quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cyrela é construtora que mais lucra na América Latina e EUA

Folha de São Paulo, 26/nov

A construtora e incorporadora Cyrela Realty é a empresa mais lucrativa do setor entre as companhias semelhantes da América Latina e Estados Unidos, de acordo com levantamento da consultoria Economática.

Para a pesquisa, que considera somente as empresas de capital, a Economática listou as companhias de construção de edifícios residenciais e de empreendimentos imobiliários e destacou as 20 mais lucrativas no terceiro trimestre de 2009.

A Cyrela registrou lucro de US$ 148,5 milhões. Em seguida vem a NVR (US$ 72,1 milhões), dos EUA. Entre as 20 mais lucrativas, há 12 empresas brasileiras, quatro mexicanas, três americanas e uma peruana.

Na análise da margem liquida das 20 mais lucrativas, a Agra Incorporadora tem o melhor desempenho, com 62,54%. As oito primeiras da lista são brasileiras.

A Economática informou que, para calcular os lucros em dólares, foram divididos os resultados do trimestre pelo dólar de 30 de setembro. No Brasil foi utilizada a cotação do dólar para venda.
O conquistador espanhol

O empresário Enrique Bañuelos viveu uma infância miserável, tornou-se um dos 100 homens mais ricos do mundo e viu seu império desmoronar na Europa. Agora, tenta reconstruir a fortuna num dos mais pujantes mercados imobiliários do mundo - o do Brasil

Por Marcelo Onaga | 12.11.2009 | 00h01 Exame/negócios

Há um ano, o setor imobiliário brasileiro estava envolto em incertezas. Depois de um período de crescimento exuberante, as empresas - grandes e pequenas - se viram diante de uma crise que prometia mudar a cara do mercado para pior e que parecia ter potencial para varrer do mapa companhias enfraquecidas financeiramente.

Empreendimentos eram cancelados, demissões ocorriam às centenas, bancos restringiam ao máximo a concessão de crédito. As projeções de especialistas eram sombrias. Perdida em meio aos índices e atarantada com o que acontecia no mundo, a maioria deles previa um período de seca longo e severo. Foi nessa hora de medo que o mercado imobiliário se viu diante de um novo e enigmático personagem. O espanhol Enrique Bañuelos de Castro, investidor tão rico quanto polêmico, chegou ao Brasil no final de 2008 com o objetivo de comprar empresas e criar uma incorporadora capaz de concorrer com potências como a Cyrela, de Elie Horn, e a Gafisa, que tem entre seus acionistas o investidor americano Sam Zell. Nascido em Sagunto, cidadezinha costeira de 60 000 habitantes localizada na região de Valência, 43 anos, cerca de 1,70 metro de altura, discurso sedutor e olhar determinado, Bañuelos desembarcou em São Paulo com uma fortuna pessoal de cerca de 2 bilhões de dólares -- e a incômoda fama de ter sido o protagonista do processo de criação e destruição de uma bolha que derrubou o mercado imobiliário espanhol em 2007. "Quando ele chegou, fiquei apreensivo, como a maioria das pessoas do setor", diz Sérgio Carettoni, sócio da paulista GAS Investimentos, que tem participações minoritárias em diversas incorporadoras brasileiras.

Quase um ano se passou e a crise fez estragos muito menores do que os previstos pelos analistas. O mercado imobiliário brasileiro continuou a ser um dos mais pujantes do mundo - e hoje os analistas recomendam com ênfase as ações das empresas do setor. Bañuelos, porém, soube aproveitar melhor do que ninguém o período de medo. Nos últimos meses, sua empresa, a Veremonte Participações, investiu cerca de 500 milhões de reais em quatro aquisições. Em dezembro de 2008, comprou uma participação de 7% na Agra, incorporadora paulista controlada pelo empresário Luiz Roberto Silveira Pinto. Na sequência, adquiriu o controle da Abyara e da Klabin Segall, companhias de médio porte que enfrentavam problemas de caixa e estavam à beira de um colapso. Em setembro, Bañuelos e Silveira Pinto adquiriram os 20% de participação que Elie Horn, dono da Cyrela, possuía na Agra. Finalmente, há poucas semanas, Bañuelos reuniu todas essas companhias sob um novo nome - Agre, que nasce como a quinta maior empresa de um setor gigantesco, que movimenta 180 bilhões de reais ao ano e é responsável por 6,2% do PIB brasileiro.

A expectativa das incorporadoras e imobiliárias é que a maior oferta de crédito, a retomada do consumo pelas classes A e B e o impulso do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, deem início a um dos períodos mais prósperos da história do setor e transformem o mercado brasileiro num dos maiores campos de oportunidades do mundo nos próximos anos. "Em 2010, o volume de lançamentos deve chegar perto do que foi em 2007 e 2008, quando as vendas foram muito fortes", diz Cristiane Amaral, sócia da consultoria Ernst&Young responsável pela área de construção civil.

Em entrevista exclusiva a EXAME - a primeira a uma publicação brasileira -, Bañuelos diz que sua investida no setor imobiliário é só o começo. "O Brasil é o grande país emergente do momento", diz. "Para quem quer fazer negócios, está à frente, inclusive, da China."

Sob muitos aspectos, o espanhol Bañuelos é a personificação do investidor estrangeiro que começa a descobrir o país como um lugar para colocar dinheiro e fazer negócios. Como recentemente afirmou Marcelo Telles, um dos controladores da cervejaria AB InBev: "Nunca vi tanto entusiasmo em relação ao Brasil". No ano passado, os investimentos estrangeiros diretos (aqueles dirigidos ao setor produtivo) somaram 45 bilhões de dólares, volume 350% maior do que os 10 bilhões de dólares investidos em 2003.

Bañuelos também afirma que o setor imobiliário deve ser o primeiro de uma série de outros que receberão dinheiro da Veremonte. Ele acaba de fechar duas parcerias que vão transformá-lo no maior empresário do setor hoteleiro do Brasil. Uma delas é com a francesa Accor. "Juntos, vamos investir 480 milhões de reais na construção de 4 880quartos de hotéis populares", afirma Bañuelos. "A administração ficará com a Accor." Os hotéis econômicos devem ficar prontos em três anos e serão erguidos em cidades interioranas e em pequenas capitais. Bañuelos pretende, assim, ganhar com o crescimento regional de um país no qual a atividade econômica ainda se concentra no eixo Rio-São Paulo, mas começa a emergir no interior.

A outra parceria é com a família real dos Emirados Árabes, controladora da rede de hotéis Jumeirah, dona, entre outros, do Burj Al Arab, cartão-postal de Dubai. Bañuelos construirá, em parceria com os xeiques, 1 000 quartos de hotéis de luxo. Os empreendimentos -- hotéis de cinco e seis estrelas -- serão erguidos no Rio de Janeiro. Bañuelos, nesse caso, enxerga as oportunidades da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016.

Entre seus alvos de aquisição no setor imobiliário está também o complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, na Bahia. O negócio quase foi fechado no ano passado. (Além de aumentar sua atuação no setor de imóvel, o Costa do Sauípe o ajudaria a entrar na área de turismo. Outro alvo, nesse setor, seria a CVC, maior operadora do país.)

Filho de um operário de uma companhia siderúrgica que morreu quando ele tinha 9 anos de idade e de uma dona de casa, Bañuelos é descrito por seus amigos como um homem ambicioso. E como um megalômano por seus críticos e inimigos. "Ele pensa grande, fala como se fazer negócios milionários fosse fácil", diz um empresário do setor imobiliário, com faturamento de mais de 1 bilhão de reais por ano e que recentemente foi procurado pelo espanhol. "Sua postura assusta."

Bañuelos, de fato, é profícuo ao perfilar seus planos de investimento. Envolve seus interlocutores com discursos cheios de entusiasmo e planos ambiciosos. O setor imobiliário seria apenas um entre seus vários investimentos no Brasil.

Segundo ele, em 2010 a Veremonte investirá 2 bilhões de reais em negócios ligados às áreas de saúde, energia, infraestrutura, shopping centers, meio ambiente, alimentação e financiamento imobiliário. O dinheiro não virá todo de sua fortuna pessoal, diz Bañuelos. Boa parte dos recursos aplicados será de fundos de investimento americanos, europeus, árabes e chineses - ele não revela os nomes.

Sua investida em vários setores - não por acaso, todos apontados como de grande potencial de crescimento nos próximos anos - pode ser tachada de falta de foco ou de arrivismo. Para Bañuelos, porém, é pura estratégia. "Sempre começo as atividades em um país pelo setor imobiliário", afirma. "Depois, parto para outros setores." Foi assim que ele fez na Espanha, onde, depois de criar a Astroc, sua incorporadora imobiliária, investiu na companhia energética Union Fenosa, no banco Sabadell e na companhia de táxi aéreo Rentalia. Agora, repete o roteiro no Brasil, em países do Leste Europeu, no Oriente Médio e na China.

Desde que deixou a Espanha, em 2007, Bañuelos decidiu aliar-se a parceiros locais e ficar fora da gestão das companhias nas quais investe. Ele também não participa dos conselhos de administração. Para diversos executivos ouvidos por EXAME, essa seria a forma de evitar que sua imagem de empresário polêmico - adquirida após o rompimento da bolha imobiliária espanhola - contamine os negócios no Brasil. "Muitas empresas e bancos não querem fazer negócios com ele por desconfiança", diz um executivo de uma grande incorporadora.

Para os espanhóis, Bañuelos passou rapidamente de um fenômeno de mobilidade social e empreendedorismo a personagem vital da atual crise financeira. Em 2006, a Astroc, especializada em imóveis de veraneio na costa de Valência, havia se tornado uma das maiores incorporadoras do país. Na época, sua especialidade era comprar terrenos em áreas rurais que, mais tarde, eram transformadas em regiões urbanas. Com a farra mundial de crédito, espanhóis, ingleses e nórdicos passaram a comprar sua segunda casa na região. A Astroc explodiu. No início de 2006, Bañuelos abriu o capital da companhia com o projeto de transformá-la num negócio nacional. No IPO, 25% das ações ofertadas foram compradas por grandes investidores institucionais, como o empresário espanhol Amâncio Ortega, dono da rede varejista Zara. Lançadas a 9 dólares, as ações atingiram 98 dólares menos de nove meses depois. A procura motivou a Astroc a fazer uma nova oferta, mantendo 51% do capital. Bañuelos foi alçado à posição de terceiro homem mais rico da Espanha e 95º homem mais rico do mundo, com uma fortuna de 7,7 bilhões de dólares, segundo a revista americana Forbes. Em 2006, ao inaugurar sua fundação voltada para projetos sociais e artísticos em Nova York, ofereceu uma paella a 28 000 pessoas convidadas ou que passavam pelo Central Park.

O sonho começaria a ruir em março de 2007, quando as ações da Astroc se tornaram alvo de forte especulação e começaram a despencar. Um mês depois, valiam 4 dólares, obrigando Bañuelos a deixar o comando da empresa. No dia seguinte à sua saída, os papéis valorizaram 39%. Com a queda, o empresário tornou-se uma espécie de inimigo público do país. O advogado Felipe Izquierdo entrou com uma ação na Justiça espanhola acusando Bañuelos de fraude em balanços e de fazer transações com partes relacionadas para valorizar as ações da Astroc. Izquierdo representaria 50 investidores (ele não revela os nomes) e calcula ter perdido 20 000 euros com as ações da Astroc. O processo foi arquivado, reaberto e até hoje não foi julgado.

Atualmente, Bañuelos tem menos de 5% das ações da Afirma, empresa que sucedeu a Astroc, e vendeu sua participação de 4% no banco Sabadell. Ele põe na conta do conservadorismo espanhol os ataques sofridos desde o estouro da bolha. Para Bañuelos, a alta sociedade do país nunca teria visto com bons olhos o filho de um operário, sem nenhuma tradição, se tornar um dos homens mais ricos do mundo.

Apesar de sua distância do dia a dia das empresas, seria um erro tratar Bañuelos como mero investidor institucional. É ele quem define a estratégia e o plano de crescimento de suas companhias. Depois, entrega a execução às pessoas que escolheu.

No Brasil, Bañuelos elegeu dois homens de confiança. Um deles é Marcelo Parachinni, ex-vice-presidente do banco Santander na Espanha e principal executivo da Veremonte. É ele quem busca novos negócios para que o espanhol invista. O outro é Silveira Pinto, seu sócio na Agre. Fundador da Agra, ele é considerado pelo setor um dos grandes gestores de incorporadoras no país. Sua credibilidade com os bancos também foi decisiva na escolha da parceria. Coube a Silveira Pinto acertar a compra da Abyara e da Klabin Segall e renegociar suas dívidas, de mais de 1,2 bilhão de reais, com os bancos.

A compra das duas incorporadoras revelou a forma arrojada como Bañuelos e seus enviados fazem negócios. Não houve processos de auditoria em nenhuma das companhias. A situação de caixa de ambas era crítica e foi necessária uma ação rápida. "Eles assumiram o risco e aproveitaram um momento de preços muito baixos para comprar duas empresas boas que enfrentavam problemas", diz Eduardo Silveira, analista de construção civil do Banco Fator.

A derrocada cinematográfica em seu país natal, a Espanha, representou para Bañuelos não apenas uma mudança em sua estratégia de negócios como também afetou profundamente sua vida pessoal. A sede da Veremonte passou a ser Londres. É de lá que o jato executivo Gulfstream 550 da Rentalia decola para levá-lo a diversos pontos do mundo. Seu destino mais frequente é o Brasil, onde já passou 160 dias deste ano. Até o final de outubro, Bañuelos costumava se hospedar em hotéis paulistanos durante as visitas ao país. Há poucas semanas, mudou-se para uma cobertura na Vila Nova Conceição, bairro nobre ao lado do Parque Ibirapuera (adepto de meias maratonas, o empresário corre no parque vizinho sempre que pode). Seu lazer quando está no país se resume a passeios a pé pelas ruas de São Paulo. "Gosto de andar e não sei dirigir. Então caminho muito." Sua família continua morando em Valência. A mulher trabalha para o governo como fiscal de renda. As filhas, de 9 e 11anos de idade, estudam em uma escola comum, têm aulas particulares de mandarim e uma vida tão comum quanto garotas bilionárias podem ter. "Quero que elas cresçam como crianças normais", diz Bañuelos. Para matar a saudade, o empresário fala com as meninas duas vezes por dia por videoconferência. Nos fins de semana, ele voa para Valência ou a família se desloca para Londres.

O estilo de vida confortável que Bañuelos pode oferecer às filhas contrasta com sua infância difícil. Após a morte do pai, vítima de um acidente de trabalho, ele, a mãe e a irmã passaram por dificuldades financeiras. A empresa onde o pai trabalhara pagou seus estudos, mas não havia renda suficiente para as demais necessidades da família. "Muitas vezes a comida acabava antes de o mês terminar", diz ele. Aos 16 anos, juntamente com três amigos, ele abriu seu primeiro negócio, a Miel de Luna, uma pequena fabricante de mel. Aos 19, criou uma imobiliária. Uma década depois, sua empresa já tinha um tamanho respeitável. Começa, assim, sua vida de investidor no mercado de imóveis. Em 2005, sua empresa valia 1 bilhão de dólares.

Bañuelos venceu a miséria, sobreviveu, embora chamuscado, ao colapso no mercado espanhol e agora, aos 43 anos de idade, tenta repetir seu período de fausto no Brasil. "Aos poucos ele foi mostrando seus planos, investindo dinheiro próprio e vencendo a desconfiança", diz Sérgio Carettoni, acionista minoritário da Agre. Mas o próprio Bañuelos sabe que, para afastar as nuvens que o cercam, ele precisará fazer, de seus planos, negócios reais.
STJ suspende ações por perdas com planos econômicos

Por Mariângela Gallucci - 25.11.09

Brasília - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que todas as ações individuais de poupadores que reivindicam o pagamento de perdas decorrentes de planos econômicos devem ficar suspensas até que seja tomada uma decisão sobre o assunto em ações coletivas. Há estimativas de que existam cerca de 700 mil ações individuais nas quais correntistas cobram supostos prejuízos.

O STJ concluiu que no caso de existir uma ação coletiva instaurada antecipadamente, todos os processos individuais referentes ao caso devem ficar suspensos até que o tribunal analise qual índice de correção deve ser aplicado.

O Tribunal chegou a essa conclusão ao julgar um recurso de um correntista que teve a sua ação suspensa pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. De acordo com o poupador, esperar que o Judiciário decida a ação coletiva pode adiar a conclusão do seu processo.

No seu voto, o ministro relator, Sidnei Beneti, afirmou que o sistema processual brasileiro vem buscando soluções para o julgamento de processos repetitivos. Segundo ele, depois do julgamento da ação coletiva, o processo individual poderá ser julgado logo, de acordo com o entendimento que prevaleceu no julgamento da ação civil pública.

"O enfoque jurisdicional dos processos repetitivos vem decididamente no sentido de fazer agrupar a macro-lide neles contida, a qual em cada um deles identicamente se repete, em poucos processos, suficientes para o conhecimento e a decisão de todos as aspectos, de modo a cumprir-se a prestação jurisdicional sem verdadeira inundação dos órgãos judiciários pela massa de processos individuais, que, por vezes às centenas de milhares, inviabilizam a atuação judiciária", afirmou Beneti durante o julgamento.

sábado, 14 de novembro de 2009

Cadastro desafia administradoras de condomínios

Valor Econômico, 13/nov

O Débito Direto Autorizado (DDA) trará benefícios às administradoras de condomínios e aos clientes, mas há desafios a resolver, avaliam os empresários do ramo. Uma das maiores dificuldades é a atualização do cadastro. O Secovi-SP, sindicato que representa 40 mil empresas do setor imobiliário e de condomínios do estado de São Paulo, estima que a adaptação pode levar de um a dois anos. Para empresas que já trabalham com boletos de cobrança escriturada, aderir ao DDA é relativamente simples, mas alguns ajustes são necessários, como no caso de pagamentos com descontos especiais ou pagamentos depois do vencimento do boleto.

"O centro da questão é anterior ao DDA e está relacionado ao cadastro", diz a gerente de marketing da Lello Condomínios, Angélica Arbex. "Legalmente, o responsável pelo pagamento da cota condominial é o proprietário que consta no registro de imóveis de cada unidade autônoma, mas este é um cadastro dinâmico, pois os imóveis são comercializados e são alteradas as titularidades", explica. A Lello montou uma força-tarefa para atualizar e conferir o cadastro de 65 mil unidades habitacionais na Grande São Paulo, Guarujá e Bertioga. É uma operação complexa, que envolve a verificação dos números de CPF e de outros documentos.

A empresa também está avaliando a prestação de contas. Pelo sistema atual, os condôminos recebem o balancete do mês anterior no mesmo documento em que está o boleto para pagamento da cota do condomínio. Os que optarem pelo DDA vão receber por meio eletrônico apenas o código de barras para pagamento, sem a prestação de contas. "Nós preferimos não abrir mão do envio do boleto físico neste momento, mesmo quando a operação de cadastro tiver sido finalizada", diz Angélica. Ela enfatiza que a opção de pagar as contas pelo DDA não é da administradora, e sim do cliente: "Eu mesma já pago minhas contas pela internet, mas ainda vou esperar uns três meses para estudar melhor o novo sistema".

Cautela também é a postura da administradora de condomínios Art Company, que tem em carteira 4.500 apartamentos e casas. "Vamos esperar 60 dias e primeiro fazer um teste com as empresas do nosso grupo - uma metalúrgica, uma prestadora de serviços em siderurgia e uma banca advocatícia", diz o empresário Ricardo Pereira Ribeiro. Ele está certo de que haverá redução de custos, mas acha que o grande problema do DDA é a cobrança sem registro no banco. Por isso, a empresa não vai abrir mão do boleto em papel. "Fomos informados pelo Itaú de que, mais para a frente, todas as cobranças vão ser realizadas com registro - aí sim, vamos ter certeza que os pagamentos estão sendo feitos".

O vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP, Hubert Gebara, avalia que a adoção do DDA é vantajosa, mas não vai resolver de um dia para o outro o problema da segurança de pagamentos nem eliminar o papel. "A tendência é que todas as empresas deverão se adaptar ao novo sistema, mas a maior dificuldade vai ser a obtenção CPF ou do CNPJ dos nossos clientes", afirma. "Uma empresa de porte médio administra em torno de 400 edifícios, o equivalente a 20 ou 30 mil condôminos. Como conseguir essas informações de maneira rápida? Os que forem aderindo ao DDA têm interesse em fornecer seus dados, mas os que não quiserem, não podem ser obrigados".

Entre as facilidades para os clientes, o vice-presidente do Secovi menciona o pagamento remoto por celular ou notebook e a redução de despesas com correio, quando todos aderirem. Até lá, deverá funcionar um sistema misto, o que, numa primeira etapa, aumenta o trabalho das administradoras e, consequentemente, seu custo operacional. Na avaliação de Gebara, uma das principais confusões das pessoas para entender o DDA é achar que a letra "A" se refere a débito "automático", quando na realidade é débito "autorizado" - o dinheiro só sai da conta quando o titular da mesma autoriza o pagamento.

O novo sistema de pagamentos eletrônicos está abrindo oportunidades na área de tecnologia da informação. É o caso da empresa Nexxera, de Florianópolis, que desenvolveu a plataforma NexxDDA para varredura, captura, apresentação e pagamento de compromissos de pessoas jurídicas. "Criamos uma facilidade para que o credor possa entregar e gerenciar os recebíveis e, ao mesmo tempo, para que o sacado reduza seu custo operacional", diz o diretor Edson Silva. Outra plataforma eletrônica da Nexxera, batizada de "Sem Fila", é voltada para pessoas físicas e tem aplicação indicada em condomínios. O software, distribuído gratuitamente, permite que o usuário pague contas e monitore compromissos pelo celular ou internet. "Acreditamos que a telefonia móvel vai ser uma das grandes alavancas para o DDA", diz Silva.
Com R$ 1 bi em caixa, Rossi monta plano ousado

Valor Econômico, Daniela D'Ambrosio, 13/nov

A Rossi passou por um teste importante no último ano. Alvo constante de críticas por conta da presença da família na gestão, a empresa tratou de acelerar a sua profissionalização. Conseguiu captar quase R$ 1 bilhão em uma oferta de ações na bolsa, dinheiro que garante fôlego para um plano de expansão ousado e um novo desafio: caminhar cada vez mais para o mercado de baixa renda e reviver os tempos de Plano 100, programa que a lançou no segmento popular nos anos 90 - só que com uma empresa muito maior e um mercado muito mais competitivo.

A Rossi Residencial deve fechar 2009 com praticamente o mesmo volume de vendas (R$ 1,6 bilhão) e lançamentos (R$ 2 bilhões) do ano anterior - enquanto os concorrentes diretos, MRV, PDG Realty e Gafisa estão avançando. Mas, para sinalizar ao mercado que vai subir um degrau e atingir um novo patamar, divulgou uma projeção de lançamentos ambiciosa para os próximos dois anos. Vai lançar entre R$ 3,1 bilhões e R$ 3,5 bilhões no próximo ano e entre R$ 4,4 bilhões e R$ 4,8 bilhões em 2011, quando chegará no patamar de 40 mil unidades populares. Para efeito de comparação, a PDG Realty anunciou lançamentos de R$ 4,55 bilhões em média para 2010 e a MRV projeta vendas médias de R$ 4 bilhões.

Um passo nessa direção foi dado no terceiro trimestre. A empresa lançou entre julho e setembro R$ 1,1 bilhão - no primeiro semestre havia lançado apenas R$ 300 milhões. Até agora, somente a PDG Realty anunciou lançamentos acima de R$ 1 bilhão no período. Apesar do aumento gradativo da velocidade de vendas nos últimos quatro trimestres - de 13,5% nos últimos três meses do ano passado para 20,8% entre julho e setembro deste ano - as vendas contratadas não evoluíram na mesma velocidade dos lançamentos. No terceiro trimestre, a Rossi fechou com vendas contratadas de R$ 517 milhões, queda de 4% em relação ao mesmo período de 2008.

O número coloca a Rossi aquém do grupo das cinco maiores. Nesse time, que inclui Cyrela, MRV, PDG, Gafisa e Rossi, a empresa que carrega o sobrenome da família se destaca em outros quesitos, como liquidez dos papéis na bolsa, por exemplo, mas tem vendas pelo menos R$ 200 milhões abaixo das concorrentes diretas. Para os analistas, trata-se de uma empresa boa operacionalmente, que está melhorando a gestão - embora ainda haja um ou outra ressalva -, mas que precisa se igualar com as concorrentes no quesito vendas.

A contratação de Cássio Audi para a diretoria de relações com investidores no fim do ano passado foi muito bem vista. Cássio, que veio do mercado de bens de consumo, substituiu Sérgio Rossi Cuppoloni, filho de Edmundo Rossi, um dos fundadores. Hoje, quatro membros da família - da primeira e da segunda geração, Rafael filho de João, além de Sérgio e Edmundo- estão no conselho, que também conta com a presença de Eduardo Levy, ex-presidente da Bovespa, como conselheiro profissional. Hoje, resta apenas Renata Rossi no dia-a-dia da empresa, como diretora de recursos humanos. "Nós queremos que ela esteja", afirma Heitor Cantergiani, presidente da empresa que está no grupo há mais de 20 anos e ocupa o cargo há quase oito.

Cantergiani destaca o aumento das margens da companhia nos últimos trimestres. A margem líquida saiu de 10% no terceiro trimestre do ano passado para 14,3% este ano -está acima da Gafisa, mas abaixo de PDG, duas do grupo das cinco que já soltaram balanço. O lucro líquido fechou em R$ 61,8 milhões, alta de 73,7% acima do terceiro trimestre de 2008. O aumento do lucro deve-se ao controle das despesas administrativas e comerciais, cujo percentual sobre o volume lançado caiu de 6% para 2,8% do segundo para o terceiro trimestre. "Estamos registrando recordes de crescimento e rentabilidade", diz Cantergiani.

Assim como todo o setor, a Rossi pretende concentrar sua atuação no segmento popular. Hoje, 45% do negócio está na baixa renda e a ideia é atingir 60% dos lançamentos no setor. "Temos experiência para isso, da época do Plano 100", diz. A Rossi faz questão de enfatizar a diversificação geográfica como um diferencial. Já tem seis escritórios regionais e vai abrir mais dois: no oeste paulista e em Manaus. Está em 65 cidades e pretende chegar a 110 em dois anos.
Recorde

Monitor Mercantil, 13/nov

O ritmo de vendas de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo foi
recorde em setembro, segundo divulgou nesta quinta-feira o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). O indicador Vendas Sobre Oferta (VSO) ficou em 30,8% no mês, o que indica que para cada 1.000 unidades ofertadas, 308 foram vendidas. Em agosto, o VSO foi de 22,7%. Em setembro, foram vendidas 5.049 unidades, 98,5% acima do mesmo mês do ano passado e 41,1% superiores às vendas de agosto. Conforme o Secovi-SP, o volume vendido em setembro só não superou as 5.428 unidades registradas em dezembro de 2007.
BB quer financiar mais casas

O Dia, 13/nov

Investir cada vez mais em crédito habitacional. Essa será a política que o Banco do Brasil passará a adotar. A instituição financeira estatal pretende praticamente dobrar sua oferta de financiamentos imobiliários em 2010. Ao divulgar, ontem, resultados do terceiro trimestre de 2009, a direção do BB estimou fechar este ano com R$ 1,6 bilhão em contratos. Para o ano que vem, a expectativa é que esse valor suba para R$ 3 bilhões.

Segundo Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do Banco do Brasil, a intenção é estar entre as três maiores instituições de crédito imobiliário no País até 2013. Até lá, considerando valores atuais, o executivo diz que o BB oferecerá o equivalente a R$ 5 bilhões. "Crédito imobiliário é o segmento de financiamento que mais cresce no País", afirma.

As linhas serão oferecidas nas agências e em parceria com construtoras. Para financiamento com recursos da poupança, Caffarelli diz que a taxa de juros é equivalente à da Caixa Econômica Federal.

Mas a estratégia de venda de crédito imobiliário do BB não será igual à da Caixa, que hoje concentra 70% desse mercado no País. Caffarelli explica que a meta é disputar mercado com os grandes bancos privados. Para isso, além de dinheiro da poupança, o banco também oferecerá linhas de recursos próprios e captados com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A instituição, que começou a oferecer essa modalidade de crédito no fim de 2007, espera crescer graças à autorização de usar parte dos recursos aplicados na poupança para financiar imóveis. Atualmente, o BB tem saldo de R$ 72 bilhões na caderneta. Desse total, R$ 4,7 bilhões poderiam ser usados para o crédito imobiliário.

O BB quer crescer por considerar ainda pequena sua participação no financiamento da casa própria. No segundo trimestre do ano, era de 1,1%, registrando leve alta, para 1,3%, ao fim de setembro de 2009.

Programa especial para mulheres

Mulheres que sustentam suas famílias terão uma linha especial de financiamento da casa própria. A proposta que cria o Programa Nacional de Habitação para Mulheres com Responsabilidades de Sustento da Família foi aprovada pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. O texto é o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 885/95.

Pela matéria aprovada, o programa deve destinar cota mínima dos projetos habitacionais do governo para atender a mulheres com renda mensal de até três mínimos (R$ 1.395).

A beneficiada deve ser a única responsável pelo sustento da família e ter filhos de até 14 anos. O texto diz que as famílias residentes em áreas consideradas de risco devem ser privilegiadas.
FGTS usa fundo de recebíveis para dar crédito imobiliário

Valor Econômico, Alessandra Bellotto, 13/nov

Construtoras de pequeno e médio porte terão acesso a R$ 450 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS ) para financiar a construção de empreendimentos imobiliários residenciais enquadrados nas regras do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A operação será realizada usando a estrutura de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com administração da Caixa Econômica Federal e consultoria de investimentos da RB Capital Realty.

Batizado de Caixa RB Capital Habitação FIDC Imobiliário, o fundo vai aplicar os recursos do FGTS (cotista) na aquisição de recebíveis originados dos contratos de financiamento com as construtoras na forma de certificados recebíveis imobiliários (CRI), cédulas de crédito CCI ou debêntures. O prazo é de cinco anos.

Essa não é a primeira investida do FGTS no setor. Desde que anunciou no fim de 2008 a criação de uma linha de R$ 6 bilhões para financiar habitação - há um demanda de R$ 9,5 bilhões -, o conselho curador do fundo já destinou R$ 1,7 bilhão para a compra de debêntures das construtoras Odebrecht, Tenda, PDG Realty e Moura Dubeux - hoje, mais uma parceria será fechada.

"A criação do fundo é um marco importante, porque atende a uma demanda de construtoras de menor porte", disse Moreira Franco, vice-presidente da área de fundos de governo e loteria da Caixa e conselheiro do FGTS, em entrevista ao Valor. Além disso, vai funcionar como um suporte para o programa Minha Casa Minha Vida.

Hoje, destaca o sócio da RB Capital, Luis Claudio Garcia de Souza, as construtoras menores só têm acesso a crédito bancário, e quando tem. A operação é inovadora, segundo o executivo, uma vez que usa um veículo do mercado de capitais para financiar os projetos dessas empresas e a um custo bastante competitivo, indexado a TR. "O custo final para as incorporadoras ficará no piso hoje cobrado pelos bancos, que gira em torno de 11%, além da TR", afirma Souza.

Sem taxa de performance, acrescenta o executivo, não há incentivo para se cobrar mais - só há uma taxa de administração de 2% ao ano. "A missão do fundo é conceder crédito, não fazer spread." Outra vantagem do fundo é o tempo de aprovação do financiamento. Segundo o gerente operacional da área de fundos específicos da Caixa, Vítor Hugo Pinto, o prazo será menor do que os três a seis meses que um banco leva para fazer sua análise de viabilidade econômica.

A concessão do crédito, contudo, vai passar pelo crivo de um comitê de investimentos, formado por membros da Caixa e da RB Capital, e respeitar certas regras, como limites de concentração. Poderão acessar a linha construtoras das várias regiões do país e não só para financiar obras como para a aquisição de terrenos. Em análise já há projetos no valor de R$ 350 milhões. A expectativa é de que cerca de 3 mil unidades sejam financiadas por meio do fundo.
Imóveis

Folha de São Paulo Maria Cristina Frias, 13/nov

Após a retração nos lançamentos na crise, o mercado imobiliário retoma o fôlego. A Cury Construtora lançou o empreendimento Único Guarulhos, com 3.000 apartamentos, dentro do projeto Minha Casa, Minha Vida. Mais de 1.100 unidades já foram vendidas.

Imóveis 2

Já a incorporadora carioca Performance aposta no segmento comercial. Em dezembro, lançará o condomínio Dimension Office Park, na Barra da Tijuca, em parceria com Odebrecht, Sig e Mar. O valor geral de vendas é de R$ 260 milhões.
O CONQUISTADOR ESPANHOL
O empresário Enrique Bañuelos viveu uma infância miserável, tornou-se um dos 100 homens mais ricos do mundo e viu seu império desmoronar na Europa. Agora, tenta reconstruir a fortuna num dos mais pujantes mercados imobiliários do mundo - o do Brasil.

Por Marcelo Onaga | 12/11/2009 - Portal Exame

Há um ano, o setor imobiliário brasileiro estava envolto em incertezas. Depois de um período de crescimento exuberante, as empresas -- grandes e pequenas -- se viram diante de uma crise que prometia mudar a cara do mercado para pior e que parecia ter potencial para varrer do mapa companhias enfraquecidas financeiramente.

Empreendimentos eram cancelados, demissões ocorriam às centenas, bancos restringiam ao máximo a concessão de crédito. As projeções de especialistas eram sombrias. Perdida em meio aos índices e atarantada com o que acontecia no mundo, a maioria deles previa um período de seca longo e severo.

Foi nessa hora de medo que o mercado imobiliário se viu diante de um novo e enigmático personagem. O espanhol Enrique Bañuelos de Castro, investidor tão rico quanto polêmico, chegou ao Brasil no final de 2008 com o objetivo de comprar empresas e criar uma incorporadora capaz de concorrer com potências como a Cyrela, de Elie Horn, e a Gafisa, que tem entre seus acionistas o investidor americano Sam Zell.

Nascido em Sagunto, cidadezinha costeira de 60 000 habitantes localizada na região de Valência, 43 anos, cerca de 1,70 metro de altura, discurso sedutor e olhar determinado, Bañuelos desembarcou em São Paulo com uma fortuna pessoal de cerca de 2 bilhões de dólares -- e a incômoda fama de ter sido o protagonista do processo de criação e destruição de uma bolha que derrubou o mercado imobiliário espanhol em 2007

"Quando ele chegou, fiquei apreensivo, como a maioria das pessoas do setor", diz Sérgio Carettoni, sócio da paulista GAS Investimentos, que tem participações minoritárias em diversas incorporadoras brasileiras.