quinta-feira, 14 de maio de 2009

A REENCARNAÇÃO DE BAÑUELOS

O espanhol Enrique Bañuelos foi um expoente do mercado imobiliário de seu país. Seu negócio foi à lona - mas ele saiu bilionário. Comprando uma empresa após a outra, ele agora recomeça sua trajetória no Brasil

Por Eduardo Salgado, de São Paulo, e Rodrigo Mesquita, de Madri - 14/05/2009

No dia 22 de outubro, às 10 horas da noite, um avião Gulfstream G550 decolou do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino a Valência, na Espanha. Na aeronave de 18 lugares, estavam apenas quatro passageiros: o empreendedor espanhol Enrique Bañuelos, dono do avião, Marcelo Paracchini, seu principal executivo no Brasil, e dois sócios da incorporadora paulista Agra, Luiz Roberto Pinto, presidente, e Ricardo Setton, diretor de finanças.

Sem escalas, após cerca de 15 horas o quarteto aterrissou no Aeroporto de Manises. O espanhol e os sócios da Agra tinham sido apresentados por funcionários do banco de investimento Credit Suisse, em São Paulo, cerca de dez dias antes. Bañuelos - empresário que fez fortuna no mercado imobiliário espanhol e viu sua empresa ir à lona - já era um nome conhecido em São Paulo. Há vários meses, ele estudava oportunidades no Brasil, seu principal foco após ter diminuído sua presença na Espanha. Em setembro, esteve próximo de comprar o resort Costa de Sauípe, na Bahia, e a quem quisesse ouvir dizia que tinha decidido vir para o Brasil para montar um grande negócio.

Seu objetivo ao viajar para Valência era tirar da cabeça dos sócios da Agra qualquer dúvida que pudesse existir sobre seu passado. Já os empresários brasileiros queriam saber mais sobre o nome comumente associado na Espanha à formação e ao estouro de uma bolha especulativa que ajudou a mergulhar a economia em uma das piores recessões da Europa.

Uma vez instalados na casa de Bañuelos em Valência, Luiz Roberto Pinto e Ricardo Setton tiveram uma programação intensa, que incluiu contatos com a equipe local do espanhol. Passados quatro dias, já na volta, ambos os lados consideraram a missão cumprida. Bañuelos conseguiu impressionar os brasileiros, que, por sua vez, decidiram formar uma parceria com ele. Antes do final de 2008, Bañuelos já havia desembolsado 50 milhões de reais em duas etapas por uma participação de 7% na Agra.

Desde então, a Veremonte, empresa de Bañuelos no Brasil, e a Agra, fizeram um verdadeiro strike no mercado imobiliário. Sempre com o espanhol como sócio majoritário, compraram o controle de duas outras incorporadoras paulistas - a Abyara e a Klabin Segall. Seis meses após a decolagem rumo a Valência, Bañuelos, em parceria com a Agra, já era um concorrente de peso no setor. Juntas, Agra, Abyara e Klabin Segall têm o terceiro maior estoque de terrenos entre as incorporadoras brasileiras. No ano passado, as três empresas juntas estiveram na liderança em vendas de apartamentos.

"Não pretendemos parar por aqui", diz Paracchini, principal executivo da Veremonte. (Procurado por EXAME no Brasil e na Espanha, Bañuelos se negou a dar entrevista.) O próximo alvo, segundo executivos de bancos de investimento, pode ser a paulista Inpar. A Veremonte também estuda negócios nas áreas de varejo e alimentos.

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