Quando menos é mais
A crise trouxe os conservadores fundos DI e os títulos públicos e privados de volta à cena. EXAME consultou dez especialistas sobre a melhor estratégia para quem deixar o dinheiro investido por seis meses, um ano ou três anos
Revista EXAME - Por Juliana Garçon | 05.03.2009 | 17h17
Ninguém discute que os juros no Brasil são altos - basta olhar os rankings internacionais para constatar que o país está sempre nos primeiros lugares. Se entre os economistas e políticos o tema é motivo de acalorados debates, entre analistas financeiros reina o consenso: uma taxa de juro de dois dígitos representa uma excelente oportunidade para o investidor, especialmente em anos turbulentos. Mesmo que a Selic caia dos atuais 12,75% para cerca de 10% no final do ano, como acredita hoje a maior parte do mercado, é possível que os aplicadores embolsem nesse período um ganho de 5,5%, já descontada a inflação. Em outros tempos, esse retorno poderia parecer desinteressante - em 2007, o Ibovespa subiu quase 44,6%. Mas hoje, com a bolsa de valores sem uma tendência clara para o curto prazo, os ganhos da renda fixa se tornaram uma opção atraente.
No menu da renda fixa estão os Certificados de Depósito Bancário (os CDBs, títulos de dívida emitidos pelos bancos), os fundos DI (que acompanham as oscilações da Selic), os fundos de renda fixa (com suas carteiras recheadas de títulos de longo prazo), os títulos do governo (disponíveis via Tesouro Direto) e os títulos de dívida de empresas (como debêntures e notas promissórias). Para quem investe em renda fixa, fica a pergunta: o Ibovespa pode dar um retorno maior nos próximos 12 meses? Possível sempre é. O duro é ter alguma segurança de que isso vá ocorrer. Assim, colocar um percentual maior das economias na renda fixa parece ser uma alternativa sensata. As aplicações podem ser divididas em duas categorias. Nas pós-fixadas, a taxa muda à medida que a Selic sobe ou desce. Nas prefixadas, o investidor sabe, já no momento da aplicação, a taxa que irá remunerar seu dinheiro. EXAME ouviu dez especialistas sobre a melhor estratégia para um investidor moderado.
Para quem quer aplicar por 6 meses
E tem até 100 000 reais
Os consultores ouvidos sugerem investir 85 000 em renda fixa com a seguinte divisão: 60 000 reais num fundo DI com taxa de administração inferior a 1% e 25 000 reais em CDBs pós-fixados que pagam mais de 95% do CDI. A poupança é a melhor opção para os clientes de bancos que não oferecem essas condições.
E tem 250 000 reais
O indicado é investir 215 000 em renda fixa. A melhor opção é aplicar 125 000 reais num fundo DI com taxa de administração inferior a 0,75% e 90 000 reais em CDBs pós-fixados com taxa entre 98% e 100% do CDI.
E tem 500 000 reais
A estratégia é investir 430 000 em renda fixa da seguinte forma: 250 000 reais num fundo DI com taxa de administração inferior a 0,5% e 180 000 reais em CDBs pós-fixados com taxa superior a 100% do CDI. Se o banco quebrar, um colchão de segurança mantido pelo BC devolve o equivalente a 60 000 reais. Em razão dessa regra, vale a pena o investidor pensar em dividir os 180 000 entre três bancos.
Para quem quer aplicar por 1 ano
E tem até 100 000 reais
Os analistas sugerem o investimento de 85 000 em renda fixa com a seguinte divisão: 55 000 reais num fundo DI com taxa de administração inferior a 1%, 20 000 reais em CDBs pós-fixados que pagam mais de 95% do CDI e 10 000 reais em fundos de renda fixa (de preferência, os que tenham NTN-Bs, títulos indexados à inflação).
E tem 250 000 reais
O indicado é investir 215 000 em renda fixa. Devem ser aplicados 100 000 reais num fundo DI com taxa de administração inferior a 0,75%. Coloque 75 000 reais em títulos privados, que podem ser divididos entre CDBs pós-fixados que pagam entre 98% e 100% do CDI e títulos de empresas de fora do setor financeiro, como debêntures e notas promissórias. Cerca de 40 000 devem ser aplicados em NTN-Bs, títulos indexados à inflação, via Tesouro Direto.
E tem 500 000 reais
Deve investir 430 000 reais em renda fixa. Num fundo DI com taxa de administração inferior a 0,5%, deve aplicar 200 000 reais. Destine 150 000 reais a títulos privados, que podem ser divididos entre CDBs pós-fixados que pagam mais do que 100% do CDI e títulos de empresas. Cerca de 80 000 reais devem ser investidos em NTN-Bs, títulos indexados à inflação, via Tesouro Direto.
Para quem quer aplicar entre dois e 3 anos
E tem até 100 000 reais
Deve investir 85 000 reais em renda fixa. Os CDBs tradicionais que pagam mais de 100% do CDI são uma opção atrativa. Se o banco quebrar ou der calote nas dívidas, o Fundo Garantidor de Crédito devolve 60 000 reais - por isso, vale a pena dividir os 85 000 entre dois bancos distintos.
E tem 250 000 reais
Deve investir 215 000 reais em CDBs tradicionais que pagam mais de 100% do CDI. Como o Banco Central garante até 60 000 reais aplicados em CDBs, vale a pena dividir o total entre quatro bancos distintos.
E tem 500 000 reais
Deve investir 430 000 em renda fixa da seguinte forma: metade em CDBs tradicionais com taxa de retorno acima de 102% do CDI, sempre lembrando de dividir a aplicação em lotes de 60 000. E a outra metade em títulos privados de empresas de fora do sistema financeiro.
quinta-feira, 19 de março de 2009
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