quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mercado para classe média tem retomada

Jornal do Commercio, Chiara Quintão, 23/jul

Num momento em que as incorporadoras voltam cada vez mais suas atenções para o segmento de econômico, em decorrência, principalmente, do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, o mercado começa a se deparar também com o início da retomada da demanda por imóveis destinados às faixas de renda média e média-alta. Essa tendência aparece no desempenho, no segundo trimestre, das vendas contratadas de incorporadoras que não têm foco nas faixas de renda contempladas no pacote e que já divulgaram prévias operacionais.

Um dos principais estímulos para a demanda de unidades pelo segmento médio foi a ampliação do limite do valor máximo do imóvel a ser financiado com recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de R$ 350 mil para R$ 500 mil. "A velocidade de vendas de imóveis na faixa de R$ 350 mil a R$ 500 mil aumentou no segundo trimestre", afirma o diretor Comercial da Tecnisa, Douglas Duarte.

A melhora do cenário macroeconômico contribui para a tomada de decisão de compra pelos consumidores. "As empresas pararam de demitir e estão percebendo a necessidade de começar a admitir (funcionários) de novo", acrescenta o diretor Comercial da Tecnisa. No segundo trimestre, as vendas contratadas da Tecnisa somaram R$298,5 milhões (parte da companhia), 10% a menos que no mesmo período do ano passado, mas 10% acima do valor comercializado no primeiro trimestre. A Tecnisa lançou R$40,5 milhões no trimestre, cifra 86,6% menor que a do mesmo intervalo de 2008. Os estoques responderam por 93% das vendas.

"A partir das vendas do segundo trimestre, houve impacto positivo da ampliação do limite do financiamento do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) e do FGTS. Não temos visto postergação da decisão de compra", afirma o diretor-executivo de Investimentos da Brookfield Incorporações, Alessandro Vedrossi.

A Brookfield registrou vendas contratadas de R$568,5 milhões no segundo trimestre, 77% a mais que no mesmo período do ano passado e 86% maiores que as do primeiro trimestre. Do total, o segmento residencial foi responsável por R$387 milhões, e o de escritórios, por R$181 milhões.

No segmento econômico (imóveis residenciais até R$130 mil), a Brookfield vendeu R$13,9 milhões, 37% a menos que no segundo trimestre de 2008. Na faixa de renda média-baixa (R$130 mil a R$350 mil), as vendas cresceram 80%, para R$188,3 milhões. No segmento médio (R$350 mil a R$500 mil), houve expansão de 17%, para 44,1 milhões. Na classe média-alta (R$500 mil a R$1 milhão), as vendas caíram 24%, para R$54,2 milhões. Na alta renda (acima de R$1 milhão), o aumento foi de 61%, para R$79,3 milhões.

A companhia lançou R$587,5 milhões no segundo trimestre, sendo R$351,3 milhões para o segmento residencial, com todas as unidades até R$500 mil. A Even Construtora e Incorporadora registrou vendas contratadas de R$252,905 milhões no segundo trimestre parte da companhia), 100,8% a mais que no primeiro trimestre. Do total, R$99,5 milhões foram vendas de lançamentos do próprio trimestre e R$153,4 milhões de estoques. Os segmentos médio, médio-alto e alto responderam por 82% das vendas de estoque. "No primeiro trimestre, houve retração por parte da média e média-alta renda, pois o consumidor estava receoso de perder o emprego", diz o diretor de Incorporação da Even, João Azevedo.

Com a ampliação do financiamento com recursos da poupança e do FGTS, a demanda foi retomada por unidades de R$350 mil a R$500 mil, de acordo com Azevedo. A Even não fez lançamentos nessa faixa no segundo trimestre.

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