empresas, seria um erro tratar Bañuelos como mero investidor institucional. É ele quem define a estratégia e o plano de crescimento de suas companhias. Depois, entrega a execução às pessoas que escolheu.
No Brasil, Bañuelos elegeu dois homens de confiança. Um deles é Marcelo Parachinni, ex-vice-presidente do banco Santander na Espanha e principal executivo da Veremonte. É ele quem busca novos negócios para que o espanhol invista. O outro é Silveira Pinto, seu sócio na Agre. Fundador da Agra, ele é considerado pelo setor um dos grandes gestores de incorporadoras no país. Sua credibilidade com os bancos também foi decisiva na escolha da parceria. Coube a Silveira Pinto acertar a compra da Abyara e da Klabin Segall e renegociar suas dívidas, de mais de 1,2 bilhão de reais, com os bancos.
A compra das duas incorporadoras revelou a forma arrojada como Bañuelos e seus enviados fazem negócios. Não houve processos de auditoria em nenhuma das companhias. A situação de caixa de ambas era crítica e foi necessária uma ação rápida. "Eles assumiram o risco e aproveitaram um momento de preços muito baixos para comprar duas empresas boas que enfrentavam problemas", diz Eduardo Silveira, analista de construção civil do Banco Fator.
A derrocada cinematográfica em seu país natal, a Espanha, representou para Bañuelos não apenas uma mudança em sua estratégia de negócios como também afetou profundamente sua vida pessoal. A sede da Veremonte passou a ser Londres. É de lá que o jato executivo Gulfstream 550 da Rentalia decola para levá-lo a diversos pontos do mundo. Seu destino mais frequente é o Brasil, onde já passou 160 dias deste ano. Até o final de outubro, Bañuelos costumava se hospedar em hotéis paulistanos durante as visitas ao país. Há poucas semanas, mudou-se para uma cobertura na Vila Nova Conceição, bairro nobre ao lado do Parque Ibirapuera (adepto de meias maratonas, o empresário corre no parque vizinho sempre que pode). Seu lazer quando está no país se resume a passeios a pé pelas ruas de São Paulo. "Gosto de andar e não sei dirigir. Então caminho muito." Sua família continua morando em Valência. A mulher trabalha para o governo como fiscal de renda. As filhas, de 9 e 11anos de idade, estudam em uma escola comum, têm aulas particulares de mandarim e uma vida tão comum quanto garotas bilionárias podem ter. "Quero que elas cresçam como crianças normais", diz Bañuelos. Para matar a saudade, o empresário fala com as meninas duas vezes por dia por videoconferência. Nos fins de semana, ele voa para Valência ou a família se desloca para Londres.
O estilo de vida confortável que Bañuelos pode oferecer às filhas contrasta com sua infância difícil. Após a morte do pai, vítima de um acidente de trabalho, ele, a mãe e a irmã passaram por dificuldades financeiras. A empresa onde o pai trabalhara pagou seus estudos, mas não havia renda suficiente para as demais necessidades da família. "Muitas vezes a comida acabava antes de o mês terminar", diz ele. Aos 16 anos, juntamente com três amigos, ele abriu seu primeiro negócio, a Miel de Luna, uma pequena fabricante de mel. Aos 19, criou uma imobiliária. Uma década depois, sua empresa já tinha um tamanho respeitável. Começa, assim, sua vida de investidor no mercado de imóveis. Em 2005, sua empresa valia 1 bilhão de dólares.
Bañuelos venceu a miséria, sobreviveu, embora chamuscado, ao colapso no mercado espanhol e agora, aos 43 anos de idade, tenta repetir seu período de fausto no Brasil. "Aos poucos ele foi mostrando seus planos, investindo dinheiro próprio e vencendo a desconfiança", diz Sérgio Carettoni, acionista minoritário da Agre. Mas o próprio Bañuelos sabe que, para afastar as nuvens que o cercam, ele precisará fazer, de seus planos, negócios reais.
O empresário Enrique Bañuelos viveu uma infância miserável, tornou-se um dos 100 homens mais ricos do mundo e viu seu império desmoronar na Europa. Agora, tenta reconstruir a fortuna num dos mais pujantes mercados imobiliários do mundo - o do Brasil
Por Marcelo Onaga | 12.11.2009 | 00h01 Exame/negócios
Há um ano, o setor imobiliário brasileiro estava envolto em incertezas. Depois de um período de crescimento exuberante, as empresas - grandes e pequenas - se viram diante de uma crise que prometia mudar a cara do mercado para pior e que parecia ter potencial para varrer do mapa companhias enfraquecidas financeiramente.
Empreendimentos eram cancelados, demissões ocorriam às centenas, bancos restringiam ao máximo a concessão de crédito. As projeções de especialistas eram sombrias. Perdida em meio aos índices e atarantada com o que acontecia no mundo, a maioria deles previa um período de seca longo e severo. Foi nessa hora de medo que o mercado imobiliário se viu diante de um novo e enigmático personagem. O espanhol Enrique Bañuelos de Castro, investidor tão rico quanto polêmico, chegou ao Brasil no final de 2008 com o objetivo de comprar empresas e criar uma incorporadora capaz de concorrer com potências como a Cyrela, de Elie Horn, e a Gafisa, que tem entre seus acionistas o investidor americano Sam Zell. Nascido em Sagunto, cidadezinha costeira de 60 000 habitantes localizada na região de Valência, 43 anos, cerca de 1,70 metro de altura, discurso sedutor e olhar determinado, Bañuelos desembarcou em São Paulo com uma fortuna pessoal de cerca de 2 bilhões de dólares -- e a incômoda fama de ter sido o protagonista do processo de criação e destruição de uma bolha que derrubou o mercado imobiliário espanhol em 2007. "Quando ele chegou, fiquei apreensivo, como a maioria das pessoas do setor", diz Sérgio Carettoni, sócio da paulista GAS Investimentos, que tem participações minoritárias em diversas incorporadoras brasileiras.
Quase um ano se passou e a crise fez estragos muito menores do que os previstos pelos analistas. O mercado imobiliário brasileiro continuou a ser um dos mais pujantes do mundo - e hoje os analistas recomendam com ênfase as ações das empresas do setor. Bañuelos, porém, soube aproveitar melhor do que ninguém o período de medo. Nos últimos meses, sua empresa, a Veremonte Participações, investiu cerca de 500 milhões de reais em quatro aquisições. Em dezembro de 2008, comprou uma participação de 7% na Agra, incorporadora paulista controlada pelo empresário Luiz Roberto Silveira Pinto. Na sequência, adquiriu o controle da Abyara e da Klabin Segall, companhias de médio porte que enfrentavam problemas de caixa e estavam à beira de um colapso. Em setembro, Bañuelos e Silveira Pinto adquiriram os 20% de participação que Elie Horn, dono da Cyrela, possuía na Agra. Finalmente, há poucas semanas, Bañuelos reuniu todas essas companhias sob um novo nome - Agre, que nasce como a quinta maior empresa de um setor gigantesco, que movimenta 180 bilhões de reais ao ano e é responsável por 6,2% do PIB brasileiro.
A expectativa das incorporadoras e imobiliárias é que a maior oferta de crédito, a retomada do consumo pelas classes A e B e o impulso do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, deem início a um dos períodos mais prósperos da história do setor e transformem o mercado brasileiro num dos maiores campos de oportunidades do mundo nos próximos anos. "Em 2010, o volume de lançamentos deve chegar perto do que foi em 2007 e 2008, quando as vendas foram muito fortes", diz Cristiane Amaral, sócia da consultoria Ernst&Young responsável pela área de construção civil.
Em entrevista exclusiva a EXAME - a primeira a uma publicação brasileira -, Bañuelos diz que sua investida no setor imobiliário é só o começo. "O Brasil é o grande país emergente do momento", diz. "Para quem quer fazer negócios, está à frente, inclusive, da China."
Sob muitos aspectos, o espanhol Bañuelos é a personificação do investidor estrangeiro que começa a descobrir o país como um lugar para colocar dinheiro e fazer negócios. Como recentemente afirmou Marcelo Telles, um dos controladores da cervejaria AB InBev: "Nunca vi tanto entusiasmo em relação ao Brasil". No ano passado, os investimentos estrangeiros diretos (aqueles dirigidos ao setor produtivo) somaram 45 bilhões de dólares, volume 350% maior do que os 10 bilhões de dólares investidos em 2003.
Bañuelos também afirma que o setor imobiliário deve ser o primeiro de uma série de outros que receberão dinheiro da Veremonte. Ele acaba de fechar duas parcerias que vão transformá-lo no maior empresário do setor hoteleiro do Brasil. Uma delas é com a francesa Accor. "Juntos, vamos investir 480 milhões de reais na construção de 4 880quartos de hotéis populares", afirma Bañuelos. "A administração ficará com a Accor." Os hotéis econômicos devem ficar prontos em três anos e serão erguidos em cidades interioranas e em pequenas capitais. Bañuelos pretende, assim, ganhar com o crescimento regional de um país no qual a atividade econômica ainda se concentra no eixo Rio-São Paulo, mas começa a emergir no interior.
A outra parceria é com a família real dos Emirados Árabes, controladora da rede de hotéis Jumeirah, dona, entre outros, do Burj Al Arab, cartão-postal de Dubai. Bañuelos construirá, em parceria com os xeiques, 1 000 quartos de hotéis de luxo. Os empreendimentos -- hotéis de cinco e seis estrelas -- serão erguidos no Rio de Janeiro. Bañuelos, nesse caso, enxerga as oportunidades da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016.
Entre seus alvos de aquisição no setor imobiliário está também o complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, na Bahia. O negócio quase foi fechado no ano passado. (Além de aumentar sua atuação no setor de imóvel, o Costa do Sauípe o ajudaria a entrar na área de turismo. Outro alvo, nesse setor, seria a CVC, maior operadora do país.)
Filho de um operário de uma companhia siderúrgica que morreu quando ele tinha 9 anos de idade e de uma dona de casa, Bañuelos é descrito por seus amigos como um homem ambicioso. E como um megalômano por seus críticos e inimigos. "Ele pensa grande, fala como se fazer negócios milionários fosse fácil", diz um empresário do setor imobiliário, com faturamento de mais de 1 bilhão de reais por ano e que recentemente foi procurado pelo espanhol. "Sua postura assusta."
Bañuelos, de fato, é profícuo ao perfilar seus planos de investimento. Envolve seus interlocutores com discursos cheios de entusiasmo e planos ambiciosos. O setor imobiliário seria apenas um entre seus vários investimentos no Brasil.
Segundo ele, em 2010 a Veremonte investirá 2 bilhões de reais em negócios ligados às áreas de saúde, energia, infraestrutura, shopping centers, meio ambiente, alimentação e financiamento imobiliário. O dinheiro não virá todo de sua fortuna pessoal, diz Bañuelos. Boa parte dos recursos aplicados será de fundos de investimento americanos, europeus, árabes e chineses - ele não revela os nomes.
Sua investida em vários setores - não por acaso, todos apontados como de grande potencial de crescimento nos próximos anos - pode ser tachada de falta de foco ou de arrivismo. Para Bañuelos, porém, é pura estratégia. "Sempre começo as atividades em um país pelo setor imobiliário", afirma. "Depois, parto para outros setores." Foi assim que ele fez na Espanha, onde, depois de criar a Astroc, sua incorporadora imobiliária, investiu na companhia energética Union Fenosa, no banco Sabadell e na companhia de táxi aéreo Rentalia. Agora, repete o roteiro no Brasil, em países do Leste Europeu, no Oriente Médio e na China.
Desde que deixou a Espanha, em 2007, Bañuelos decidiu aliar-se a parceiros locais e ficar fora da gestão das companhias nas quais investe. Ele também não participa dos conselhos de administração. Para diversos executivos ouvidos por EXAME, essa seria a forma de evitar que sua imagem de empresário polêmico - adquirida após o rompimento da bolha imobiliária espanhola - contamine os negócios no Brasil. "Muitas empresas e bancos não querem fazer negócios com ele por desconfiança", diz um executivo de uma grande incorporadora.
Para os espanhóis, Bañuelos passou rapidamente de um fenômeno de mobilidade social e empreendedorismo a personagem vital da atual crise financeira. Em 2006, a Astroc, especializada em imóveis de veraneio na costa de Valência, havia se tornado uma das maiores incorporadoras do país. Na época, sua especialidade era comprar terrenos em áreas rurais que, mais tarde, eram transformadas em regiões urbanas. Com a farra mundial de crédito, espanhóis, ingleses e nórdicos passaram a comprar sua segunda casa na região. A Astroc explodiu. No início de 2006, Bañuelos abriu o capital da companhia com o projeto de transformá-la num negócio nacional. No IPO, 25% das ações ofertadas foram compradas por grandes investidores institucionais, como o empresário espanhol Amâncio Ortega, dono da rede varejista Zara. Lançadas a 9 dólares, as ações atingiram 98 dólares menos de nove meses depois. A procura motivou a Astroc a fazer uma nova oferta, mantendo 51% do capital. Bañuelos foi alçado à posição de terceiro homem mais rico da Espanha e 95º homem mais rico do mundo, com uma fortuna de 7,7 bilhões de dólares, segundo a revista americana Forbes. Em 2006, ao inaugurar sua fundação voltada para projetos sociais e artísticos em Nova York, ofereceu uma paella a 28 000 pessoas convidadas ou que passavam pelo Central Park.
O sonho começaria a ruir em março de 2007, quando as ações da Astroc se tornaram alvo de forte especulação e começaram a despencar. Um mês depois, valiam 4 dólares, obrigando Bañuelos a deixar o comando da empresa. No dia seguinte à sua saída, os papéis valorizaram 39%. Com a queda, o empresário tornou-se uma espécie de inimigo público do país. O advogado Felipe Izquierdo entrou com uma ação na Justiça espanhola acusando Bañuelos de fraude em balanços e de fazer transações com partes relacionadas para valorizar as ações da Astroc. Izquierdo representaria 50 investidores (ele não revela os nomes) e calcula ter perdido 20 000 euros com as ações da Astroc. O processo foi arquivado, reaberto e até hoje não foi julgado.
Atualmente, Bañuelos tem menos de 5% das ações da Afirma, empresa que sucedeu a Astroc, e vendeu sua participação de 4% no banco Sabadell. Ele põe na conta do conservadorismo espanhol os ataques sofridos desde o estouro da bolha. Para Bañuelos, a alta sociedade do país nunca teria visto com bons olhos o filho de um operário, sem nenhuma tradição, se tornar um dos homens mais ricos do mundo.
Apesar de sua distância do dia a dia das empresas, seria um erro tratar Bañuelos como mero investidor institucional. É ele quem define a estratégia e o plano de crescimento de suas companhias. Depois, entrega a execução às pessoas que escolheu.
No Brasil, Bañuelos elegeu dois homens de confiança. Um deles é Marcelo Parachinni, ex-vice-presidente do banco Santander na Espanha e principal executivo da Veremonte. É ele quem busca novos negócios para que o espanhol invista. O outro é Silveira Pinto, seu sócio na Agre. Fundador da Agra, ele é considerado pelo setor um dos grandes gestores de incorporadoras no país. Sua credibilidade com os bancos também foi decisiva na escolha da parceria. Coube a Silveira Pinto acertar a compra da Abyara e da Klabin Segall e renegociar suas dívidas, de mais de 1,2 bilhão de reais, com os bancos.
A compra das duas incorporadoras revelou a forma arrojada como Bañuelos e seus enviados fazem negócios. Não houve processos de auditoria em nenhuma das companhias. A situação de caixa de ambas era crítica e foi necessária uma ação rápida. "Eles assumiram o risco e aproveitaram um momento de preços muito baixos para comprar duas empresas boas que enfrentavam problemas", diz Eduardo Silveira, analista de construção civil do Banco Fator.
A derrocada cinematográfica em seu país natal, a Espanha, representou para Bañuelos não apenas uma mudança em sua estratégia de negócios como também afetou profundamente sua vida pessoal. A sede da Veremonte passou a ser Londres. É de lá que o jato executivo Gulfstream 550 da Rentalia decola para levá-lo a diversos pontos do mundo. Seu destino mais frequente é o Brasil, onde já passou 160 dias deste ano. Até o final de outubro, Bañuelos costumava se hospedar em hotéis paulistanos durante as visitas ao país. Há poucas semanas, mudou-se para uma cobertura na Vila Nova Conceição, bairro nobre ao lado do Parque Ibirapuera (adepto de meias maratonas, o empresário corre no parque vizinho sempre que pode). Seu lazer quando está no país se resume a passeios a pé pelas ruas de São Paulo. "Gosto de andar e não sei dirigir. Então caminho muito." Sua família continua morando em Valência. A mulher trabalha para o governo como fiscal de renda. As filhas, de 9 e 11anos de idade, estudam em uma escola comum, têm aulas particulares de mandarim e uma vida tão comum quanto garotas bilionárias podem ter. "Quero que elas cresçam como crianças normais", diz Bañuelos. Para matar a saudade, o empresário fala com as meninas duas vezes por dia por videoconferência. Nos fins de semana, ele voa para Valência ou a família se desloca para Londres.
O estilo de vida confortável que Bañuelos pode oferecer às filhas contrasta com sua infância difícil. Após a morte do pai, vítima de um acidente de trabalho, ele, a mãe e a irmã passaram por dificuldades financeiras. A empresa onde o pai trabalhara pagou seus estudos, mas não havia renda suficiente para as demais necessidades da família. "Muitas vezes a comida acabava antes de o mês terminar", diz ele. Aos 16 anos, juntamente com três amigos, ele abriu seu primeiro negócio, a Miel de Luna, uma pequena fabricante de mel. Aos 19, criou uma imobiliária. Uma década depois, sua empresa já tinha um tamanho respeitável. Começa, assim, sua vida de investidor no mercado de imóveis. Em 2005, sua empresa valia 1 bilhão de dólares.
Bañuelos venceu a miséria, sobreviveu, embora chamuscado, ao colapso no mercado espanhol e agora, aos 43 anos de idade, tenta repetir seu período de fausto no Brasil. "Aos poucos ele foi mostrando seus planos, investindo dinheiro próprio e vencendo a desconfiança", diz Sérgio Carettoni, acionista minoritário da Agre. Mas o próprio Bañuelos sabe que, para afastar as nuvens que o cercam, ele precisará fazer, de seus planos, negócios reais.
STJ suspende ações por perdas com planos econômicos
Por Mariângela Gallucci - 25.11.09
Brasília - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que todas as ações individuais de poupadores que reivindicam o pagamento de perdas decorrentes de planos econômicos devem ficar suspensas até que seja tomada uma decisão sobre o assunto em ações coletivas. Há estimativas de que existam cerca de 700 mil ações individuais nas quais correntistas cobram supostos prejuízos.
O STJ concluiu que no caso de existir uma ação coletiva instaurada antecipadamente, todos os processos individuais referentes ao caso devem ficar suspensos até que o tribunal analise qual índice de correção deve ser aplicado.
O Tribunal chegou a essa conclusão ao julgar um recurso de um correntista que teve a sua ação suspensa pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. De acordo com o poupador, esperar que o Judiciário decida a ação coletiva pode adiar a conclusão do seu processo.
No seu voto, o ministro relator, Sidnei Beneti, afirmou que o sistema processual brasileiro vem buscando soluções para o julgamento de processos repetitivos. Segundo ele, depois do julgamento da ação coletiva, o processo individual poderá ser julgado logo, de acordo com o entendimento que prevaleceu no julgamento da ação civil pública.
"O enfoque jurisdicional dos processos repetitivos vem decididamente no sentido de fazer agrupar a macro-lide neles contida, a qual em cada um deles identicamente se repete, em poucos processos, suficientes para o conhecimento e a decisão de todos as aspectos, de modo a cumprir-se a prestação jurisdicional sem verdadeira inundação dos órgãos judiciários pela massa de processos individuais, que, por vezes às centenas de milhares, inviabilizam a atuação judiciária", afirmou Beneti durante o julgamento.
Por Mariângela Gallucci - 25.11.09
Brasília - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que todas as ações individuais de poupadores que reivindicam o pagamento de perdas decorrentes de planos econômicos devem ficar suspensas até que seja tomada uma decisão sobre o assunto em ações coletivas. Há estimativas de que existam cerca de 700 mil ações individuais nas quais correntistas cobram supostos prejuízos.
O STJ concluiu que no caso de existir uma ação coletiva instaurada antecipadamente, todos os processos individuais referentes ao caso devem ficar suspensos até que o tribunal analise qual índice de correção deve ser aplicado.
O Tribunal chegou a essa conclusão ao julgar um recurso de um correntista que teve a sua ação suspensa pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. De acordo com o poupador, esperar que o Judiciário decida a ação coletiva pode adiar a conclusão do seu processo.
No seu voto, o ministro relator, Sidnei Beneti, afirmou que o sistema processual brasileiro vem buscando soluções para o julgamento de processos repetitivos. Segundo ele, depois do julgamento da ação coletiva, o processo individual poderá ser julgado logo, de acordo com o entendimento que prevaleceu no julgamento da ação civil pública.
"O enfoque jurisdicional dos processos repetitivos vem decididamente no sentido de fazer agrupar a macro-lide neles contida, a qual em cada um deles identicamente se repete, em poucos processos, suficientes para o conhecimento e a decisão de todos as aspectos, de modo a cumprir-se a prestação jurisdicional sem verdadeira inundação dos órgãos judiciários pela massa de processos individuais, que, por vezes às centenas de milhares, inviabilizam a atuação judiciária", afirmou Beneti durante o julgamento.
sábado, 14 de novembro de 2009
Cadastro desafia administradoras de condomínios
Valor Econômico, 13/nov
O Débito Direto Autorizado (DDA) trará benefícios às administradoras de condomínios e aos clientes, mas há desafios a resolver, avaliam os empresários do ramo. Uma das maiores dificuldades é a atualização do cadastro. O Secovi-SP, sindicato que representa 40 mil empresas do setor imobiliário e de condomínios do estado de São Paulo, estima que a adaptação pode levar de um a dois anos. Para empresas que já trabalham com boletos de cobrança escriturada, aderir ao DDA é relativamente simples, mas alguns ajustes são necessários, como no caso de pagamentos com descontos especiais ou pagamentos depois do vencimento do boleto.
"O centro da questão é anterior ao DDA e está relacionado ao cadastro", diz a gerente de marketing da Lello Condomínios, Angélica Arbex. "Legalmente, o responsável pelo pagamento da cota condominial é o proprietário que consta no registro de imóveis de cada unidade autônoma, mas este é um cadastro dinâmico, pois os imóveis são comercializados e são alteradas as titularidades", explica. A Lello montou uma força-tarefa para atualizar e conferir o cadastro de 65 mil unidades habitacionais na Grande São Paulo, Guarujá e Bertioga. É uma operação complexa, que envolve a verificação dos números de CPF e de outros documentos.
A empresa também está avaliando a prestação de contas. Pelo sistema atual, os condôminos recebem o balancete do mês anterior no mesmo documento em que está o boleto para pagamento da cota do condomínio. Os que optarem pelo DDA vão receber por meio eletrônico apenas o código de barras para pagamento, sem a prestação de contas. "Nós preferimos não abrir mão do envio do boleto físico neste momento, mesmo quando a operação de cadastro tiver sido finalizada", diz Angélica. Ela enfatiza que a opção de pagar as contas pelo DDA não é da administradora, e sim do cliente: "Eu mesma já pago minhas contas pela internet, mas ainda vou esperar uns três meses para estudar melhor o novo sistema".
Cautela também é a postura da administradora de condomínios Art Company, que tem em carteira 4.500 apartamentos e casas. "Vamos esperar 60 dias e primeiro fazer um teste com as empresas do nosso grupo - uma metalúrgica, uma prestadora de serviços em siderurgia e uma banca advocatícia", diz o empresário Ricardo Pereira Ribeiro. Ele está certo de que haverá redução de custos, mas acha que o grande problema do DDA é a cobrança sem registro no banco. Por isso, a empresa não vai abrir mão do boleto em papel. "Fomos informados pelo Itaú de que, mais para a frente, todas as cobranças vão ser realizadas com registro - aí sim, vamos ter certeza que os pagamentos estão sendo feitos".
O vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP, Hubert Gebara, avalia que a adoção do DDA é vantajosa, mas não vai resolver de um dia para o outro o problema da segurança de pagamentos nem eliminar o papel. "A tendência é que todas as empresas deverão se adaptar ao novo sistema, mas a maior dificuldade vai ser a obtenção CPF ou do CNPJ dos nossos clientes", afirma. "Uma empresa de porte médio administra em torno de 400 edifícios, o equivalente a 20 ou 30 mil condôminos. Como conseguir essas informações de maneira rápida? Os que forem aderindo ao DDA têm interesse em fornecer seus dados, mas os que não quiserem, não podem ser obrigados".
Entre as facilidades para os clientes, o vice-presidente do Secovi menciona o pagamento remoto por celular ou notebook e a redução de despesas com correio, quando todos aderirem. Até lá, deverá funcionar um sistema misto, o que, numa primeira etapa, aumenta o trabalho das administradoras e, consequentemente, seu custo operacional. Na avaliação de Gebara, uma das principais confusões das pessoas para entender o DDA é achar que a letra "A" se refere a débito "automático", quando na realidade é débito "autorizado" - o dinheiro só sai da conta quando o titular da mesma autoriza o pagamento.
O novo sistema de pagamentos eletrônicos está abrindo oportunidades na área de tecnologia da informação. É o caso da empresa Nexxera, de Florianópolis, que desenvolveu a plataforma NexxDDA para varredura, captura, apresentação e pagamento de compromissos de pessoas jurídicas. "Criamos uma facilidade para que o credor possa entregar e gerenciar os recebíveis e, ao mesmo tempo, para que o sacado reduza seu custo operacional", diz o diretor Edson Silva. Outra plataforma eletrônica da Nexxera, batizada de "Sem Fila", é voltada para pessoas físicas e tem aplicação indicada em condomínios. O software, distribuído gratuitamente, permite que o usuário pague contas e monitore compromissos pelo celular ou internet. "Acreditamos que a telefonia móvel vai ser uma das grandes alavancas para o DDA", diz Silva.
Valor Econômico, 13/nov
O Débito Direto Autorizado (DDA) trará benefícios às administradoras de condomínios e aos clientes, mas há desafios a resolver, avaliam os empresários do ramo. Uma das maiores dificuldades é a atualização do cadastro. O Secovi-SP, sindicato que representa 40 mil empresas do setor imobiliário e de condomínios do estado de São Paulo, estima que a adaptação pode levar de um a dois anos. Para empresas que já trabalham com boletos de cobrança escriturada, aderir ao DDA é relativamente simples, mas alguns ajustes são necessários, como no caso de pagamentos com descontos especiais ou pagamentos depois do vencimento do boleto.
"O centro da questão é anterior ao DDA e está relacionado ao cadastro", diz a gerente de marketing da Lello Condomínios, Angélica Arbex. "Legalmente, o responsável pelo pagamento da cota condominial é o proprietário que consta no registro de imóveis de cada unidade autônoma, mas este é um cadastro dinâmico, pois os imóveis são comercializados e são alteradas as titularidades", explica. A Lello montou uma força-tarefa para atualizar e conferir o cadastro de 65 mil unidades habitacionais na Grande São Paulo, Guarujá e Bertioga. É uma operação complexa, que envolve a verificação dos números de CPF e de outros documentos.
A empresa também está avaliando a prestação de contas. Pelo sistema atual, os condôminos recebem o balancete do mês anterior no mesmo documento em que está o boleto para pagamento da cota do condomínio. Os que optarem pelo DDA vão receber por meio eletrônico apenas o código de barras para pagamento, sem a prestação de contas. "Nós preferimos não abrir mão do envio do boleto físico neste momento, mesmo quando a operação de cadastro tiver sido finalizada", diz Angélica. Ela enfatiza que a opção de pagar as contas pelo DDA não é da administradora, e sim do cliente: "Eu mesma já pago minhas contas pela internet, mas ainda vou esperar uns três meses para estudar melhor o novo sistema".
Cautela também é a postura da administradora de condomínios Art Company, que tem em carteira 4.500 apartamentos e casas. "Vamos esperar 60 dias e primeiro fazer um teste com as empresas do nosso grupo - uma metalúrgica, uma prestadora de serviços em siderurgia e uma banca advocatícia", diz o empresário Ricardo Pereira Ribeiro. Ele está certo de que haverá redução de custos, mas acha que o grande problema do DDA é a cobrança sem registro no banco. Por isso, a empresa não vai abrir mão do boleto em papel. "Fomos informados pelo Itaú de que, mais para a frente, todas as cobranças vão ser realizadas com registro - aí sim, vamos ter certeza que os pagamentos estão sendo feitos".
O vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP, Hubert Gebara, avalia que a adoção do DDA é vantajosa, mas não vai resolver de um dia para o outro o problema da segurança de pagamentos nem eliminar o papel. "A tendência é que todas as empresas deverão se adaptar ao novo sistema, mas a maior dificuldade vai ser a obtenção CPF ou do CNPJ dos nossos clientes", afirma. "Uma empresa de porte médio administra em torno de 400 edifícios, o equivalente a 20 ou 30 mil condôminos. Como conseguir essas informações de maneira rápida? Os que forem aderindo ao DDA têm interesse em fornecer seus dados, mas os que não quiserem, não podem ser obrigados".
Entre as facilidades para os clientes, o vice-presidente do Secovi menciona o pagamento remoto por celular ou notebook e a redução de despesas com correio, quando todos aderirem. Até lá, deverá funcionar um sistema misto, o que, numa primeira etapa, aumenta o trabalho das administradoras e, consequentemente, seu custo operacional. Na avaliação de Gebara, uma das principais confusões das pessoas para entender o DDA é achar que a letra "A" se refere a débito "automático", quando na realidade é débito "autorizado" - o dinheiro só sai da conta quando o titular da mesma autoriza o pagamento.
O novo sistema de pagamentos eletrônicos está abrindo oportunidades na área de tecnologia da informação. É o caso da empresa Nexxera, de Florianópolis, que desenvolveu a plataforma NexxDDA para varredura, captura, apresentação e pagamento de compromissos de pessoas jurídicas. "Criamos uma facilidade para que o credor possa entregar e gerenciar os recebíveis e, ao mesmo tempo, para que o sacado reduza seu custo operacional", diz o diretor Edson Silva. Outra plataforma eletrônica da Nexxera, batizada de "Sem Fila", é voltada para pessoas físicas e tem aplicação indicada em condomínios. O software, distribuído gratuitamente, permite que o usuário pague contas e monitore compromissos pelo celular ou internet. "Acreditamos que a telefonia móvel vai ser uma das grandes alavancas para o DDA", diz Silva.
Com R$ 1 bi em caixa, Rossi monta plano ousado
Valor Econômico, Daniela D'Ambrosio, 13/nov
A Rossi passou por um teste importante no último ano. Alvo constante de críticas por conta da presença da família na gestão, a empresa tratou de acelerar a sua profissionalização. Conseguiu captar quase R$ 1 bilhão em uma oferta de ações na bolsa, dinheiro que garante fôlego para um plano de expansão ousado e um novo desafio: caminhar cada vez mais para o mercado de baixa renda e reviver os tempos de Plano 100, programa que a lançou no segmento popular nos anos 90 - só que com uma empresa muito maior e um mercado muito mais competitivo.
A Rossi Residencial deve fechar 2009 com praticamente o mesmo volume de vendas (R$ 1,6 bilhão) e lançamentos (R$ 2 bilhões) do ano anterior - enquanto os concorrentes diretos, MRV, PDG Realty e Gafisa estão avançando. Mas, para sinalizar ao mercado que vai subir um degrau e atingir um novo patamar, divulgou uma projeção de lançamentos ambiciosa para os próximos dois anos. Vai lançar entre R$ 3,1 bilhões e R$ 3,5 bilhões no próximo ano e entre R$ 4,4 bilhões e R$ 4,8 bilhões em 2011, quando chegará no patamar de 40 mil unidades populares. Para efeito de comparação, a PDG Realty anunciou lançamentos de R$ 4,55 bilhões em média para 2010 e a MRV projeta vendas médias de R$ 4 bilhões.
Um passo nessa direção foi dado no terceiro trimestre. A empresa lançou entre julho e setembro R$ 1,1 bilhão - no primeiro semestre havia lançado apenas R$ 300 milhões. Até agora, somente a PDG Realty anunciou lançamentos acima de R$ 1 bilhão no período. Apesar do aumento gradativo da velocidade de vendas nos últimos quatro trimestres - de 13,5% nos últimos três meses do ano passado para 20,8% entre julho e setembro deste ano - as vendas contratadas não evoluíram na mesma velocidade dos lançamentos. No terceiro trimestre, a Rossi fechou com vendas contratadas de R$ 517 milhões, queda de 4% em relação ao mesmo período de 2008.
O número coloca a Rossi aquém do grupo das cinco maiores. Nesse time, que inclui Cyrela, MRV, PDG, Gafisa e Rossi, a empresa que carrega o sobrenome da família se destaca em outros quesitos, como liquidez dos papéis na bolsa, por exemplo, mas tem vendas pelo menos R$ 200 milhões abaixo das concorrentes diretas. Para os analistas, trata-se de uma empresa boa operacionalmente, que está melhorando a gestão - embora ainda haja um ou outra ressalva -, mas que precisa se igualar com as concorrentes no quesito vendas.
A contratação de Cássio Audi para a diretoria de relações com investidores no fim do ano passado foi muito bem vista. Cássio, que veio do mercado de bens de consumo, substituiu Sérgio Rossi Cuppoloni, filho de Edmundo Rossi, um dos fundadores. Hoje, quatro membros da família - da primeira e da segunda geração, Rafael filho de João, além de Sérgio e Edmundo- estão no conselho, que também conta com a presença de Eduardo Levy, ex-presidente da Bovespa, como conselheiro profissional. Hoje, resta apenas Renata Rossi no dia-a-dia da empresa, como diretora de recursos humanos. "Nós queremos que ela esteja", afirma Heitor Cantergiani, presidente da empresa que está no grupo há mais de 20 anos e ocupa o cargo há quase oito.
Cantergiani destaca o aumento das margens da companhia nos últimos trimestres. A margem líquida saiu de 10% no terceiro trimestre do ano passado para 14,3% este ano -está acima da Gafisa, mas abaixo de PDG, duas do grupo das cinco que já soltaram balanço. O lucro líquido fechou em R$ 61,8 milhões, alta de 73,7% acima do terceiro trimestre de 2008. O aumento do lucro deve-se ao controle das despesas administrativas e comerciais, cujo percentual sobre o volume lançado caiu de 6% para 2,8% do segundo para o terceiro trimestre. "Estamos registrando recordes de crescimento e rentabilidade", diz Cantergiani.
Assim como todo o setor, a Rossi pretende concentrar sua atuação no segmento popular. Hoje, 45% do negócio está na baixa renda e a ideia é atingir 60% dos lançamentos no setor. "Temos experiência para isso, da época do Plano 100", diz. A Rossi faz questão de enfatizar a diversificação geográfica como um diferencial. Já tem seis escritórios regionais e vai abrir mais dois: no oeste paulista e em Manaus. Está em 65 cidades e pretende chegar a 110 em dois anos.
Valor Econômico, Daniela D'Ambrosio, 13/nov
A Rossi passou por um teste importante no último ano. Alvo constante de críticas por conta da presença da família na gestão, a empresa tratou de acelerar a sua profissionalização. Conseguiu captar quase R$ 1 bilhão em uma oferta de ações na bolsa, dinheiro que garante fôlego para um plano de expansão ousado e um novo desafio: caminhar cada vez mais para o mercado de baixa renda e reviver os tempos de Plano 100, programa que a lançou no segmento popular nos anos 90 - só que com uma empresa muito maior e um mercado muito mais competitivo.
A Rossi Residencial deve fechar 2009 com praticamente o mesmo volume de vendas (R$ 1,6 bilhão) e lançamentos (R$ 2 bilhões) do ano anterior - enquanto os concorrentes diretos, MRV, PDG Realty e Gafisa estão avançando. Mas, para sinalizar ao mercado que vai subir um degrau e atingir um novo patamar, divulgou uma projeção de lançamentos ambiciosa para os próximos dois anos. Vai lançar entre R$ 3,1 bilhões e R$ 3,5 bilhões no próximo ano e entre R$ 4,4 bilhões e R$ 4,8 bilhões em 2011, quando chegará no patamar de 40 mil unidades populares. Para efeito de comparação, a PDG Realty anunciou lançamentos de R$ 4,55 bilhões em média para 2010 e a MRV projeta vendas médias de R$ 4 bilhões.
Um passo nessa direção foi dado no terceiro trimestre. A empresa lançou entre julho e setembro R$ 1,1 bilhão - no primeiro semestre havia lançado apenas R$ 300 milhões. Até agora, somente a PDG Realty anunciou lançamentos acima de R$ 1 bilhão no período. Apesar do aumento gradativo da velocidade de vendas nos últimos quatro trimestres - de 13,5% nos últimos três meses do ano passado para 20,8% entre julho e setembro deste ano - as vendas contratadas não evoluíram na mesma velocidade dos lançamentos. No terceiro trimestre, a Rossi fechou com vendas contratadas de R$ 517 milhões, queda de 4% em relação ao mesmo período de 2008.
O número coloca a Rossi aquém do grupo das cinco maiores. Nesse time, que inclui Cyrela, MRV, PDG, Gafisa e Rossi, a empresa que carrega o sobrenome da família se destaca em outros quesitos, como liquidez dos papéis na bolsa, por exemplo, mas tem vendas pelo menos R$ 200 milhões abaixo das concorrentes diretas. Para os analistas, trata-se de uma empresa boa operacionalmente, que está melhorando a gestão - embora ainda haja um ou outra ressalva -, mas que precisa se igualar com as concorrentes no quesito vendas.
A contratação de Cássio Audi para a diretoria de relações com investidores no fim do ano passado foi muito bem vista. Cássio, que veio do mercado de bens de consumo, substituiu Sérgio Rossi Cuppoloni, filho de Edmundo Rossi, um dos fundadores. Hoje, quatro membros da família - da primeira e da segunda geração, Rafael filho de João, além de Sérgio e Edmundo- estão no conselho, que também conta com a presença de Eduardo Levy, ex-presidente da Bovespa, como conselheiro profissional. Hoje, resta apenas Renata Rossi no dia-a-dia da empresa, como diretora de recursos humanos. "Nós queremos que ela esteja", afirma Heitor Cantergiani, presidente da empresa que está no grupo há mais de 20 anos e ocupa o cargo há quase oito.
Cantergiani destaca o aumento das margens da companhia nos últimos trimestres. A margem líquida saiu de 10% no terceiro trimestre do ano passado para 14,3% este ano -está acima da Gafisa, mas abaixo de PDG, duas do grupo das cinco que já soltaram balanço. O lucro líquido fechou em R$ 61,8 milhões, alta de 73,7% acima do terceiro trimestre de 2008. O aumento do lucro deve-se ao controle das despesas administrativas e comerciais, cujo percentual sobre o volume lançado caiu de 6% para 2,8% do segundo para o terceiro trimestre. "Estamos registrando recordes de crescimento e rentabilidade", diz Cantergiani.
Assim como todo o setor, a Rossi pretende concentrar sua atuação no segmento popular. Hoje, 45% do negócio está na baixa renda e a ideia é atingir 60% dos lançamentos no setor. "Temos experiência para isso, da época do Plano 100", diz. A Rossi faz questão de enfatizar a diversificação geográfica como um diferencial. Já tem seis escritórios regionais e vai abrir mais dois: no oeste paulista e em Manaus. Está em 65 cidades e pretende chegar a 110 em dois anos.
Recorde
Monitor Mercantil, 13/nov
O ritmo de vendas de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo foi
recorde em setembro, segundo divulgou nesta quinta-feira o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). O indicador Vendas Sobre Oferta (VSO) ficou em 30,8% no mês, o que indica que para cada 1.000 unidades ofertadas, 308 foram vendidas. Em agosto, o VSO foi de 22,7%. Em setembro, foram vendidas 5.049 unidades, 98,5% acima do mesmo mês do ano passado e 41,1% superiores às vendas de agosto. Conforme o Secovi-SP, o volume vendido em setembro só não superou as 5.428 unidades registradas em dezembro de 2007.
Monitor Mercantil, 13/nov
O ritmo de vendas de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo foi
recorde em setembro, segundo divulgou nesta quinta-feira o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). O indicador Vendas Sobre Oferta (VSO) ficou em 30,8% no mês, o que indica que para cada 1.000 unidades ofertadas, 308 foram vendidas. Em agosto, o VSO foi de 22,7%. Em setembro, foram vendidas 5.049 unidades, 98,5% acima do mesmo mês do ano passado e 41,1% superiores às vendas de agosto. Conforme o Secovi-SP, o volume vendido em setembro só não superou as 5.428 unidades registradas em dezembro de 2007.
BB quer financiar mais casas
O Dia, 13/nov
Investir cada vez mais em crédito habitacional. Essa será a política que o Banco do Brasil passará a adotar. A instituição financeira estatal pretende praticamente dobrar sua oferta de financiamentos imobiliários em 2010. Ao divulgar, ontem, resultados do terceiro trimestre de 2009, a direção do BB estimou fechar este ano com R$ 1,6 bilhão em contratos. Para o ano que vem, a expectativa é que esse valor suba para R$ 3 bilhões.
Segundo Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do Banco do Brasil, a intenção é estar entre as três maiores instituições de crédito imobiliário no País até 2013. Até lá, considerando valores atuais, o executivo diz que o BB oferecerá o equivalente a R$ 5 bilhões. "Crédito imobiliário é o segmento de financiamento que mais cresce no País", afirma.
As linhas serão oferecidas nas agências e em parceria com construtoras. Para financiamento com recursos da poupança, Caffarelli diz que a taxa de juros é equivalente à da Caixa Econômica Federal.
Mas a estratégia de venda de crédito imobiliário do BB não será igual à da Caixa, que hoje concentra 70% desse mercado no País. Caffarelli explica que a meta é disputar mercado com os grandes bancos privados. Para isso, além de dinheiro da poupança, o banco também oferecerá linhas de recursos próprios e captados com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A instituição, que começou a oferecer essa modalidade de crédito no fim de 2007, espera crescer graças à autorização de usar parte dos recursos aplicados na poupança para financiar imóveis. Atualmente, o BB tem saldo de R$ 72 bilhões na caderneta. Desse total, R$ 4,7 bilhões poderiam ser usados para o crédito imobiliário.
O BB quer crescer por considerar ainda pequena sua participação no financiamento da casa própria. No segundo trimestre do ano, era de 1,1%, registrando leve alta, para 1,3%, ao fim de setembro de 2009.
Programa especial para mulheres
Mulheres que sustentam suas famílias terão uma linha especial de financiamento da casa própria. A proposta que cria o Programa Nacional de Habitação para Mulheres com Responsabilidades de Sustento da Família foi aprovada pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. O texto é o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 885/95.
Pela matéria aprovada, o programa deve destinar cota mínima dos projetos habitacionais do governo para atender a mulheres com renda mensal de até três mínimos (R$ 1.395).
A beneficiada deve ser a única responsável pelo sustento da família e ter filhos de até 14 anos. O texto diz que as famílias residentes em áreas consideradas de risco devem ser privilegiadas.
O Dia, 13/nov
Investir cada vez mais em crédito habitacional. Essa será a política que o Banco do Brasil passará a adotar. A instituição financeira estatal pretende praticamente dobrar sua oferta de financiamentos imobiliários em 2010. Ao divulgar, ontem, resultados do terceiro trimestre de 2009, a direção do BB estimou fechar este ano com R$ 1,6 bilhão em contratos. Para o ano que vem, a expectativa é que esse valor suba para R$ 3 bilhões.
Segundo Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do Banco do Brasil, a intenção é estar entre as três maiores instituições de crédito imobiliário no País até 2013. Até lá, considerando valores atuais, o executivo diz que o BB oferecerá o equivalente a R$ 5 bilhões. "Crédito imobiliário é o segmento de financiamento que mais cresce no País", afirma.
As linhas serão oferecidas nas agências e em parceria com construtoras. Para financiamento com recursos da poupança, Caffarelli diz que a taxa de juros é equivalente à da Caixa Econômica Federal.
Mas a estratégia de venda de crédito imobiliário do BB não será igual à da Caixa, que hoje concentra 70% desse mercado no País. Caffarelli explica que a meta é disputar mercado com os grandes bancos privados. Para isso, além de dinheiro da poupança, o banco também oferecerá linhas de recursos próprios e captados com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A instituição, que começou a oferecer essa modalidade de crédito no fim de 2007, espera crescer graças à autorização de usar parte dos recursos aplicados na poupança para financiar imóveis. Atualmente, o BB tem saldo de R$ 72 bilhões na caderneta. Desse total, R$ 4,7 bilhões poderiam ser usados para o crédito imobiliário.
O BB quer crescer por considerar ainda pequena sua participação no financiamento da casa própria. No segundo trimestre do ano, era de 1,1%, registrando leve alta, para 1,3%, ao fim de setembro de 2009.
Programa especial para mulheres
Mulheres que sustentam suas famílias terão uma linha especial de financiamento da casa própria. A proposta que cria o Programa Nacional de Habitação para Mulheres com Responsabilidades de Sustento da Família foi aprovada pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. O texto é o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 885/95.
Pela matéria aprovada, o programa deve destinar cota mínima dos projetos habitacionais do governo para atender a mulheres com renda mensal de até três mínimos (R$ 1.395).
A beneficiada deve ser a única responsável pelo sustento da família e ter filhos de até 14 anos. O texto diz que as famílias residentes em áreas consideradas de risco devem ser privilegiadas.
FGTS usa fundo de recebíveis para dar crédito imobiliário
Valor Econômico, Alessandra Bellotto, 13/nov
Construtoras de pequeno e médio porte terão acesso a R$ 450 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS ) para financiar a construção de empreendimentos imobiliários residenciais enquadrados nas regras do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A operação será realizada usando a estrutura de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com administração da Caixa Econômica Federal e consultoria de investimentos da RB Capital Realty.
Batizado de Caixa RB Capital Habitação FIDC Imobiliário, o fundo vai aplicar os recursos do FGTS (cotista) na aquisição de recebíveis originados dos contratos de financiamento com as construtoras na forma de certificados recebíveis imobiliários (CRI), cédulas de crédito CCI ou debêntures. O prazo é de cinco anos.
Essa não é a primeira investida do FGTS no setor. Desde que anunciou no fim de 2008 a criação de uma linha de R$ 6 bilhões para financiar habitação - há um demanda de R$ 9,5 bilhões -, o conselho curador do fundo já destinou R$ 1,7 bilhão para a compra de debêntures das construtoras Odebrecht, Tenda, PDG Realty e Moura Dubeux - hoje, mais uma parceria será fechada.
"A criação do fundo é um marco importante, porque atende a uma demanda de construtoras de menor porte", disse Moreira Franco, vice-presidente da área de fundos de governo e loteria da Caixa e conselheiro do FGTS, em entrevista ao Valor. Além disso, vai funcionar como um suporte para o programa Minha Casa Minha Vida.
Hoje, destaca o sócio da RB Capital, Luis Claudio Garcia de Souza, as construtoras menores só têm acesso a crédito bancário, e quando tem. A operação é inovadora, segundo o executivo, uma vez que usa um veículo do mercado de capitais para financiar os projetos dessas empresas e a um custo bastante competitivo, indexado a TR. "O custo final para as incorporadoras ficará no piso hoje cobrado pelos bancos, que gira em torno de 11%, além da TR", afirma Souza.
Sem taxa de performance, acrescenta o executivo, não há incentivo para se cobrar mais - só há uma taxa de administração de 2% ao ano. "A missão do fundo é conceder crédito, não fazer spread." Outra vantagem do fundo é o tempo de aprovação do financiamento. Segundo o gerente operacional da área de fundos específicos da Caixa, Vítor Hugo Pinto, o prazo será menor do que os três a seis meses que um banco leva para fazer sua análise de viabilidade econômica.
A concessão do crédito, contudo, vai passar pelo crivo de um comitê de investimentos, formado por membros da Caixa e da RB Capital, e respeitar certas regras, como limites de concentração. Poderão acessar a linha construtoras das várias regiões do país e não só para financiar obras como para a aquisição de terrenos. Em análise já há projetos no valor de R$ 350 milhões. A expectativa é de que cerca de 3 mil unidades sejam financiadas por meio do fundo.
Valor Econômico, Alessandra Bellotto, 13/nov
Construtoras de pequeno e médio porte terão acesso a R$ 450 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS ) para financiar a construção de empreendimentos imobiliários residenciais enquadrados nas regras do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A operação será realizada usando a estrutura de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com administração da Caixa Econômica Federal e consultoria de investimentos da RB Capital Realty.
Batizado de Caixa RB Capital Habitação FIDC Imobiliário, o fundo vai aplicar os recursos do FGTS (cotista) na aquisição de recebíveis originados dos contratos de financiamento com as construtoras na forma de certificados recebíveis imobiliários (CRI), cédulas de crédito CCI ou debêntures. O prazo é de cinco anos.
Essa não é a primeira investida do FGTS no setor. Desde que anunciou no fim de 2008 a criação de uma linha de R$ 6 bilhões para financiar habitação - há um demanda de R$ 9,5 bilhões -, o conselho curador do fundo já destinou R$ 1,7 bilhão para a compra de debêntures das construtoras Odebrecht, Tenda, PDG Realty e Moura Dubeux - hoje, mais uma parceria será fechada.
"A criação do fundo é um marco importante, porque atende a uma demanda de construtoras de menor porte", disse Moreira Franco, vice-presidente da área de fundos de governo e loteria da Caixa e conselheiro do FGTS, em entrevista ao Valor. Além disso, vai funcionar como um suporte para o programa Minha Casa Minha Vida.
Hoje, destaca o sócio da RB Capital, Luis Claudio Garcia de Souza, as construtoras menores só têm acesso a crédito bancário, e quando tem. A operação é inovadora, segundo o executivo, uma vez que usa um veículo do mercado de capitais para financiar os projetos dessas empresas e a um custo bastante competitivo, indexado a TR. "O custo final para as incorporadoras ficará no piso hoje cobrado pelos bancos, que gira em torno de 11%, além da TR", afirma Souza.
Sem taxa de performance, acrescenta o executivo, não há incentivo para se cobrar mais - só há uma taxa de administração de 2% ao ano. "A missão do fundo é conceder crédito, não fazer spread." Outra vantagem do fundo é o tempo de aprovação do financiamento. Segundo o gerente operacional da área de fundos específicos da Caixa, Vítor Hugo Pinto, o prazo será menor do que os três a seis meses que um banco leva para fazer sua análise de viabilidade econômica.
A concessão do crédito, contudo, vai passar pelo crivo de um comitê de investimentos, formado por membros da Caixa e da RB Capital, e respeitar certas regras, como limites de concentração. Poderão acessar a linha construtoras das várias regiões do país e não só para financiar obras como para a aquisição de terrenos. Em análise já há projetos no valor de R$ 350 milhões. A expectativa é de que cerca de 3 mil unidades sejam financiadas por meio do fundo.
Imóveis
Folha de São Paulo Maria Cristina Frias, 13/nov
Após a retração nos lançamentos na crise, o mercado imobiliário retoma o fôlego. A Cury Construtora lançou o empreendimento Único Guarulhos, com 3.000 apartamentos, dentro do projeto Minha Casa, Minha Vida. Mais de 1.100 unidades já foram vendidas.
Imóveis 2
Já a incorporadora carioca Performance aposta no segmento comercial. Em dezembro, lançará o condomínio Dimension Office Park, na Barra da Tijuca, em parceria com Odebrecht, Sig e Mar. O valor geral de vendas é de R$ 260 milhões.
Folha de São Paulo Maria Cristina Frias, 13/nov
Após a retração nos lançamentos na crise, o mercado imobiliário retoma o fôlego. A Cury Construtora lançou o empreendimento Único Guarulhos, com 3.000 apartamentos, dentro do projeto Minha Casa, Minha Vida. Mais de 1.100 unidades já foram vendidas.
Imóveis 2
Já a incorporadora carioca Performance aposta no segmento comercial. Em dezembro, lançará o condomínio Dimension Office Park, na Barra da Tijuca, em parceria com Odebrecht, Sig e Mar. O valor geral de vendas é de R$ 260 milhões.
O CONQUISTADOR ESPANHOL
O empresário Enrique Bañuelos viveu uma infância miserável, tornou-se um dos 100 homens mais ricos do mundo e viu seu império desmoronar na Europa. Agora, tenta reconstruir a fortuna num dos mais pujantes mercados imobiliários do mundo - o do Brasil.
Por Marcelo Onaga | 12/11/2009 - Portal Exame
Há um ano, o setor imobiliário brasileiro estava envolto em incertezas. Depois de um período de crescimento exuberante, as empresas -- grandes e pequenas -- se viram diante de uma crise que prometia mudar a cara do mercado para pior e que parecia ter potencial para varrer do mapa companhias enfraquecidas financeiramente.
Empreendimentos eram cancelados, demissões ocorriam às centenas, bancos restringiam ao máximo a concessão de crédito. As projeções de especialistas eram sombrias. Perdida em meio aos índices e atarantada com o que acontecia no mundo, a maioria deles previa um período de seca longo e severo.
Foi nessa hora de medo que o mercado imobiliário se viu diante de um novo e enigmático personagem. O espanhol Enrique Bañuelos de Castro, investidor tão rico quanto polêmico, chegou ao Brasil no final de 2008 com o objetivo de comprar empresas e criar uma incorporadora capaz de concorrer com potências como a Cyrela, de Elie Horn, e a Gafisa, que tem entre seus acionistas o investidor americano Sam Zell.
Nascido em Sagunto, cidadezinha costeira de 60 000 habitantes localizada na região de Valência, 43 anos, cerca de 1,70 metro de altura, discurso sedutor e olhar determinado, Bañuelos desembarcou em São Paulo com uma fortuna pessoal de cerca de 2 bilhões de dólares -- e a incômoda fama de ter sido o protagonista do processo de criação e destruição de uma bolha que derrubou o mercado imobiliário espanhol em 2007
"Quando ele chegou, fiquei apreensivo, como a maioria das pessoas do setor", diz Sérgio Carettoni, sócio da paulista GAS Investimentos, que tem participações minoritárias em diversas incorporadoras brasileiras.
O empresário Enrique Bañuelos viveu uma infância miserável, tornou-se um dos 100 homens mais ricos do mundo e viu seu império desmoronar na Europa. Agora, tenta reconstruir a fortuna num dos mais pujantes mercados imobiliários do mundo - o do Brasil.
Por Marcelo Onaga | 12/11/2009 - Portal Exame
Há um ano, o setor imobiliário brasileiro estava envolto em incertezas. Depois de um período de crescimento exuberante, as empresas -- grandes e pequenas -- se viram diante de uma crise que prometia mudar a cara do mercado para pior e que parecia ter potencial para varrer do mapa companhias enfraquecidas financeiramente.
Empreendimentos eram cancelados, demissões ocorriam às centenas, bancos restringiam ao máximo a concessão de crédito. As projeções de especialistas eram sombrias. Perdida em meio aos índices e atarantada com o que acontecia no mundo, a maioria deles previa um período de seca longo e severo.
Foi nessa hora de medo que o mercado imobiliário se viu diante de um novo e enigmático personagem. O espanhol Enrique Bañuelos de Castro, investidor tão rico quanto polêmico, chegou ao Brasil no final de 2008 com o objetivo de comprar empresas e criar uma incorporadora capaz de concorrer com potências como a Cyrela, de Elie Horn, e a Gafisa, que tem entre seus acionistas o investidor americano Sam Zell.
Nascido em Sagunto, cidadezinha costeira de 60 000 habitantes localizada na região de Valência, 43 anos, cerca de 1,70 metro de altura, discurso sedutor e olhar determinado, Bañuelos desembarcou em São Paulo com uma fortuna pessoal de cerca de 2 bilhões de dólares -- e a incômoda fama de ter sido o protagonista do processo de criação e destruição de uma bolha que derrubou o mercado imobiliário espanhol em 2007
"Quando ele chegou, fiquei apreensivo, como a maioria das pessoas do setor", diz Sérgio Carettoni, sócio da paulista GAS Investimentos, que tem participações minoritárias em diversas incorporadoras brasileiras.
sábado, 17 de outubro de 2009
Acionistas aprovam fusão da Agra, Abyara e Klabin Segall
A nova empresa, Agre, não contará com a Veremonte, de Enrique Bañuelos, na gestão
16.10.2009 - 12h27
Uma assembléia de acionistas formalizou, nesta quinta-feira (15/10), a criação da Agre, companhia imobiliária criada pela fusão da Agra, Abyara e Klabin Segall. A empresa já nasce como uma das maiores do setor, com um valor de mercado de 2,6 bilhões de reais, patrimônio líquido de 1,8 bilhão e um banco de terrenos de 19 bilhões de reais. A assembléia também elegeu o conselho de administração da empresa, que será presidido por Luiz Roberto Horst, fundador da Agra, uma das companhias que estão sendo incorporadas.
Apesar de deter 30% da Agre, a Veremonte, empresa que representa os interesses do megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos no Brasil, não participará da gestão. Em carta aos acionistas, Bañuelos manifestou seu apoio a Horst. Sem requisitar assentos no conselho de administração, nem indicar diretores executivos, Bañuelos transferiu o direito de voto referente às suas ações para Horst.
Os dois empresários são parceiros de negócios desde o final de 2008, quando foram apresentados pelo banco de investimentos Credit Suisse. O início da dobradinha ocorreu com a entrada de Bañuelos na antiga Agra, desembolsando 50 milhões de reais por 7% da companhia. Desde então, o investidor espanhol delegou a Horst o desenvolvimento de seus planos de investimento no Brasil. Horst conduziu a compra do controle da Abyara e da Klabin. Segall - as companhias que também serão unificadas para criar a Agre. No comunicado aos acionistas, Bañuelos afirma que espera que Horst exerça o direito de voto "de forma discricionária".
A nova empresa, Agre, não contará com a Veremonte, de Enrique Bañuelos, na gestão
16.10.2009 - 12h27
Uma assembléia de acionistas formalizou, nesta quinta-feira (15/10), a criação da Agre, companhia imobiliária criada pela fusão da Agra, Abyara e Klabin Segall. A empresa já nasce como uma das maiores do setor, com um valor de mercado de 2,6 bilhões de reais, patrimônio líquido de 1,8 bilhão e um banco de terrenos de 19 bilhões de reais. A assembléia também elegeu o conselho de administração da empresa, que será presidido por Luiz Roberto Horst, fundador da Agra, uma das companhias que estão sendo incorporadas.
Apesar de deter 30% da Agre, a Veremonte, empresa que representa os interesses do megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos no Brasil, não participará da gestão. Em carta aos acionistas, Bañuelos manifestou seu apoio a Horst. Sem requisitar assentos no conselho de administração, nem indicar diretores executivos, Bañuelos transferiu o direito de voto referente às suas ações para Horst.
Os dois empresários são parceiros de negócios desde o final de 2008, quando foram apresentados pelo banco de investimentos Credit Suisse. O início da dobradinha ocorreu com a entrada de Bañuelos na antiga Agra, desembolsando 50 milhões de reais por 7% da companhia. Desde então, o investidor espanhol delegou a Horst o desenvolvimento de seus planos de investimento no Brasil. Horst conduziu a compra do controle da Abyara e da Klabin. Segall - as companhias que também serão unificadas para criar a Agre. No comunicado aos acionistas, Bañuelos afirma que espera que Horst exerça o direito de voto "de forma discricionária".
CBF quer mudar o horário de partidas do Brasileirão
Com o prestígio em alta, trânsito livre no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, cortejado por ministros, governadores e prefeitos, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira, está disposto a enfrentar uma de suas maiores aliadas nos últimos anos, a TV Globo. Em entrevista na sede da CBF, na quinta-feira, o dirigente deixou clara a intenção de antecipar para as 20 horas o início de jogos de meio de semana do Campeonato Brasileiro de 2010.
PUBLICIDADE
Atualmente, em geral, partidas de maior importância começam às 21h50, nas quartas-feiras, para agradar à emissora. Teixeira vai além e propõe que eventual mudança no calendário seja analisada de forma "séria e detalhada". Ele se diz favorável à adaptação ao calendário europeu e defende o sistema de pontos corridos, desde 2003 usado no torneio nacional.
"Como presidente da CBF não posso só ficar preocupado com índice (de audiência) de TV. Tenho de ficar preocupado com o torcedor no estádio também. Não adianta fazer jogo com estádio vazio", disse Teixeira, presidente da entidade desde 1989 e que, portanto, teve 20 anos para fazer mudanças.
A relação da CBF com a emissora vive momento de crise. Ambos os lados negociam a renovação do contrato para a transmissão dos jogos da seleção e uma das hipóteses que a Agência Estado apurou é a de que a CBF faça acordos pontuais - por exemplo, um jogo por vez. A Rede Globo, por meio de sua assessoria, informou que vai seguir a decisão da CBF. A emissora também se limitou a adiantar que estudará a sugestão de adaptação do futebol local ao calendário europeu.
Com o prestígio em alta, trânsito livre no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, cortejado por ministros, governadores e prefeitos, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira, está disposto a enfrentar uma de suas maiores aliadas nos últimos anos, a TV Globo. Em entrevista na sede da CBF, na quinta-feira, o dirigente deixou clara a intenção de antecipar para as 20 horas o início de jogos de meio de semana do Campeonato Brasileiro de 2010.
PUBLICIDADE
Atualmente, em geral, partidas de maior importância começam às 21h50, nas quartas-feiras, para agradar à emissora. Teixeira vai além e propõe que eventual mudança no calendário seja analisada de forma "séria e detalhada". Ele se diz favorável à adaptação ao calendário europeu e defende o sistema de pontos corridos, desde 2003 usado no torneio nacional.
"Como presidente da CBF não posso só ficar preocupado com índice (de audiência) de TV. Tenho de ficar preocupado com o torcedor no estádio também. Não adianta fazer jogo com estádio vazio", disse Teixeira, presidente da entidade desde 1989 e que, portanto, teve 20 anos para fazer mudanças.
A relação da CBF com a emissora vive momento de crise. Ambos os lados negociam a renovação do contrato para a transmissão dos jogos da seleção e uma das hipóteses que a Agência Estado apurou é a de que a CBF faça acordos pontuais - por exemplo, um jogo por vez. A Rede Globo, por meio de sua assessoria, informou que vai seguir a decisão da CBF. A emissora também se limitou a adiantar que estudará a sugestão de adaptação do futebol local ao calendário europeu.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Caixa ampliará oferta de empréstimos em até R$ 70 bi
Jornal do Commercio, 15/out
A Caixa Econômica Federal poderá ampliar em até R$ 70 bilhões sua oferta de financiamento depois do aporte híbrido de capital e dívida de R$ 6 bilhões que o banco estatal receberá do Tesouro Nacional. A informação foi dada ontem pelo vice-presidente de Controle e Risco da Caixa, Marcos Roberto Vasconcelos.
"Mantido o nosso ritmo de crescimento, ganhamos fôlego até 2011. Estamos reforçando o capital para poder continuar crescendo nos empréstimos", disse o executivo.
Esse novo fôlego será gerado porque haverá reforço do patrimônio do banco e elevação do chamado índice de Basileia. Pelas regras de proteção do capital do Acordo de Basileia, as instituições financeiras são obrigadas a alocar recursos como uma espécie de proteção. No Brasil, o Banco Central define que, para cada R$ 100 emprestados, os bancos devem ter capital mínimo de R$ 11.
Quanto maior o capital, portanto, maior a capacidade de realizar novos créditos. No caso da Caixa, o indicador estava em trajetória de queda e atualmente girava em torno de 16%, praticamente a metade do observado em março de 2008, quando era de 29,9%. "Mantida essa tendência de crescimento das operações de crédito, o índice se aproximaria do mínimo de 11% já em 2010", diz Vasconcelos. Com os novos R$ 6 bi de capital, o indicador avança para 20%.
Vasconcelos explicou que as discussões para um apoio do governo federal, que é o acionista controlador, por meio do Tesouro, foram iniciadas há nove meses e ganharam força recentemente devido ao ritmo forte de expansão do crédito pela Caixa. "Como pretendemos manter o crescimento dos financiamentos na faixa de 40% a 60% ao ano, poderíamos ter um índice de Basiléia perto do piso entre o final de 2010 e o início de 2011", disse Vasconcelos. "É uma medida preventiva." O principal alvo da Caixa é ampliar a oferta de financiamento imobiliário, explicou o executivo.
Na terça-feira, o Banco do Brasil anunciou a emissão de bônus perpétuos de US$ 1,5 bi, o que também reforçará o patrimônio da instituição e aumentará a capacidade de emprestar em pelo menos R$ 20 bilhões em um cenário conservador.
Questionado sobre a coincidência das operações, o vice-presidente da Caixa negou que as ações tenham sido combinadas. "Foi pura coincidência. Não teve nada combinado porque não sabíamos dessa operação do BB. Imagino que o BB também não sabia da operação da Caixa", afirma.
Jornal do Commercio, 15/out
A Caixa Econômica Federal poderá ampliar em até R$ 70 bilhões sua oferta de financiamento depois do aporte híbrido de capital e dívida de R$ 6 bilhões que o banco estatal receberá do Tesouro Nacional. A informação foi dada ontem pelo vice-presidente de Controle e Risco da Caixa, Marcos Roberto Vasconcelos.
"Mantido o nosso ritmo de crescimento, ganhamos fôlego até 2011. Estamos reforçando o capital para poder continuar crescendo nos empréstimos", disse o executivo.
Esse novo fôlego será gerado porque haverá reforço do patrimônio do banco e elevação do chamado índice de Basileia. Pelas regras de proteção do capital do Acordo de Basileia, as instituições financeiras são obrigadas a alocar recursos como uma espécie de proteção. No Brasil, o Banco Central define que, para cada R$ 100 emprestados, os bancos devem ter capital mínimo de R$ 11.
Quanto maior o capital, portanto, maior a capacidade de realizar novos créditos. No caso da Caixa, o indicador estava em trajetória de queda e atualmente girava em torno de 16%, praticamente a metade do observado em março de 2008, quando era de 29,9%. "Mantida essa tendência de crescimento das operações de crédito, o índice se aproximaria do mínimo de 11% já em 2010", diz Vasconcelos. Com os novos R$ 6 bi de capital, o indicador avança para 20%.
Vasconcelos explicou que as discussões para um apoio do governo federal, que é o acionista controlador, por meio do Tesouro, foram iniciadas há nove meses e ganharam força recentemente devido ao ritmo forte de expansão do crédito pela Caixa. "Como pretendemos manter o crescimento dos financiamentos na faixa de 40% a 60% ao ano, poderíamos ter um índice de Basiléia perto do piso entre o final de 2010 e o início de 2011", disse Vasconcelos. "É uma medida preventiva." O principal alvo da Caixa é ampliar a oferta de financiamento imobiliário, explicou o executivo.
Na terça-feira, o Banco do Brasil anunciou a emissão de bônus perpétuos de US$ 1,5 bi, o que também reforçará o patrimônio da instituição e aumentará a capacidade de emprestar em pelo menos R$ 20 bilhões em um cenário conservador.
Questionado sobre a coincidência das operações, o vice-presidente da Caixa negou que as ações tenham sido combinadas. "Foi pura coincidência. Não teve nada combinado porque não sabíamos dessa operação do BB. Imagino que o BB também não sabia da operação da Caixa", afirma.
FGTS na prestação de Consórcio
O Dia, 16/out
Saldo também poderá ser usado para quitar a modalidade de crédito habitacional após Lula ter sancionado lei aprovada pelo Congresso. Presidente anunciou ontem, ainda, que vai prorrogar o IPI reduzido de eletrodomésticos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a sanção da lei que permite utilizar o FGTS para pagar a prestação ou quitar o consórcio de imóveis. A nova legislação só permite o saque para quem já adquiriu o imóvel. A utilização precisa ser regulamentada pelo Conselho Curador do fundo.
Em clima de campanha eleitoral, Lula também divulgou medidas que beneficiarão o consumidor que comprar um eletrodoméstico novo e os que usam gás de cozinha. Bem à vontade no canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco, Lula disse que pretende prorrogar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos produtos da linha branca, que está prevista para acabar em 31 de outubro.
FGTS já é utilizado para dar lance no consórcio
O FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) já pode ser usado como lance e para complementar o valor da carta de crédito no consórcio imobiliário para antecipar a aquisição do bem. Isso porque no sistema a contemplação só acontece por sorteio ou lance.Mas, para utilizar o recurso será preciso cumprir as regras do Conselho Curador do FGTS para saque.
Entre elas, estão não ser proprietário de imóvel e nem ter financiamento pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Esse modelo de aquisição da casa própria não cobra juros, apenas correção anual das parcelas e do valor da carta de crédito. O prazo de pagamento já chega a 15 anos. O sistema cobra taxa de administração, seguro e fundo de reserva - os dois últimos são pagos nas parcelas iniciais. A taxa de administração é diluída durante todo o contrato. O percentual médio é de 17% do valor da carta.
O sistema de consórcio já conta com mais de 500 mil participantes no País e tem grandes bancos como Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander e Itaú oferecendo a modalidade.
O Dia, 16/out
Saldo também poderá ser usado para quitar a modalidade de crédito habitacional após Lula ter sancionado lei aprovada pelo Congresso. Presidente anunciou ontem, ainda, que vai prorrogar o IPI reduzido de eletrodomésticos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a sanção da lei que permite utilizar o FGTS para pagar a prestação ou quitar o consórcio de imóveis. A nova legislação só permite o saque para quem já adquiriu o imóvel. A utilização precisa ser regulamentada pelo Conselho Curador do fundo.
Em clima de campanha eleitoral, Lula também divulgou medidas que beneficiarão o consumidor que comprar um eletrodoméstico novo e os que usam gás de cozinha. Bem à vontade no canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco, Lula disse que pretende prorrogar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos produtos da linha branca, que está prevista para acabar em 31 de outubro.
FGTS já é utilizado para dar lance no consórcio
O FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) já pode ser usado como lance e para complementar o valor da carta de crédito no consórcio imobiliário para antecipar a aquisição do bem. Isso porque no sistema a contemplação só acontece por sorteio ou lance.Mas, para utilizar o recurso será preciso cumprir as regras do Conselho Curador do FGTS para saque.
Entre elas, estão não ser proprietário de imóvel e nem ter financiamento pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Esse modelo de aquisição da casa própria não cobra juros, apenas correção anual das parcelas e do valor da carta de crédito. O prazo de pagamento já chega a 15 anos. O sistema cobra taxa de administração, seguro e fundo de reserva - os dois últimos são pagos nas parcelas iniciais. A taxa de administração é diluída durante todo o contrato. O percentual médio é de 17% do valor da carta.
O sistema de consórcio já conta com mais de 500 mil participantes no País e tem grandes bancos como Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander e Itaú oferecendo a modalidade.
Vendas da MRV crescem 86% e empresa revê projeção anual
DCI, Cynara Escobar, 16/out
Com aumento de 85,8% no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2008no volume de vendas, a MRV Engenharia, com sede em Belo Horizonte (MG e com atuação focada na baixa renda, espera fechar este ano com vendas acima de suas expectativas, devido ao programa de imóveis populares, o "Minha Casa, Minha Vida".
A construtora anunciou que prevê entregar cerca de 42 mil unidades neste ano - número que imaginava alcançar somente em 2011- e atingir 50 mil residências no próximo ano. Em nota, Rubens Menin, presidente da empresa, afirmou que este é "o melhor trimestre da nossa história", e o valor obtido de julho a setembro foi R$ 789,4 milhões.
Segundo Menin, as vendas acumuladas até o fim de setembro, conforme o comunicado, são de R$ 2,07 bilhões, mais de 66% superior a igual período de um ano atrás. "É o quarto ano seguido que vamos conseguir duplicar nossas vendas", disse o empresário, que levou sua empresa à Bolsa em meados de 2007.
Pelas projeções revisadas da construtora, a venda deste ano ficará de R$ 2,8 bilhões a R$ 3 bilhões - 20% mais do que o previsto anteriormente. O grande salto, no entanto, está previsto para 2010, quando a expectativa é de R$ 3,7 bilhões a R$ 4,3 bilhões, sendo cerca de 90% dos imóveis comercializados dentro no perfil do "Minha Casa, Minha Vida".
DCI, Cynara Escobar, 16/out
Com aumento de 85,8% no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2008no volume de vendas, a MRV Engenharia, com sede em Belo Horizonte (MG e com atuação focada na baixa renda, espera fechar este ano com vendas acima de suas expectativas, devido ao programa de imóveis populares, o "Minha Casa, Minha Vida".
A construtora anunciou que prevê entregar cerca de 42 mil unidades neste ano - número que imaginava alcançar somente em 2011- e atingir 50 mil residências no próximo ano. Em nota, Rubens Menin, presidente da empresa, afirmou que este é "o melhor trimestre da nossa história", e o valor obtido de julho a setembro foi R$ 789,4 milhões.
Segundo Menin, as vendas acumuladas até o fim de setembro, conforme o comunicado, são de R$ 2,07 bilhões, mais de 66% superior a igual período de um ano atrás. "É o quarto ano seguido que vamos conseguir duplicar nossas vendas", disse o empresário, que levou sua empresa à Bolsa em meados de 2007.
Pelas projeções revisadas da construtora, a venda deste ano ficará de R$ 2,8 bilhões a R$ 3 bilhões - 20% mais do que o previsto anteriormente. O grande salto, no entanto, está previsto para 2010, quando a expectativa é de R$ 3,7 bilhões a R$ 4,3 bilhões, sendo cerca de 90% dos imóveis comercializados dentro no perfil do "Minha Casa, Minha Vida".
Empresário espanhol fica fora da gestão da nova Agre
Valor, Silvia Fregoni, 16/out
A construtora Agre, resultante da fusão de Agra, Abyara e Klabin Segall, saiu ontem oficialmente do papel. Os acionistas das três companhias, todas de capital aberto, aprovaram em assembleias a incorporação das ações e a formação da nova empresa.
Também aconteceu ontem a primeira assembleia da recém-criada Agre, durante a qual se constituiu a diretoria executiva e o conselho de administração da empresa. O megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos, dono da Veremonte, maior acionista da Agre, com 30% do capital, ficará fora da gestão da nova companhia.
O espanhol também não votará nas decisões da Agre. Isso porque transferiu o direito de voto a Luiz Roberto Horst, eleito presidente executivo e presidente do conselho de administração da nova empresa. Apesar do grande peso no capital da Agre, Bañuelos será um "investidor passivo", segundo definiu Horst, já que não pediu assento nem na diretoria nem no conselho de administração. Em documento, Bañuelos se compromete, em caráter irrevogável, a transferir para Horst o direito de voto das ações pertencentes direta ou indiretamente a ele. "Não se trata de um acordo de representação da Veremonte, mas de autonomia de gestão", explicou Horst ao Valor.
A relação entre a Veremonte e Luiz Roberto Horst, fundador da Agra, não é de hoje. A empresa de Bañuelos escolheu o executivo como o sócio local para a condução dos negócios no Brasil. A criação da Agre acontece depois de um longo processo de renegociação das dívidas tanto da Abyara, quanto da Klabin Segall. Bañuelos chegou ao Brasil no auge da crise global, quando começou a sondar as empresas em dificuldades e apresentar o seu projeto de consolidação. Partiu para as aquisições no início deste ano - sempre tendo a Agra como parceira. Desembolsou menos de R$ 150 milhões na compra da Klabin Segall e da Abyara.
Depois do investidor espanhol, o maior acionista da nova companhia é o grupo composto pelos fundadores da Agra. Com 15% do capital da Agre, o grupo tem como integrantes Horst, Ricardo Setton, Astério Vaz Safatle e Fernando Bruno Albuquerque, que formarão o conselho de administração da nova empresa, ao lado dos conselheiros independentes Bento de Camargo Barros Neto e Maílson da Nóbrega. A maior parte das ações está no mercado.
Não haverá um acordo de acionistas entre a Veremonte e o grupo originado da Agra. O único documento existente é o de Bañuelos abrindo mão da gestão e transferindo o direito de voto.
"Como a posição de Enrique Bañuelos é de investidor, ele não pretende ficar preso à empresa por meio de acordo de acionistas, pois quer ter liberdade para vender e comprar ações", destaca Setton. O espanhol tem investimentos em vários países do mundo e "deseja ficar menos de uma semana por mês no Brasil", segundo Setton.
A Agre nasce como uma das maiores empresas do setor de construção brasileiro. O valor de mercado é de R$ 2,5 bilhões, não muito distante das concorrentes Rossi Residencial (R$ 3,6 bilhões) e Gafisa (capitalização de R$ 3,9 bilhões). A Cyrela é a maior disparado, com R$ 10,1 bilhões.
O patrimônio líquido da nova empresa é de R$ 1,8 bilhão, acima de Rossi (R$ 1,3 bilhão) e Gafisa (R$ 1,7 bilhão). A Cyrela tem patrimônio de R$ 2,4 bilhões. Mas o resultado líquido ainda reflete uma empresa que enfrentou dificuldades financeiras. Os dados levam em consideração os números do segundo trimestre do ano.
O banco de terrenos é de R$ 19 bilhões, de acordo com Horst. A dívida bruta está em R$ 1,2 bilhão e a líquida, em R$ 550 milhões, o que significa que a empresa tem em caixa R$ 650 milhões. "Nossa situação financeira é suficiente para os planos de expansão no próximo ano", afirma o presidente.
E os projetos são otimistas. A Agre pretende lançar entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,7 bilhões em empreendimentos em 2010. Os lançamentos deste ano devem ficar entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,4 bilhão, originados basicamente de Agra, já que Abyara e Klabin Segall estavam envolvidas na solução dos problemas financeiros. "Apenas no ano que vem as operações de Abyara e Klabin devem começar a contribuir para os resultados da Agre", diz Setton. O potencial da empresa é maior, dado que, em 2008, antes do agravamento da crise mundial, as três empresas juntas lançaram R$ 3,1 bilhões.
Os próximos meses da Agre serão destinados à integração das operações das três empresas. "Até o fim do ano queremos ver tudo integrado", ressaltou Setton.
Na união das operações, provavelmente as marcas vão desaparecer. "O martelo ainda não está batido, mas é bem provável que fiquem apenas as marcas Agre e ASA, esta última voltada ao segmento econômico", afirmou. Dos lançamentos planejados para 2010, entre 20% e 25% deverão ser do segmento econômico. Há uma consultoria cuidando da questão das marcas, cujos trabalhos ainda não foram finalizados.
Valor, Silvia Fregoni, 16/out
A construtora Agre, resultante da fusão de Agra, Abyara e Klabin Segall, saiu ontem oficialmente do papel. Os acionistas das três companhias, todas de capital aberto, aprovaram em assembleias a incorporação das ações e a formação da nova empresa.
Também aconteceu ontem a primeira assembleia da recém-criada Agre, durante a qual se constituiu a diretoria executiva e o conselho de administração da empresa. O megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos, dono da Veremonte, maior acionista da Agre, com 30% do capital, ficará fora da gestão da nova companhia.
O espanhol também não votará nas decisões da Agre. Isso porque transferiu o direito de voto a Luiz Roberto Horst, eleito presidente executivo e presidente do conselho de administração da nova empresa. Apesar do grande peso no capital da Agre, Bañuelos será um "investidor passivo", segundo definiu Horst, já que não pediu assento nem na diretoria nem no conselho de administração. Em documento, Bañuelos se compromete, em caráter irrevogável, a transferir para Horst o direito de voto das ações pertencentes direta ou indiretamente a ele. "Não se trata de um acordo de representação da Veremonte, mas de autonomia de gestão", explicou Horst ao Valor.
A relação entre a Veremonte e Luiz Roberto Horst, fundador da Agra, não é de hoje. A empresa de Bañuelos escolheu o executivo como o sócio local para a condução dos negócios no Brasil. A criação da Agre acontece depois de um longo processo de renegociação das dívidas tanto da Abyara, quanto da Klabin Segall. Bañuelos chegou ao Brasil no auge da crise global, quando começou a sondar as empresas em dificuldades e apresentar o seu projeto de consolidação. Partiu para as aquisições no início deste ano - sempre tendo a Agra como parceira. Desembolsou menos de R$ 150 milhões na compra da Klabin Segall e da Abyara.
Depois do investidor espanhol, o maior acionista da nova companhia é o grupo composto pelos fundadores da Agra. Com 15% do capital da Agre, o grupo tem como integrantes Horst, Ricardo Setton, Astério Vaz Safatle e Fernando Bruno Albuquerque, que formarão o conselho de administração da nova empresa, ao lado dos conselheiros independentes Bento de Camargo Barros Neto e Maílson da Nóbrega. A maior parte das ações está no mercado.
Não haverá um acordo de acionistas entre a Veremonte e o grupo originado da Agra. O único documento existente é o de Bañuelos abrindo mão da gestão e transferindo o direito de voto.
"Como a posição de Enrique Bañuelos é de investidor, ele não pretende ficar preso à empresa por meio de acordo de acionistas, pois quer ter liberdade para vender e comprar ações", destaca Setton. O espanhol tem investimentos em vários países do mundo e "deseja ficar menos de uma semana por mês no Brasil", segundo Setton.
A Agre nasce como uma das maiores empresas do setor de construção brasileiro. O valor de mercado é de R$ 2,5 bilhões, não muito distante das concorrentes Rossi Residencial (R$ 3,6 bilhões) e Gafisa (capitalização de R$ 3,9 bilhões). A Cyrela é a maior disparado, com R$ 10,1 bilhões.
O patrimônio líquido da nova empresa é de R$ 1,8 bilhão, acima de Rossi (R$ 1,3 bilhão) e Gafisa (R$ 1,7 bilhão). A Cyrela tem patrimônio de R$ 2,4 bilhões. Mas o resultado líquido ainda reflete uma empresa que enfrentou dificuldades financeiras. Os dados levam em consideração os números do segundo trimestre do ano.
O banco de terrenos é de R$ 19 bilhões, de acordo com Horst. A dívida bruta está em R$ 1,2 bilhão e a líquida, em R$ 550 milhões, o que significa que a empresa tem em caixa R$ 650 milhões. "Nossa situação financeira é suficiente para os planos de expansão no próximo ano", afirma o presidente.
E os projetos são otimistas. A Agre pretende lançar entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,7 bilhões em empreendimentos em 2010. Os lançamentos deste ano devem ficar entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,4 bilhão, originados basicamente de Agra, já que Abyara e Klabin Segall estavam envolvidas na solução dos problemas financeiros. "Apenas no ano que vem as operações de Abyara e Klabin devem começar a contribuir para os resultados da Agre", diz Setton. O potencial da empresa é maior, dado que, em 2008, antes do agravamento da crise mundial, as três empresas juntas lançaram R$ 3,1 bilhões.
Os próximos meses da Agre serão destinados à integração das operações das três empresas. "Até o fim do ano queremos ver tudo integrado", ressaltou Setton.
Na união das operações, provavelmente as marcas vão desaparecer. "O martelo ainda não está batido, mas é bem provável que fiquem apenas as marcas Agre e ASA, esta última voltada ao segmento econômico", afirmou. Dos lançamentos planejados para 2010, entre 20% e 25% deverão ser do segmento econômico. Há uma consultoria cuidando da questão das marcas, cujos trabalhos ainda não foram finalizados.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
OAB vai questionar PEC dos Vereadores no STF se ela retroagir, reafirma Britto
Brasília, 24/09/2009 -
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, reafirmou hoje (24) que o Conselho Federal da OAB pode ingressar com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal contra a chamada PEC dos Vereadores,caso ela venha a retroagir a 2008 para garantir a posse aos suplentes de vereadores. A emenda constitucional, promulgada na quarta-feira, criou 7.709 vagas de vereadores no País.
"A retroatividade nesse caso seria um atentado contra a democracia, repito, pois uma de nossas grandes conqusitas foi fixar o princípio da anterioridade no que se refere ao processo eleitoral", sustentou o presidente nacional da OAB.
Sobre o tema, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou entender que os efeitos da emenda só valem para a eleição de 2012. Em entrevista concedida hoje, ele lembrou que em 2007 a Corte editou resolução na qual estabeleceu o dia 30 de junho de 2008 como data-limite para promulgação de uma emenda constitucional alterando o número de vereadores da atual legislatura.
O presidente do TSE explicou que não comentaria se a emenda vai ser cumprida ou não porque nesse caso seria avaliar a sua constitucionalidade. Disse ainda que não se pronunciaria sobre a constitucionalidade ou não da emenda, uma vez que OAB já sinalizou que entrará no STF com uma Adin e, nessa hipótese, o ministro teria que atuar como julgador do tema.
Brasília, 24/09/2009 -
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, reafirmou hoje (24) que o Conselho Federal da OAB pode ingressar com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal contra a chamada PEC dos Vereadores,caso ela venha a retroagir a 2008 para garantir a posse aos suplentes de vereadores. A emenda constitucional, promulgada na quarta-feira, criou 7.709 vagas de vereadores no País.
"A retroatividade nesse caso seria um atentado contra a democracia, repito, pois uma de nossas grandes conqusitas foi fixar o princípio da anterioridade no que se refere ao processo eleitoral", sustentou o presidente nacional da OAB.
Sobre o tema, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou entender que os efeitos da emenda só valem para a eleição de 2012. Em entrevista concedida hoje, ele lembrou que em 2007 a Corte editou resolução na qual estabeleceu o dia 30 de junho de 2008 como data-limite para promulgação de uma emenda constitucional alterando o número de vereadores da atual legislatura.
O presidente do TSE explicou que não comentaria se a emenda vai ser cumprida ou não porque nesse caso seria avaliar a sua constitucionalidade. Disse ainda que não se pronunciaria sobre a constitucionalidade ou não da emenda, uma vez que OAB já sinalizou que entrará no STF com uma Adin e, nessa hipótese, o ministro teria que atuar como julgador do tema.
PEC dos vereadores é precedente gravíssimo para a democracia brasileira
Brasília, 23/09/2009 -
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, classificou hoje (23) como um "precedente gravíssimo" retroagir a 2008 as regras eleitorais para garantir a possibilidade de posse dos vereadores suplentes, conforme previsto na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 336/09.
A PEC foi aprovada na Câmara noite desta terça-feira e prevê, além da retroatividade, um aumento em cerca de 7 mil do número de vagas nas câmaras de vereadores.
"Retroagir o que prevê a PEC para os atuais mandatos é jogar contra a democracia, pois uma de nossas grandes conquistas foi fixar o Princípio da Anterioridade no que se refere ao processo eleitoral. As regras eleitorais, por sua importância, devem ser conhecidas um anos antes dos pleitos. Jamais, em hipótese alguma, dois anos depois", afirmou Britto.
Ainda na avaliação feita hoje pelo presidente nacional da OAB, trata-se de um "paradoxo visível" a aprovação da PEC também no que se refere ao aumento do número de vagas nas câmaras de vereadores de todo o país. "Se fosse possível, estaríamos dando carta branca ao Congresso Nacional para aumentar o numero de deputados, senadores, aumentar o tempo dos mandatos ao sabor da conveniência de plantão", critica Cezar Britto, acrescentando que se a retroatividade for aplicada o Conselho Federal da OAB ajuizará uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer valer a Constituição Federal.
"A democracia brasileira tem regras claras que precisam se respeitadas, especialmente por aqueles que têm a competência de elaborar as leis do país. Caso a retroatividade seja aplicada, temos certeza de que o Supremo a declarará inconstitucional", afirmou o presidente nacional da OAB.
A PEC 336/09 foi aprovada pela Câmara dos Deputados por 380 votos a favor, 29 votos contra e duas abstenções. A partir dela, o total de vagas nas câmaras cresce de 52 mil para 59 mil.
Brasília, 23/09/2009 -
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, classificou hoje (23) como um "precedente gravíssimo" retroagir a 2008 as regras eleitorais para garantir a possibilidade de posse dos vereadores suplentes, conforme previsto na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 336/09.
A PEC foi aprovada na Câmara noite desta terça-feira e prevê, além da retroatividade, um aumento em cerca de 7 mil do número de vagas nas câmaras de vereadores.
"Retroagir o que prevê a PEC para os atuais mandatos é jogar contra a democracia, pois uma de nossas grandes conquistas foi fixar o Princípio da Anterioridade no que se refere ao processo eleitoral. As regras eleitorais, por sua importância, devem ser conhecidas um anos antes dos pleitos. Jamais, em hipótese alguma, dois anos depois", afirmou Britto.
Ainda na avaliação feita hoje pelo presidente nacional da OAB, trata-se de um "paradoxo visível" a aprovação da PEC também no que se refere ao aumento do número de vagas nas câmaras de vereadores de todo o país. "Se fosse possível, estaríamos dando carta branca ao Congresso Nacional para aumentar o numero de deputados, senadores, aumentar o tempo dos mandatos ao sabor da conveniência de plantão", critica Cezar Britto, acrescentando que se a retroatividade for aplicada o Conselho Federal da OAB ajuizará uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer valer a Constituição Federal.
"A democracia brasileira tem regras claras que precisam se respeitadas, especialmente por aqueles que têm a competência de elaborar as leis do país. Caso a retroatividade seja aplicada, temos certeza de que o Supremo a declarará inconstitucional", afirmou o presidente nacional da OAB.
A PEC 336/09 foi aprovada pela Câmara dos Deputados por 380 votos a favor, 29 votos contra e duas abstenções. A partir dela, o total de vagas nas câmaras cresce de 52 mil para 59 mil.
Óleo de cozinha descartado em tubulação especial de prédio
Extra, 20/set
O condomínio Barra Sunday, que será inaugurado em 2010, terá um sistema inovador para descarte de óleo de cozinha usado - material que os moradores dificilmente sabem como jogar fora. Os quatro prédios do condomínio, que estão sendo erguidos pela construtora Santa Isabel, terão uma tubulação especial nos corredores, ao lado das lixeiras.
Segundo a Protel, que administrará o condomínio, a tubulação especial irá até um tambor, que armazenará todo o óleo usado, que será coletado por uma empresa de reciclagem, em troca de material de limpeza para o condomínio.
- É uma instalação barata, como se fosse um tubo normal de esgoto, de cem milímetros. Além de reduzir o impacto ambiental, trará economia para os moradores - disse Alfredo Lopes, diretor da construtora Santa Isabel e da Protel, administradora de condomínios.
Extra, 20/set
O condomínio Barra Sunday, que será inaugurado em 2010, terá um sistema inovador para descarte de óleo de cozinha usado - material que os moradores dificilmente sabem como jogar fora. Os quatro prédios do condomínio, que estão sendo erguidos pela construtora Santa Isabel, terão uma tubulação especial nos corredores, ao lado das lixeiras.
Segundo a Protel, que administrará o condomínio, a tubulação especial irá até um tambor, que armazenará todo o óleo usado, que será coletado por uma empresa de reciclagem, em troca de material de limpeza para o condomínio.
- É uma instalação barata, como se fosse um tubo normal de esgoto, de cem milímetros. Além de reduzir o impacto ambiental, trará economia para os moradores - disse Alfredo Lopes, diretor da construtora Santa Isabel e da Protel, administradora de condomínios.
De carona no discurso alheio
O Globo, Tatiana Farah, 25/set
No melhor estilo "quem faz mais", a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se encontraram na inauguração de uma feira de imóveis e condomínios ontem em São Paulo, promovida pelo Secovi, o Sindicato da Habitação, e desdobraram-se para contar feitos dos governos estadual e federal na área de moradia popular. Os dois são pré-candidatos à Presidência da República.
Dilma disse que o governo Lula destinou R$ 38 bilhões este ano à habitação. E tomou emprestado o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama:
- O Brasil pode erguer a cabeça e dizer: Sim, é possível. Sim, nós fizemos - afirmou Dilma, numa referência ao mote de Obama: "Sim, nós podemos".
Em outro momento, ao falar com os empresários que, por ser brasileira, ela não se "conformaria" com os mesmos R$ 38 bilhões, Dilma lembrou da propaganda de Lula: - Aquela propaganda que diz "o brasileiro não desiste nunca" tem de ser completada. O brasileiro não se conforma nunca.
Serra parodiou Lula, usando expressões como "nunca se fez tanto em São Paulo pela habitação" para promover o seu governo diante dos empresários. Apesar dos discursos de disputa, o clima entre eles era de cordialidade. Dilma e Serra se cumprimentaram com dois beijinhos no rosto e caminharam pela feira. O governador tucano interrompeu uma coletiva não programada para que a ministra desse sua entrevista, e aguardou que ela terminasse para voltar a conversar com os repórteres.
O governador destacou as parcerias do estado com o governo federal na construção de moradias populares. Mas afirmou: - Mas isso sempre foi uma marca da política habitacional de São Paulo.
Para Serra, o "pior da crise já chegou":
- A tendência agora é melhorar. Quanto vai melhorar, é incerto. Como sou economista, não faço previsões. Mas, sem dúvida, o pior já passou - disse Serra.
O Globo, Tatiana Farah, 25/set
No melhor estilo "quem faz mais", a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se encontraram na inauguração de uma feira de imóveis e condomínios ontem em São Paulo, promovida pelo Secovi, o Sindicato da Habitação, e desdobraram-se para contar feitos dos governos estadual e federal na área de moradia popular. Os dois são pré-candidatos à Presidência da República.
Dilma disse que o governo Lula destinou R$ 38 bilhões este ano à habitação. E tomou emprestado o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama:
- O Brasil pode erguer a cabeça e dizer: Sim, é possível. Sim, nós fizemos - afirmou Dilma, numa referência ao mote de Obama: "Sim, nós podemos".
Em outro momento, ao falar com os empresários que, por ser brasileira, ela não se "conformaria" com os mesmos R$ 38 bilhões, Dilma lembrou da propaganda de Lula: - Aquela propaganda que diz "o brasileiro não desiste nunca" tem de ser completada. O brasileiro não se conforma nunca.
Serra parodiou Lula, usando expressões como "nunca se fez tanto em São Paulo pela habitação" para promover o seu governo diante dos empresários. Apesar dos discursos de disputa, o clima entre eles era de cordialidade. Dilma e Serra se cumprimentaram com dois beijinhos no rosto e caminharam pela feira. O governador tucano interrompeu uma coletiva não programada para que a ministra desse sua entrevista, e aguardou que ela terminasse para voltar a conversar com os repórteres.
O governador destacou as parcerias do estado com o governo federal na construção de moradias populares. Mas afirmou: - Mas isso sempre foi uma marca da política habitacional de São Paulo.
Para Serra, o "pior da crise já chegou":
- A tendência agora é melhorar. Quanto vai melhorar, é incerto. Como sou economista, não faço previsões. Mas, sem dúvida, o pior já passou - disse Serra.
Cobrança de laudêmio está com os dias contados
Jornal do Brasil, 21/set
Tributo cobrado por transferências de imóveis em locais litorâneos, o laudêmio está prestes a deixar de existir. O primeiro passo dado foi sua suspensão por tempo indeterminado, após provarem controvérsias em sua cobrança na região oceânica de Niterói e em algumas localidades litorâneas do Rio. A decisão foi tomada pela desembargadora Salete Maccalóz, da 7ª turma especializada do TRF.
- Na região oceânica de Niterói, ocorreu um fato que causou mobilização.
As pessoas compravam imóveis e não eram informadas sobre a obrigatoriedade de pagar o laudêmio. Tiravam certidões, documentos e nenhuma irregularidade era apontada até tentarem vender o imóvel. Neste momento, este imposto passava a ser exigido para a venda ser oficializada - explica o presidente da Associação dos Moradores do Jardim Imbuí, em Niterói, Renan Lacerda.
A estranheza da situação levou o deputado estadual Paulo Ramos (PDT) a abrir CPI para apurar o porquê de a cobrança estar sendo feita desta maneira. O advogado da associação dos moradores, José Marinho dos Santos, conseguiu três decisões contra a Secretaria de Patrimônio da União, numa delas suspendendo a cobrança deste imposto por tempo indeterminado.
A suspensão abre brecha para outras medidas mais fortes contra o laudêmio, como a diminuição do valor bruto do imposto, bem como o fim definitivo dele.
- Gostaríamos de saber também onde foi parar esse dinheiro de imposto pago até aqui, pois dizem que ele vai para a Marinha, mas esta nunca nos proporcionou nada - reclama Renan.
Jornal do Brasil, 21/set
Tributo cobrado por transferências de imóveis em locais litorâneos, o laudêmio está prestes a deixar de existir. O primeiro passo dado foi sua suspensão por tempo indeterminado, após provarem controvérsias em sua cobrança na região oceânica de Niterói e em algumas localidades litorâneas do Rio. A decisão foi tomada pela desembargadora Salete Maccalóz, da 7ª turma especializada do TRF.
- Na região oceânica de Niterói, ocorreu um fato que causou mobilização.
As pessoas compravam imóveis e não eram informadas sobre a obrigatoriedade de pagar o laudêmio. Tiravam certidões, documentos e nenhuma irregularidade era apontada até tentarem vender o imóvel. Neste momento, este imposto passava a ser exigido para a venda ser oficializada - explica o presidente da Associação dos Moradores do Jardim Imbuí, em Niterói, Renan Lacerda.
A estranheza da situação levou o deputado estadual Paulo Ramos (PDT) a abrir CPI para apurar o porquê de a cobrança estar sendo feita desta maneira. O advogado da associação dos moradores, José Marinho dos Santos, conseguiu três decisões contra a Secretaria de Patrimônio da União, numa delas suspendendo a cobrança deste imposto por tempo indeterminado.
A suspensão abre brecha para outras medidas mais fortes contra o laudêmio, como a diminuição do valor bruto do imposto, bem como o fim definitivo dele.
- Gostaríamos de saber também onde foi parar esse dinheiro de imposto pago até aqui, pois dizem que ele vai para a Marinha, mas esta nunca nos proporcionou nada - reclama Renan.
Prioridade para idosos
Extra, 20/set
Os senadores da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovaram relatório do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) sobre um projeto da Câmara dos Deputados que estabelece prioridade aos idosos na escolha de unidades térreas, em programas habitacionais. A matéria passou pela Comissão de Direitos Humanos e vai a plenário.
Extra, 20/set
Os senadores da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovaram relatório do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) sobre um projeto da Câmara dos Deputados que estabelece prioridade aos idosos na escolha de unidades térreas, em programas habitacionais. A matéria passou pela Comissão de Direitos Humanos e vai a plenário.
Otimismo volta ao mercado imobiliário depois da crise
Extra, 27/set
A crise financeira mundial começa a dar trégua. Pelo menos, essa é a sensação do mercado imobiliário, que dá sinais de reaquecimento. De acordo com a 40ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção, de maio para agosto, aumentou em 43,1% a percepção favorável dos empresários do setor sobre o crescimento econômico do país em 2009. Na pesquisa, as empresas demonstraram otimismo em relação ao seu desempenho atual e dos próximos meses.
- No primeiro semestre, sentimos uma retração no mercado. Os clientes estavam com medo da crise e seguraram os investimentos. Mas agora há uma retomada dos investimentos, trazendo de volta os patamares do primeiro semestre de 2008 - disse Rafael Motta Duarte, sócio-diretor da Percepttiva Comunicação, que presta consultoria de marketing imobiliário para construtoras como Wrobel e Agra, MDL, Cyrela e Zayd.
Extra, 27/set
A crise financeira mundial começa a dar trégua. Pelo menos, essa é a sensação do mercado imobiliário, que dá sinais de reaquecimento. De acordo com a 40ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção, de maio para agosto, aumentou em 43,1% a percepção favorável dos empresários do setor sobre o crescimento econômico do país em 2009. Na pesquisa, as empresas demonstraram otimismo em relação ao seu desempenho atual e dos próximos meses.
- No primeiro semestre, sentimos uma retração no mercado. Os clientes estavam com medo da crise e seguraram os investimentos. Mas agora há uma retomada dos investimentos, trazendo de volta os patamares do primeiro semestre de 2008 - disse Rafael Motta Duarte, sócio-diretor da Percepttiva Comunicação, que presta consultoria de marketing imobiliário para construtoras como Wrobel e Agra, MDL, Cyrela e Zayd.
R$ 100 bilhões e emprego de volta
Jornal do Brasil, Natália Pacheco, 27/set
A oferta de crédito para a aquisição de moradias e os programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa, Minha Vida - ambos do governo federal - vão garantir investimentos da ordem de R$ 100 bilhões e a criação de mais 800 mil postos de trabalho no setor de construção civil em 2010. Com isso, o número de empregados formais no segmento deve chegar a 3 milhões no próximo ano - marca registrada apenas no início da década de 80, período anterior à estagnação que o setor passou por quase 20 anos.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann, detalha a soma dos investimentos: R$ 30 bilhões dos recursos provenientes das cadernetas de poupança, R$ 20 bilhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e R$ 50 bilhões do PAC e do Minha Casa, Minha Vida.
O aumento do investimento do setor no próximo ano em relação aos recursos de 2009 é da ordem de 10%, considerando os R$ 90 bilhões que estão sendo investidos neste ano. E a razão da diferença é o programa de habitação do governo. Segundo o executivo, o "grosso do programa" será aprovado no próximo ano.
Enquanto setores chaves da economia estimam que 2009 foi um ano perdido, como a indústria de máquinas e equipamentos, têxtil, siderurgia e mineração, os efeitos da crise financeira internacional na construção civil já foram superados, garante o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão.
- Atravessamos a crise muito bem. Os 110 mil empregos perdidos no setor entre novembro e dezembro do ano passado já foram recuperados. A construção civil criou mais de 151 mil postos de trabalho no acumulado deste ano, cerca de 25% do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do país - ressaltou Simão.
A previsão do presidente da Cbic é que o setor encerre o ano com queda de 5% em relação aos 8% de 2008, mas com crescimento de 3% quando comparado a 2007.
20 anos de abandono
Apesar do bom resultado nos últimos três anos - o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento passou de 4,7% em 2006 para 8% em 2008 - a construção civil ficou cerca de 20 anos estagnada. Desde a extinção do Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1986, o setor ficou "abandonado".
- Quando o PIB do setor crescia, caía logo no ano seguinte. Desde 2005, esse processo se reverteu. Prova disso é o número de trabalhadores, que passou de 1,5 milhão, em 2005, para 2,2 milhões até agosto deste ano - disse o diretor-executivo do Sinduscon-RJ, Antônio Carlos Mendes Gomes.
Para o executivo, a decisão do governo em utilizar o setor como um instrumento de combate a crise para gerar emprego, renda e investimento para o país foi acertada, já que é um setor que demanda um número elevado de mão de obra.
- Além do PAC, que é anterior ao colapso econômico mundial, e do Minha Casa, Minha Vida, a construção civil foi beneficiada com a expansão da oferta de crédito para o financiamento imobiliário e a redução da taxa básica de juros (Selic) - explicou Mendes Gomes.
Mas a atenção do governo para a construção civil deve continuar para que o déficit habitacional do país - atualmente de 8 milhões de moradias - seja eliminado nos próximos 15 anos. O diretor de Economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, contou que há um Projeto de Lei no Congresso, que prevê a destinação de 2% de recursos da União e 1% dos estados e municípios para manter investimentos públicos em habitação.
- O Minha Casa, Minha Vida mostrou para o governo a importância de institucionalizar regras para a habitação. Há anos o país necessita de um fluxo financeiro destinado a acelerar os recursos para a baixa renda adquirir um imóvel destacou Zaidan.
Reação
O Índice de Vendas elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) registrou crescimento pelo quarto mês consecutivo do faturamento do mercado interno 1,28% em agosto comparado a julho. A reação do setor se deve em parte às medidas de estímulo anunciadas pelo governo, como a ampliação da validade do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para materiais até o fim deste ano.
Entretanto, a associação prevê fechar este ano com um resultado 5% inferior ao de 2008. Ainda assim, esta nova previsão representa um crescimento real de 8% em relação a 2007, refletindo uma evolução mais realista do setor no ambiente pós-crise, de acordo com o presidente da Abramat, Melvyn Fox.
- O ano passado foi atípico. O segmento cresceu 14% em 2008. Vínhamos crescendo fortemente, mas a freada a partir do último trimestre, nos levou de volta aos patamares de 2007, mais próximos da realidade - explica Fox.
Jornal do Brasil, Natália Pacheco, 27/set
A oferta de crédito para a aquisição de moradias e os programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa, Minha Vida - ambos do governo federal - vão garantir investimentos da ordem de R$ 100 bilhões e a criação de mais 800 mil postos de trabalho no setor de construção civil em 2010. Com isso, o número de empregados formais no segmento deve chegar a 3 milhões no próximo ano - marca registrada apenas no início da década de 80, período anterior à estagnação que o setor passou por quase 20 anos.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann, detalha a soma dos investimentos: R$ 30 bilhões dos recursos provenientes das cadernetas de poupança, R$ 20 bilhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e R$ 50 bilhões do PAC e do Minha Casa, Minha Vida.
O aumento do investimento do setor no próximo ano em relação aos recursos de 2009 é da ordem de 10%, considerando os R$ 90 bilhões que estão sendo investidos neste ano. E a razão da diferença é o programa de habitação do governo. Segundo o executivo, o "grosso do programa" será aprovado no próximo ano.
Enquanto setores chaves da economia estimam que 2009 foi um ano perdido, como a indústria de máquinas e equipamentos, têxtil, siderurgia e mineração, os efeitos da crise financeira internacional na construção civil já foram superados, garante o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão.
- Atravessamos a crise muito bem. Os 110 mil empregos perdidos no setor entre novembro e dezembro do ano passado já foram recuperados. A construção civil criou mais de 151 mil postos de trabalho no acumulado deste ano, cerca de 25% do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do país - ressaltou Simão.
A previsão do presidente da Cbic é que o setor encerre o ano com queda de 5% em relação aos 8% de 2008, mas com crescimento de 3% quando comparado a 2007.
20 anos de abandono
Apesar do bom resultado nos últimos três anos - o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento passou de 4,7% em 2006 para 8% em 2008 - a construção civil ficou cerca de 20 anos estagnada. Desde a extinção do Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1986, o setor ficou "abandonado".
- Quando o PIB do setor crescia, caía logo no ano seguinte. Desde 2005, esse processo se reverteu. Prova disso é o número de trabalhadores, que passou de 1,5 milhão, em 2005, para 2,2 milhões até agosto deste ano - disse o diretor-executivo do Sinduscon-RJ, Antônio Carlos Mendes Gomes.
Para o executivo, a decisão do governo em utilizar o setor como um instrumento de combate a crise para gerar emprego, renda e investimento para o país foi acertada, já que é um setor que demanda um número elevado de mão de obra.
- Além do PAC, que é anterior ao colapso econômico mundial, e do Minha Casa, Minha Vida, a construção civil foi beneficiada com a expansão da oferta de crédito para o financiamento imobiliário e a redução da taxa básica de juros (Selic) - explicou Mendes Gomes.
Mas a atenção do governo para a construção civil deve continuar para que o déficit habitacional do país - atualmente de 8 milhões de moradias - seja eliminado nos próximos 15 anos. O diretor de Economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, contou que há um Projeto de Lei no Congresso, que prevê a destinação de 2% de recursos da União e 1% dos estados e municípios para manter investimentos públicos em habitação.
- O Minha Casa, Minha Vida mostrou para o governo a importância de institucionalizar regras para a habitação. Há anos o país necessita de um fluxo financeiro destinado a acelerar os recursos para a baixa renda adquirir um imóvel destacou Zaidan.
Reação
O Índice de Vendas elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) registrou crescimento pelo quarto mês consecutivo do faturamento do mercado interno 1,28% em agosto comparado a julho. A reação do setor se deve em parte às medidas de estímulo anunciadas pelo governo, como a ampliação da validade do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para materiais até o fim deste ano.
Entretanto, a associação prevê fechar este ano com um resultado 5% inferior ao de 2008. Ainda assim, esta nova previsão representa um crescimento real de 8% em relação a 2007, refletindo uma evolução mais realista do setor no ambiente pós-crise, de acordo com o presidente da Abramat, Melvyn Fox.
- O ano passado foi atípico. O segmento cresceu 14% em 2008. Vínhamos crescendo fortemente, mas a freada a partir do último trimestre, nos levou de volta aos patamares de 2007, mais próximos da realidade - explica Fox.
Otimismo
Jornal do Commercio, Marcia Peltier, 28/set
O ministro Marcio Fortes ficou animado com o último balanço do programa Minha Casa Minha Vida. Ele acredita que, pelo número de propostas de empreendimentos, até junho de 2010 serão erguidas mais 600 mil unidades habitacionais, atingindo a meta traçada pelo governo. Isso porque, de acordo com os termos de adesão das prefeituras ao programa, o índice chegou a 96% em municípios com mais de cem mil habitantes e a 86% em cidades com população entre 50 mil a cem mil pessoas. É em localidades com essa faixa demográfica que se encontra o maior déficit de moradias no país.
Jornal do Commercio, Marcia Peltier, 28/set
O ministro Marcio Fortes ficou animado com o último balanço do programa Minha Casa Minha Vida. Ele acredita que, pelo número de propostas de empreendimentos, até junho de 2010 serão erguidas mais 600 mil unidades habitacionais, atingindo a meta traçada pelo governo. Isso porque, de acordo com os termos de adesão das prefeituras ao programa, o índice chegou a 96% em municípios com mais de cem mil habitantes e a 86% em cidades com população entre 50 mil a cem mil pessoas. É em localidades com essa faixa demográfica que se encontra o maior déficit de moradias no país.
BB vai liberar R$ 100 milhões para Minha Casa, minha vida
Jornal do Commercio, Chiara Quintão, 28/set
O Banco do Brasil estima que os contratos de financiamento à produção nos moldes do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida a serem assinados pelo banco este ano com empresas do setor de construção vão somar R$ 100 milhões. Segundo o diretor de Empréstimos e Financiamentos da instituição, Nilson Martiniano Moreira, isso representa 10% do total de financiamento imobiliário que o banco pretende conceder em 2009.
A intenção é que de 3 mil a 4 mil unidades incluídas no Minha Casa, Minha Vida sejam financiadas este ano. Até 2011, o Banco do Brasil quer participar do financiamento de 10% do total de unidades do programa. A maior parte dos desembolsos deve ocorrer no ano que vem.
O primeiro contrato do Banco do Brasil de financiamento a produção enquadrado no programa, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), é com a Cyrela Brazil Realty, no valor de R$ 9,8 milhões.
Os recursos serão destinados à primeira fase do Marcco Sorocaba, da Living Construtora, empresa pela qual a Cyrela atua no segmento econômico, e da Plano & Plano Construções e Participações. Outras empresas como Rossi Residencial e Tenda já apresentaram projetos ao Banco do Brasil, segundo Moreira.
Os contratos de financiamento direto ao comprador pelo Banco do Brasil nos moldes do programa devem começar a ser assinados no fim do ano, com projeto-piloto. A liberação efetiva dos recursos para essa finalidade será a partir de 2010. A PDG Realty é uma das empresas interessadas nessa modalidade, de acordo com o representante do Banco do Brasil.
No programa habitacional, o banco vai atuar no crédito para empreendimentos do programa situados na faixa de três a dez salários mínimos, com financiamento de até 90% do valor do imóvel e prazo de até 30 anos.
O Banco do Brasil começou a atuar na concessão de crédito imobiliário com recursos próprios em 2007. Em junho do ano passado, a instituição financeira passou a operar no financiamento imobiliário também com recursos da poupança.
Jornal do Commercio, Chiara Quintão, 28/set
O Banco do Brasil estima que os contratos de financiamento à produção nos moldes do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida a serem assinados pelo banco este ano com empresas do setor de construção vão somar R$ 100 milhões. Segundo o diretor de Empréstimos e Financiamentos da instituição, Nilson Martiniano Moreira, isso representa 10% do total de financiamento imobiliário que o banco pretende conceder em 2009.
A intenção é que de 3 mil a 4 mil unidades incluídas no Minha Casa, Minha Vida sejam financiadas este ano. Até 2011, o Banco do Brasil quer participar do financiamento de 10% do total de unidades do programa. A maior parte dos desembolsos deve ocorrer no ano que vem.
O primeiro contrato do Banco do Brasil de financiamento a produção enquadrado no programa, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), é com a Cyrela Brazil Realty, no valor de R$ 9,8 milhões.
Os recursos serão destinados à primeira fase do Marcco Sorocaba, da Living Construtora, empresa pela qual a Cyrela atua no segmento econômico, e da Plano & Plano Construções e Participações. Outras empresas como Rossi Residencial e Tenda já apresentaram projetos ao Banco do Brasil, segundo Moreira.
Os contratos de financiamento direto ao comprador pelo Banco do Brasil nos moldes do programa devem começar a ser assinados no fim do ano, com projeto-piloto. A liberação efetiva dos recursos para essa finalidade será a partir de 2010. A PDG Realty é uma das empresas interessadas nessa modalidade, de acordo com o representante do Banco do Brasil.
No programa habitacional, o banco vai atuar no crédito para empreendimentos do programa situados na faixa de três a dez salários mínimos, com financiamento de até 90% do valor do imóvel e prazo de até 30 anos.
O Banco do Brasil começou a atuar na concessão de crédito imobiliário com recursos próprios em 2007. Em junho do ano passado, a instituição financeira passou a operar no financiamento imobiliário também com recursos da poupança.
Muito além da construção de casas
Jornal do Brasil, Gabriel Costa, 27/set
A expansão da habitação no Brasil cria necessidades além da construção de novas residências. De acordo com dados divulgados recentemente na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o número de moradias no Brasil aumentou de maneira significativa em relação ao avanço do número de famílias, com redução do número de habitantes por domicílio. A mudança no perfil habitacional, somada à necessidade de redução do déficit estimado em 8 milhões de moradias, demanda também toda a infraestrutura correspondente de saneamento básico, coleta de lixo, transporte e fornecimento de água e energia.
- Esse processo causa um impacto imenso junto à estrutura urbana, e o grande desafio para a construção da infraestrutura é reduzir os custos - avalia Fernando Arbache, especialista em infraestrutura, logística e inteligência de mercado.
No ano passado, de acordo com os dados da Pnad, 1,886 milhão de domicílios passaram a contar com rede de coleta de esgoto, para um total de 48,296 milhões de moradias com acesso ao serviço em todo o país, enquanto 83,9% das residências tinham abastecimento de água. Cerca de 50,590 milhões de lares tiveram acesso ao serviço de coleta de lixo, 1,882 milhão a mais que no ano anterior. A iluminação elétrica atingiu 98,6% dos lares em 2008. Especialistas ressaltam, no entanto, que os dados não necessariamente são tão animadores como podem parecer, uma vez que a pesquisa não mede a qualidade desses serviços.
Paralelamente, um estudo divulgado esta semana pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destacou que o Brasil tem demorado para executar recursos vinculados aos investimentos em infraestrutura, principalmente relativos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O diretor do Instituto de Pesquisa Data Popular, Renato Meireles, ressalta a importância que empreendedores conheçam bem os dados de consumo da população, em especial os das classes C, D e E, que são atualmente 85% da população e movimentam R$ 760 bilhões ao ano.
- As classes mais baixas, ao contrário das classes A e B, são compostas majoritariamente por jovens, que representam 42% das novas famílias formadas de 2002 pra cá. Isso significa mais pessoas necessitando de locais para morar - destaca Meirelles.
Já para resolver o problema da redução de custos necessária tanto para a construção de moradias como para implementar a infraestrutura necessária, Arbache, professor de Logística e Sistemas de Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV), sugere que o governo conte com o apoio do setor privado.
- Pode soar contraditório, mas se o governo incentivar a construção de casas para as classes mais altas, o crescimento da escala produtiva reduz os custos operacionais como um todo - afirma. - Em relação à questão da infraestrutura, um regime de Parcerias Público-Privadas (PPPs) reduziria a burocratização do processo, e mais agilidade corresponde a menores custos.
Jornal do Brasil, Gabriel Costa, 27/set
A expansão da habitação no Brasil cria necessidades além da construção de novas residências. De acordo com dados divulgados recentemente na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o número de moradias no Brasil aumentou de maneira significativa em relação ao avanço do número de famílias, com redução do número de habitantes por domicílio. A mudança no perfil habitacional, somada à necessidade de redução do déficit estimado em 8 milhões de moradias, demanda também toda a infraestrutura correspondente de saneamento básico, coleta de lixo, transporte e fornecimento de água e energia.
- Esse processo causa um impacto imenso junto à estrutura urbana, e o grande desafio para a construção da infraestrutura é reduzir os custos - avalia Fernando Arbache, especialista em infraestrutura, logística e inteligência de mercado.
No ano passado, de acordo com os dados da Pnad, 1,886 milhão de domicílios passaram a contar com rede de coleta de esgoto, para um total de 48,296 milhões de moradias com acesso ao serviço em todo o país, enquanto 83,9% das residências tinham abastecimento de água. Cerca de 50,590 milhões de lares tiveram acesso ao serviço de coleta de lixo, 1,882 milhão a mais que no ano anterior. A iluminação elétrica atingiu 98,6% dos lares em 2008. Especialistas ressaltam, no entanto, que os dados não necessariamente são tão animadores como podem parecer, uma vez que a pesquisa não mede a qualidade desses serviços.
Paralelamente, um estudo divulgado esta semana pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destacou que o Brasil tem demorado para executar recursos vinculados aos investimentos em infraestrutura, principalmente relativos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O diretor do Instituto de Pesquisa Data Popular, Renato Meireles, ressalta a importância que empreendedores conheçam bem os dados de consumo da população, em especial os das classes C, D e E, que são atualmente 85% da população e movimentam R$ 760 bilhões ao ano.
- As classes mais baixas, ao contrário das classes A e B, são compostas majoritariamente por jovens, que representam 42% das novas famílias formadas de 2002 pra cá. Isso significa mais pessoas necessitando de locais para morar - destaca Meirelles.
Já para resolver o problema da redução de custos necessária tanto para a construção de moradias como para implementar a infraestrutura necessária, Arbache, professor de Logística e Sistemas de Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV), sugere que o governo conte com o apoio do setor privado.
- Pode soar contraditório, mas se o governo incentivar a construção de casas para as classes mais altas, o crescimento da escala produtiva reduz os custos operacionais como um todo - afirma. - Em relação à questão da infraestrutura, um regime de Parcerias Público-Privadas (PPPs) reduziria a burocratização do processo, e mais agilidade corresponde a menores custos.
Grandes empresas investem na venda sem intermediários
Valor Econômico, Daniela D'Ambrósio, 25/set
Embora 40% do programa Minha Casa, Minha Vida seja direcionado ao público de até três salários mínimos de renda - que representa o grosso do déficit habitacional - as grandes empresas do setor avançaram muito pouco nesse segmento. Desde o início as construtoras anunciam interesse nesses projetos e até divulgam metas específicas para essa faixa de renda, mas, até o momento, muito pouca coisa saiu do papel.
O programa para o público de zero a três salários mínimos é diferenciado. As inscrições dos compradores são feitas diretamente nas prefeituras - que fazem parcerias e podem doar terrenos para as construtoras - a prestação é de até 10% da renda por um período de dez anos e o subsídio é de quase 90% do valor do imóvel. O aporte da União para atender essa faixa de renda, na qual o déficit habitacional é estimado em 91%, é de R$ 16 bilhões.
Desde o início do programa, as empresas consideraram baixos os valores máximos que o governo paga pelas unidades - ainda que não haja despesa de marketing e o imposto cobrado sobre o faturamento da obra caia de 7% para 1%. Os valores pagos pelas casas varia de R$ 37 mil a R$ 48 mil e dos apartamentos de R$ 41 mil a R$ 52 mil, dependendo da localidade. Em seis Estados do Nordeste, entre eles Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe, uma casa não pode custar mais do que R$ 37 mil, por exemplo. Já na região metropolitana de São Paulo, esses valores sobem para R$ 48 mil e R$ 52 mil, respectivamente.
De qualquer forma, as empresas comprometeram-se com o governo a atuar também nessa faixa de renda. "Como empresa, temos que fazer um negócio lucrativo, o que é mais difícil nesse caso, mas o zero a três faz parte do programa e temos que participar", afirma Rubens Menin, presidente da mineira MRV. A empresa está com quatro projetos para esse público, dois em Belo Horizonte, um em Araraquara e um em Campinas. Terá dois outros lançamentos, que estão prestes a sair, em parceria com as prefeituras.
Uma das saídas encontradas pelas construtoras é atuar no topo dessa faixa, com as famílias de três salários, oferecendo os empreendimentos diretamente para os compradores - sem que passem pelo cadastro da prefeitura. Nesse caso, os compradores conseguem ter um subsídio de R$ 23 mil e os benefícios do programa, como fundo garantidor (que garante o pagamento das prestações em caso de perda de emprego) e redução do seguro, mas terão que arcar com uma prestação bem maior do que até 10% da renda (cerca de R$ 250 , contra cerca de R$ 90) e pagam em até 30 anos, contra apenas 10 anos quando o cadastro é feito pela prefeitura.
"Chegamos em várias prefeituras e eles disseram que os projetos de zero a três salários mínimos daquele município já estavam comprometidos, que o seu limite de projetos esgotou", explica Eduardo Gorayeb, presidente da Rodobens Negócios Imobiliários. "Como a oferta de clientes é muito maior do que as prefeituras conseguirão atender, vamos trabalhar com esse excedente", diz. Dessa forma, as empresas também conseguem sair do limite de valor estipulado pelo governo, embora os empreendimentos tenham de ser avaliados pela Caixa.
No Rio de Janeiro, a Tenda vendeu um empreendimento diretamente para o público entre dois e três salários mínimos. "É um comprador que tem um carro e pode dar uma entrada, por exemplo", diz Paulo Mazzali, diretor de relações com investidores da Tenda. A empresa anunciou 5 mil unidades para o público de zero a três até 2010. Segundo Mazzali, este ano devem ser lançados um ou dois projetos, em terrenos que já tinha, e serão tocados em parceria com as prefeituras a partir de 2010. (DD)
Valor Econômico, Daniela D'Ambrósio, 25/set
Embora 40% do programa Minha Casa, Minha Vida seja direcionado ao público de até três salários mínimos de renda - que representa o grosso do déficit habitacional - as grandes empresas do setor avançaram muito pouco nesse segmento. Desde o início as construtoras anunciam interesse nesses projetos e até divulgam metas específicas para essa faixa de renda, mas, até o momento, muito pouca coisa saiu do papel.
O programa para o público de zero a três salários mínimos é diferenciado. As inscrições dos compradores são feitas diretamente nas prefeituras - que fazem parcerias e podem doar terrenos para as construtoras - a prestação é de até 10% da renda por um período de dez anos e o subsídio é de quase 90% do valor do imóvel. O aporte da União para atender essa faixa de renda, na qual o déficit habitacional é estimado em 91%, é de R$ 16 bilhões.
Desde o início do programa, as empresas consideraram baixos os valores máximos que o governo paga pelas unidades - ainda que não haja despesa de marketing e o imposto cobrado sobre o faturamento da obra caia de 7% para 1%. Os valores pagos pelas casas varia de R$ 37 mil a R$ 48 mil e dos apartamentos de R$ 41 mil a R$ 52 mil, dependendo da localidade. Em seis Estados do Nordeste, entre eles Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe, uma casa não pode custar mais do que R$ 37 mil, por exemplo. Já na região metropolitana de São Paulo, esses valores sobem para R$ 48 mil e R$ 52 mil, respectivamente.
De qualquer forma, as empresas comprometeram-se com o governo a atuar também nessa faixa de renda. "Como empresa, temos que fazer um negócio lucrativo, o que é mais difícil nesse caso, mas o zero a três faz parte do programa e temos que participar", afirma Rubens Menin, presidente da mineira MRV. A empresa está com quatro projetos para esse público, dois em Belo Horizonte, um em Araraquara e um em Campinas. Terá dois outros lançamentos, que estão prestes a sair, em parceria com as prefeituras.
Uma das saídas encontradas pelas construtoras é atuar no topo dessa faixa, com as famílias de três salários, oferecendo os empreendimentos diretamente para os compradores - sem que passem pelo cadastro da prefeitura. Nesse caso, os compradores conseguem ter um subsídio de R$ 23 mil e os benefícios do programa, como fundo garantidor (que garante o pagamento das prestações em caso de perda de emprego) e redução do seguro, mas terão que arcar com uma prestação bem maior do que até 10% da renda (cerca de R$ 250 , contra cerca de R$ 90) e pagam em até 30 anos, contra apenas 10 anos quando o cadastro é feito pela prefeitura.
"Chegamos em várias prefeituras e eles disseram que os projetos de zero a três salários mínimos daquele município já estavam comprometidos, que o seu limite de projetos esgotou", explica Eduardo Gorayeb, presidente da Rodobens Negócios Imobiliários. "Como a oferta de clientes é muito maior do que as prefeituras conseguirão atender, vamos trabalhar com esse excedente", diz. Dessa forma, as empresas também conseguem sair do limite de valor estipulado pelo governo, embora os empreendimentos tenham de ser avaliados pela Caixa.
No Rio de Janeiro, a Tenda vendeu um empreendimento diretamente para o público entre dois e três salários mínimos. "É um comprador que tem um carro e pode dar uma entrada, por exemplo", diz Paulo Mazzali, diretor de relações com investidores da Tenda. A empresa anunciou 5 mil unidades para o público de zero a três até 2010. Segundo Mazzali, este ano devem ser lançados um ou dois projetos, em terrenos que já tinha, e serão tocados em parceria com as prefeituras a partir de 2010. (DD)
Cyrela vende participação, de 23%, no capital da Agra
Jornal do Commercio, 28/set
A Cyrela Brazil Realty, maior incorporadora imobiliária do País, vendeu sua participação de 23% no capital social da Agra Empreendimentos Imobiliários por R$ 304,5 milhões. De acordo com um comunicado divulgado pela companhia, as ações foram vendidas, em partes iguais, para os investidores BRF Investimentos e Participações e Caripó Participações. A participação da Cyrela na Agra foi adquirida em outubro do ano passado.
Cinco meses antes, a empresa havia anunciado a intenção de adquirir a totalidade das ações da Agra, mas o negócio foi desfeito por causa da "impossibilidade de compatibilização dos compromissos assumidos pelas companhias perante seus respectivos parceiros, no que tange à exclusividade de atuação conjunta com tais parceiros em certas regiões do País".
Com a rescisão do contrato, a Cyrela se comprometeu a adquirir participações da Agra em algumas sociedades de propósito específico, criadas para o desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, por R$ 120 milhões. Alguns meses depois de a Cyrela adquirir essas participações - que resultaram na fatia de 23% da Cyrela no capital social da Agra -, esta se associou à Veremonte Participações, empresa do polêmico investidor espanhol Enrique Bañuelos.
No mercado, comenta-se que Elie Horn, fundador da Cyrela, não via com bons olhos a associação com Bañuelos, responsável por provocar um dos maiores estragos no mercado acionário espanhol, após a revelação de que sua empresa, até então uma estrela do mercado, teria inflado resultados.
Depois da Agra, a Veremonte adquiriu participações na Abyara e na Klabin Segall. No início do mês, o grupo anunciou a integração das operações das três empresas imobiliárias, criando a Agre. Os papéis das três companhias serão substituídos pelas ações da Agre, a serem negociadas no Novo Mercado.
A empresa nasce com patrimônio de R$ 1,5 bilhão e banco de terrenos de R$ 19 bilhões. Após a reestruturação, a intenção é que 54% do capital da Agre esteja em negociação na bolsa. A Veremonte será a maior acionista da nova empresa.
Jornal do Commercio, 28/set
A Cyrela Brazil Realty, maior incorporadora imobiliária do País, vendeu sua participação de 23% no capital social da Agra Empreendimentos Imobiliários por R$ 304,5 milhões. De acordo com um comunicado divulgado pela companhia, as ações foram vendidas, em partes iguais, para os investidores BRF Investimentos e Participações e Caripó Participações. A participação da Cyrela na Agra foi adquirida em outubro do ano passado.
Cinco meses antes, a empresa havia anunciado a intenção de adquirir a totalidade das ações da Agra, mas o negócio foi desfeito por causa da "impossibilidade de compatibilização dos compromissos assumidos pelas companhias perante seus respectivos parceiros, no que tange à exclusividade de atuação conjunta com tais parceiros em certas regiões do País".
Com a rescisão do contrato, a Cyrela se comprometeu a adquirir participações da Agra em algumas sociedades de propósito específico, criadas para o desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, por R$ 120 milhões. Alguns meses depois de a Cyrela adquirir essas participações - que resultaram na fatia de 23% da Cyrela no capital social da Agra -, esta se associou à Veremonte Participações, empresa do polêmico investidor espanhol Enrique Bañuelos.
No mercado, comenta-se que Elie Horn, fundador da Cyrela, não via com bons olhos a associação com Bañuelos, responsável por provocar um dos maiores estragos no mercado acionário espanhol, após a revelação de que sua empresa, até então uma estrela do mercado, teria inflado resultados.
Depois da Agra, a Veremonte adquiriu participações na Abyara e na Klabin Segall. No início do mês, o grupo anunciou a integração das operações das três empresas imobiliárias, criando a Agre. Os papéis das três companhias serão substituídos pelas ações da Agre, a serem negociadas no Novo Mercado.
A empresa nasce com patrimônio de R$ 1,5 bilhão e banco de terrenos de R$ 19 bilhões. Após a reestruturação, a intenção é que 54% do capital da Agre esteja em negociação na bolsa. A Veremonte será a maior acionista da nova empresa.
Assinar:
Postagens (Atom)