O CONSTRUTOR ESPANHOL
O investidor Enrique Bañuelos marca sua entrada no mercado imobiliário brasileiro com a compra da paulista Abyara.
ISTOÉ DINHEIRO - ROSENILDO GOMES FERREIRA
POVÃO NA MIRA: Bañuelos espera se beneficiar da política de incentivo federal às habitações populares.
O MOMENTO DELICADO vivido pelo setor imobiliário brasileiro, ao que parece, ainda não foi suficiente para afugentar os investidores estrangeiros. Na quarta-feira,18, o espanhol Enrique Bañuelos, por meio da holding Veremonte, assinou o contrato de compra de 62,13% das ações da construtora e imobiliária paulista Abyara.
A transação está orçada em R$ 37,9 milhões e o montante será pago em até cinco anos. O negócio foi feito em parceria com a brasileira Agra, na qual Bañuelos detém uma parcela de 6,6%. A venda foi a forma encontrada pela direção da Abyara para salvar uma empresa que vivia uma situação difícil. O esfriamento da demanda pegou-a em um momento de forte endividamento, com um passivo na marca de R$ 430 milhões, equivalente a 124% de seu patrimônio líquido.
Para assumir o negócio ele cobrou um prêmio elevado. Impôs aos bancos credores (Bradesco, Unibanco, UBS Pactual e Votorantim) a redução do débito para R$ 180 milhões. A quitação será feita em três anos, com carência de igual período. O restante foi pago em terrenos.
Os controladores da Abyara receberão R$ 1,20 por ação ou 59% do valor da última cotação registrada na Bolsa de Valores de São Paulo. Em compensação, Bañuelos garante um aporte de R$ 100 milhões para melhorar a liquidez da construtora. "A empresa é sólida e tem grande potencial de crescimento. Faltava-lhe apenas liquidez", destaca Marcelo Paracchini, diretor-presidente da Veremonte.
Mesmo antes de tomar posse da companhia, o espanhol já mostrou a que veio. Nomeou Astério Safatle, sócio da Agra, como novo gestor da Abyara. Também redefiniu o modelo de atuação, focado excessivamente nas fatias média e alta da pirâmide de consumo. A partir de agora a prioridade serão as classes C e D, alvos dos pacotes de incentivo fiscal em estudo pelo governo. Nada menos que 70% da carteira de terrenos da Abyara, avaliada em R$ 2,5 bilhões, tem vocação para abrigar esses projetos.
A estreia de Bañuelos obedeceu à lógica que marcou sua ascensão no mercado espanhol, de abrir várias frentes de negócios tendo como alvo companhias endividadas. No comando da Astroc ele construiu, do zero, uma fortuna que chegou a bater em US$ 7,7 bilhões. Suficiente para transformá-lo no 95º homem mais rico do planeta.
Uma série de transações heterodoxas, contudo, lançou suspeitas sobre sua forma de atuação. Suficiente para derrubar de US$ 12 bilhões para US$ 2,2 bilhões o valor de mercado da companhia. No Brasil, sua primeira grande tacada foi a fracassada tentativa de compra, em 2008, do resort Costa do Sauípe, pertencente à Previ. Paracchini garante que o patrão ainda não desistiu dessa empreitada.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
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