quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pior do que notícia ruim, é esperar por ela

Por Adriano Silva | 28/04/2009 - 10:34

Ontem recebi uma má notícia no âmbito dos negócios. Não foi uma notícia péssima. Mas foi uma notícia ruim. Fruto desses tempos de contenção, de cortes de verbas, de apreensão em relação ao futuro. Eu não sei como está para você. Mas para mim, e para a maioria das pessoas com quem estou conversando, o ano de 2009 - do qual já vivemos um terço! - está assim: muito trabalho e pouco faturamento, muita conversa e pouca ação, uma pilha de propostas, projetos e orçamentos (quase todos solicitados) e raríssimos negócios fechados. Das duas, uma: ou o ano começa de verdade agora em maio, e essas idéias e investimentos programados sairão finalmente da represa num jato caudaloso, aquecendo de novo a economia, ou viveremos esse perrengue de planejar muito e concretizar pouco até o final do ano. E aí haverá muitas baixas pelo caminho. Um bocado de pessoas físicas e pessoas jurídicas não sobreviverão. Eu espero mesmo que isso não aconteça. E aqui estou, sim, legislando em causa própria.

Mas o que queria contar aqui é que senti, ontem, uma sensação estranhamente agradável ao ver definida aquela situação. Ainda que o encaminhamento dela não fosse bom, muito longe disso, ter a situação encaminhada gerou em mim um sentimento muito melhor do que no momento anterior, de indefinição. Quer dizer: a ansiedade é pior do que a notícia ruim. Esperar por um desfecho, e sofrer no vazio, na inconcretude de uma possibilidade de tragédia, é muito mais doído do que encarar a situação concreta. O sofrimento da antecipação não tem tamanho. Ou melhor: adquire o tamanho da nossa ansiedade. Que quase nunca é pequena. Que quase sempre descamba para a hipérbole e o paroxismo. Lidar com a coisa como ela é, mesmo quando o quadro não é bom, é uma batalha muito mais objetiva, clara e, portanto, mais sob controle.

É a sede de controle que nos faz sofrer. E, em meio ao desespero, são as migalhas de controle que nos fazem sentir melhor.

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