sexta-feira, 29 de maio de 2009

Companhias de capital aberto mostram boa perfomance

Gazeta Mercantil, Natália Flach, 28/mai/09

As empresas do mercado imobiliário tiveram, em geral, boa performance no primeiro trimestre do ano. "Uma parte relevante da crise foi atravessada com saúde", analisa Ricardo Almeida, professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa Agora (Insper). Ele acrescenta que as companhias estão sabendo trabalhar bem com o mercado de ações, e, que durante esse período, não correram risco de falir nem de cancelar a entrega de empreendimentos. Isso só foi possível porque as companhias adotaram a estratégia de postergar os seus lançamentos, para assim, assegurar um bom volume no caixa.

Segundo o professor da Insper, as empresas que melhor performaram foram aquelas que souberam ajustar a sua estrutura rapidamente. É o caso da EZTEC, por exemplo, que teve um resultado financeiro positivo devido às despesas operacionais, que foram 34% menores no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2008. A Inpar, por sua vez, teve um aumento de 33% na comparação dos dois períodos. A empresa declarou, em seu balanço, que vai reduzir as despesas no segundo trimestre.

Segundo Patrick Correa, analista da Máxima, a Rossi lançou R$ 143 milhões enquanto teve R$ 283 milhões em vendas contratadas. A Gafisa foi outra empresa que também foi bem no trimestre. Lançou R$ 160 milhões e vendeu R$ 558 milhões. A Klabin Segall não fez lançamentos e vendeu R$ 117 milhões. A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) e a Tenda fizeram o mesmo: não lançou, mas venderam bem. A primeira vendeu R$ 121 milhões de estoque e a outra, R$ 252 mil.

A empresa que mais vendeu foi a PDG, com R$ 719 milhões. E a Cyrela foi a única que lançou mais do que vendeu no período, somando R$ 60 milhões ao estoque. "A Tecnisa teve recuperação das vendas do quarto trimestre, a Rossi, por sua vez, teve recuperação na velocidade de vendas e a Gafisa teve um dos maiores lucros, de R$ 37 milhões", afirma Correa. O analista diz que a estratégia de queimar estoque foi motivada "pela prioridade dada aos projetos rentáveis e com margens maiores".

O analista diz ainda que 83% dos terrenos da Gafisa são elegíveis ao pacote habitacional do governo, enquanto da MRV chegam a 75% e da Rodobens, 95%. "Todas as empresas tiveram lucro, menos a Inpar, que teve R$ 18 milhões de prejuízo. Mas é bom lembrar que ela está capitalizada", afirma.

Para David Lawant, analista da Itaú Corretora, o resultado operacional das empresas foi fraco, "mas eu esperava que fosse ainda mais fraco". As boas surpresas do trimestre, na opinião do analista, foram a PDG, MRV e a Gafisa. Mas ele espera que nos próximos três meses os resultados vão ser mais fortes. "Acho que o pacote ajudou bastante, tanto é que algumas empresas mudaram o seu guidance", afirma.

Empresas

Luiz Rogélio Tolosa, diretor executivo de Relações Institucionais e com Investidores da Brascan, diz que o grande feito da companhia foi conseguir ler o mercado. "Percebemos que iria cair a oferta, mas não a demanda. Então, quem tivesse produtos na prateleira se sairia muito bem." Por isso mesmo, a Brascan aumentou em 110% o número de lançamentos, em relação ao primeiro trimestre de 2008. Foram R$ 267 milhões de lançamento e R$ 307 milhões em vendas contratadas. "Provamos que não havia tragédia no mercado", completa.

"Do ponto de vista contábil, embora o faturamento tenha aumentado, reprogramamos as nossas obras, o que não significa atraso. Caixa é fundamental e o crédito estava muito difícil." O caixa da empresa está tranquilo com R$ 2,5 bilhões. No momento da fusão com a Company, no terceiro trimestre de 2008, a dívida líquida da Brascan já era de R$ 436,6 milhões. A parceria utilizou R$ 200 milhões de caixa, elevando a dívida líquida para R$ 636,6 milhões. Ao final do primeiro trimestre de 2009, a dívida líquida era de R$ 796,1 milhões, que representa apenas 46,0% do Patrimônio Líquido.

Desta forma, "a Brascan entende que a dívida cresceu de forma lenta, refletindo principalmente o aumento nos lançamentos e as despesas que são naturais de uma fusão, como por exemplo investimento em sistema e consultorias".

Eduardo Cytrynowicz, diretor-adjunto de Relações com Investidor da Even, diz que do ponto de vista de receita o volume de vendas foi muito parecido com o do fim do ano passado. "A gente segurou os lançamentos. Só lançamos quando o financiamento está contratado, a demanda é garantida e há construtibilidade", diz.

Segundo ele, o custo operacional está controlado. "Readequamos a nossa estrutura e a nossa posição de caixa é confortável, com R$ 288 milhões, no primeiro trimestre de 2009. Fizemos uma capitalização de R$ 150 mil no fim do ano e não temos amortização de debêntures por agora. Só em outrubro de 2010", afirma. A dívida líquida da empresa é de R$ 617 milhões, sendo R$ 330 milhões de dívida líquida.

A comercialização dos imóveis retomou, segundo Cytrynowicz, no mês de março. O estoque é de R$ 1,4 bilhões, "mas vem diminuindo".

Na CCDI, o volume de vendas no primeiro trimestre foi bastante inferior em comparação ao mesmo período de 2008, quando foi vendido um empreendimento no Rio de Janeiro. "Mas tivemos uma velocidade de vendas melhor, a partir de março", afirma Fernando Bergamin, gerente de Relações com Investidores da CCDI. A companhia não fez lançamentos, com o intuito de vender estoque. "A taxa de endividamento é muito baixa, de apenas 15%, o que é bastante importante em um cenário de escassez", diz Leonardo Rocha, diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia

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