segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Grandes empresas investem na venda sem intermediários

Valor Econômico, Daniela D'Ambrósio, 25/set

Embora 40% do programa Minha Casa, Minha Vida seja direcionado ao público de até três salários mínimos de renda - que representa o grosso do déficit habitacional - as grandes empresas do setor avançaram muito pouco nesse segmento. Desde o início as construtoras anunciam interesse nesses projetos e até divulgam metas específicas para essa faixa de renda, mas, até o momento, muito pouca coisa saiu do papel.

O programa para o público de zero a três salários mínimos é diferenciado. As inscrições dos compradores são feitas diretamente nas prefeituras - que fazem parcerias e podem doar terrenos para as construtoras - a prestação é de até 10% da renda por um período de dez anos e o subsídio é de quase 90% do valor do imóvel. O aporte da União para atender essa faixa de renda, na qual o déficit habitacional é estimado em 91%, é de R$ 16 bilhões.

Desde o início do programa, as empresas consideraram baixos os valores máximos que o governo paga pelas unidades - ainda que não haja despesa de marketing e o imposto cobrado sobre o faturamento da obra caia de 7% para 1%. Os valores pagos pelas casas varia de R$ 37 mil a R$ 48 mil e dos apartamentos de R$ 41 mil a R$ 52 mil, dependendo da localidade. Em seis Estados do Nordeste, entre eles Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe, uma casa não pode custar mais do que R$ 37 mil, por exemplo. Já na região metropolitana de São Paulo, esses valores sobem para R$ 48 mil e R$ 52 mil, respectivamente.

De qualquer forma, as empresas comprometeram-se com o governo a atuar também nessa faixa de renda. "Como empresa, temos que fazer um negócio lucrativo, o que é mais difícil nesse caso, mas o zero a três faz parte do programa e temos que participar", afirma Rubens Menin, presidente da mineira MRV. A empresa está com quatro projetos para esse público, dois em Belo Horizonte, um em Araraquara e um em Campinas. Terá dois outros lançamentos, que estão prestes a sair, em parceria com as prefeituras.

Uma das saídas encontradas pelas construtoras é atuar no topo dessa faixa, com as famílias de três salários, oferecendo os empreendimentos diretamente para os compradores - sem que passem pelo cadastro da prefeitura. Nesse caso, os compradores conseguem ter um subsídio de R$ 23 mil e os benefícios do programa, como fundo garantidor (que garante o pagamento das prestações em caso de perda de emprego) e redução do seguro, mas terão que arcar com uma prestação bem maior do que até 10% da renda (cerca de R$ 250 , contra cerca de R$ 90) e pagam em até 30 anos, contra apenas 10 anos quando o cadastro é feito pela prefeitura.

"Chegamos em várias prefeituras e eles disseram que os projetos de zero a três salários mínimos daquele município já estavam comprometidos, que o seu limite de projetos esgotou", explica Eduardo Gorayeb, presidente da Rodobens Negócios Imobiliários. "Como a oferta de clientes é muito maior do que as prefeituras conseguirão atender, vamos trabalhar com esse excedente", diz. Dessa forma, as empresas também conseguem sair do limite de valor estipulado pelo governo, embora os empreendimentos tenham de ser avaliados pela Caixa.

No Rio de Janeiro, a Tenda vendeu um empreendimento diretamente para o público entre dois e três salários mínimos. "É um comprador que tem um carro e pode dar uma entrada, por exemplo", diz Paulo Mazzali, diretor de relações com investidores da Tenda. A empresa anunciou 5 mil unidades para o público de zero a três até 2010. Segundo Mazzali, este ano devem ser lançados um ou dois projetos, em terrenos que já tinha, e serão tocados em parceria com as prefeituras a partir de 2010. (DD)

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