segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cenário favorável

Folha de São Paulo, Janela, 23/ago

Com a crise financeira internacional prestes a completar um ano, a construção civil brasileira mostra recuperação de seu nível de atividade.O indicador mais expressivo é o emprego no setor.

Em julho, o setor registrou o segundo melhor resultado da série do Caged, com a geração de 32.175 empregos no país, suficientes para superar em 17.669 as vagas fechadas no último bimestre de 2008.

Em junho, a construção civil do Estado de São Paulo já havia conseguido restabelecer as vagas fechadas por conta da crise. Abriu 28.803 delas, superando largamente as 17.950 demissões ocorridas em novembro e dezembro de 2008.

Este desempenho foi mais acentuado no município de São Paulo, onde haviam sido fechados 6.875 empregos no setor em novembro e dezembro de 2008, mas abertos 15.829 de janeiro a junho de 2009, como mostra a pesquisa de emprego do SindusCon-SP feita com a FGV Projetos.

Uma leitura mais atenta revela que a atividade se recuperou, mas num ritmo menos acelerado. Os novos empregos da construção brasileira no primeiro semestre de 2009 representaram crescimento de 8,4%, contra 16% no mesmo período de 2008.

Outro dado significativo é que as obras de infraestrutura passaram a gerar mais empregos. Em 2008, 45% das vagas criadas no primeiro semestre provinham da área imobiliária e apenas 22% foram criadas no setor de infraestrutura. Em 2009, essa relação quase se inverte: 29% das vagas nasceram na área imobiliária e 32% no segmento de infraestrutura.

Essa nova dinâmica espelha o aumento do volume de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e dos programas de expansão da infraestrutura de Estados e Municípios.

Mas ela também começa a refletir os efeitos da redução das vendas no mercado imobiliário nos últimos meses de 2008 e nos primeiros de 2009. O número de lançamentos naquele período caiu. Na Região Metropolitana de São Paulo, essa queda foi de 55% no primeiro semestre de 2009, na comparação com o mesmo período de 2008.

A comercialização foi retomada. Na cidade de São Paulo, 8.150 unidades residenciais novas foram colocadas à venda e 14.368 foram comercializadas de janeiro a junho de 2009. Isto mostra um escoamento dos estoques de imóveis em produção. E comprova que a confiança dos adquirentes em investirem em imóveis na planta ou em construção não sofreu novo abalo depois do auge da crise.

No curto prazo, ninguém espera retornar ao patamar de 2007 e 2008, quando foram lançadas 73 mil unidades. Mas a tendência visível é de aumento crescente na oferta e na comercialização de imóveis.

No Brasil, o crédito imobiliário cresceu 5,1% no primeiro semestre. Os fundos de investimentos privados e os fundos de pensão estão se preparando para retomar os investimentos em imóveis, diante da queda dos juros. Isso certamente irá favorecer o segmento da construção residencial e reativar os setores de edificações industriais e comerciais.

Outro fator que contribuirá para a retomada do segmento residencial será o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Nesse ponto, será crucial a velocidade de aprovação dos projetos e do início das obras, que deverão se intensificar em 2010.

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