domingo, 17 de maio de 2009

Cade avaliará a fusão de Sadia e Perdigão

Juliano Basile, Alda do Amaral Rocha e Graziella Valenti, de Brasília e São Paulo
15/05/2009

Fusão é um dos maiores desafios já enfrentados pelo órgão, por envolver diversos mercados no setor alimentício.

A fusão entre Sadia e Perdigão criará uma empresa gigante, a Brazil Foods, com forte poder de mercado em carnes, margarinas e na compra de grãos - ela deve consumir 20% do farelo de soja produzido no país. Mas quando confirmada, a fusão deverá ser suspensa pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) até que o caso seja analisado. O negócio é visto como um dos maiores desafios já enfrentados pelo órgão, tanto pelo tamanho da nova empresa quanto por envolver diversos mercados no setor de alimentos, o que aumenta a complexidade da análise da operação.

Nos últimos anos, o Cade tem determinado a suspensão de fusões e aquisições com características semelhantes. O objetivo é evitar o fato consumado, preservando as estruturas das empresas em separado para que, caso conclua que deva vetar o negócio, a decisão possa ser implementada. Isso ocorreu com a compra da Garoto pela Nestlé, com a aquisição da Varig pela Gol e com o segmento de provedores de internet na compra da Brasil Telecom pela Oi.

A nova companhia terá quase 33% do abate nacional de aves e 31% do de suínos. No varejo, sua força também impressiona: 65% no mercado de margarinas, 57% em industrializados de carnes, 68,3% em pizzas e 88% em massas prontas.

Até o fechamento desta edição, o contrato entre Sadia e Perdigão ainda não estava assinado. Mas já estava na fase de revisão, sem pendências de nenhuma ordem. O anúncio da operação está previsto para hoje. As companhias divulgaram seus balanços trimestrais ontem à noite, sem comentá-los. A composição da nova empresa será de 33% dos acionistas da Sadia e o restante da Perdigão.

A fusão foi providencial para a Sadia. Ela fechou o primeiro trimestre com patrimônio líquido de R$ 176,9 milhões, uma queda de 57% ante dezembro. Em junho de 2008, antes das perdas com derivativos, ele era de R$ 3,1 bilhões. Mais um trimestre como esse e ficaria com o patrimônio líquido negativo.

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