sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Em busca do menor impacto
30/10/2008
Para a Energias do Brasil, investir em fontes renováveis é o melhor caminho para atender à demanda da sociedade sem abrir mão da sustentabilidade

Por Gustavo Magaldi

Rajadas de vento soam como música aos ouvidos dos executivos da Energias do Brasil, holding de empresas de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica controlada pela Energias de Portugal (EDP), uma das maiores operadoras européias do setor.

Em junho deste ano, o grupo iniciou sua investida no mercado eólico brasileiro ao adquirir, por 51 milhões de reais, duas usinas no município de Água Doce, no norte de Santa Catarina. As imensas hélices dos parques geradores Horizonte e Água Doce, que transformam vento em eletricidade e têm capacidade atual para produzir 14 megawatts, simbolizam, de uma só vez, três prioridades da empresa: aumentar sua participação no mercado de geração, investir em fontes limpas e realizar projetos de baixo impacto.

"Uma empresa de energia só é sustentável se fizer esforços diários para controlar os impactos de suas operações", afirma António Pita de Abreu, engenheiro português que assumiu, no início deste ano, a presidência da Energias do Brasil. "Uma usina eólica tem pouquíssimos efeitos negativos no meio ambiente e na vida das pessoas, e o potencial para esse tipo de energia é enorme no Brasil."

Embora apresente grande potencial - estimado em 143 000 megawatts, o equivalente a dez Itaipus -, o mercado eólico nacional não passa, hoje, de uma leve brisa. Há apenas 17 usinas desse tipo em operação no país, que respondem por 0,3% da energia elétrica gerada no Brasil. Para ajudar a mudar esse quadro, a Energias do Brasil conta com a tecnologia de sua controladora, atualmente a quarta maior produtora de energia eólica do mundo. A meta da Energias do Brasil é ter, até 2012, capacidade de geração superior a 1 000 megawatts em energias renováveis, distribuídos por pequenas centrais hidrelétricas, usinas de biomassa e parques eólicos.

"Queremos atuar de forma estruturada e competitiva no campo das energias renováveis", diz Abreu.

Os investimentos em fontes limpas devem trazer ainda uma receita extra para o grupo. Até 2012, a companhia prevê levantar algo em torno de 30 milhões de reais com a venda de créditos de carbono - como os projetos de energia limpa da empresa vão reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, a companhia receberá créditos que poderá vender a terceiros.

A Energias do Brasil promete destinar parte desses recursos a programas socioambientais nas comunidades do entorno das usinas. Os esforços em busca de uma operação de baixo impacto estão ancorados em políticas internas, grande parte delas desenvolvida recentemente.

Em 2007, a empresa formalizou uma política de sustentabilidade, aderiu ao Pacto Global (iniciativa da ONU, de caráter voluntário, que estabelece compromissos de responsabilidade corporativa) e lançou o Instituto Energias do Brasil, que desenvolve e coordena as ações ambientais e socioculturais do grupo.

A estrutura da área de sustentabilidade conta com uma vicepresidência específica, uma superintendência corporativa e o comitê de sustentabilidade, presidido por um membro externo à organização - o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan.

O próximo desafio é disseminar a visão de sustentabilidade por todos os níveis hierárquicos das empresas do grupo. "Temos muito a fazer ainda para aprofundar a incorporação da sustentabilidade, incluindo a gestão da ética, a educação dos funcionários e o relacionamento transparente com nossos acionistas", afirma Abreu.

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