quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ficou barato

Por Maurício Lima | 29/04/2009 - 09:12

Depois de tanta pressão, a Câmara finalmente resolveu proibir o uso da verba de viagens pelos parentes dos deputados federais. Com pompa e circunstância, o presidente Michel Temer, ele próprio um dos envolvidos, acabou também com a cota extra para líderes partidários e com os créditos que eram levados de um ano para outro. Seria um desfecho positivo, caso não tivessem sido anistiados todos os que cometeram irregularidades com a verba.

Deveriam ser sumariamente punidos os que levaram a Adriane Galisteu, as mulheres e até padres para passear na Disney. Além do dinheiro devolvido, o ideal era que recebessem algum tipo de suspensão, multa ou trabalho comunitário pela picaretagem (um corte de salário cairia muito bem, por exemplo). Pior destino deveriam ter ainda os que estavam usando a verba para repassá-la a agências de turismo. A esses, caberia uma punição mais exemplar: a perda do mandato -- e talvez até a cadeia.

Até agora, o número de parlamentares flagrados com esta prática foi baixo, apenas três. Mas o jornalista Marcelo Onaga, editor de EXAME, conversou ontem com uma fonte do Congresso Nacional sobre o assunto e deu a este blog uma notícia em primeira mão. Segundo esse parlamentar, o repasse para agências de turismo estava disseminado pela Câmara, formando uma espécie de mercado paralelo em que os deputados aproveitavam a verba para complementar o próprio salário. Esta fonte calculou em pelo menos vinte os adeptos da irregularidade.

Tomara que as medidas "moralizadoras" de ontem não impeçam a investigação mais profunda destes desvios e, assim como a própria definição do uso dos bilhetes áereos, que sofreu inúmeras reviravoltas, seja revista também a infeliz ideia de anistiar todo mundo. Do jeito que está, ficou barato.

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