sábado, 17 de janeiro de 2009

Petrobras é excluída do ISE - Culpa do diesel maligno?

Como já escrevi aqui, num outro post, pior do que nunca conseguir entrar num índice de sustentabilidade de uma bolsa de valores é pagar o mico de entrar e sair dele - ou seja, ser excluído.

Bem, a nova carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), foi divulgada esta manhã e aqui vai a lista das empresas que pagaram o mico: Aracruz, Copel, CCR Rodovias, Iochpe-Maxion, Weg e Petrobras.

Dentre essas, porém, a exclusão da Petrobras foi a que causou mais barulho e deu mais motivo para muita gente comemorar. Entendam: ninguém fica sabendo exatamente por que uma empresa é excluída do índice. Essas informações são confidenciais.

Há, porém, algumas hipóteses. Uma delas é a de que o desempenho das empresas melhora a cada ano e quem não evolui no mesmo ritmo perde o lugar na lista para outra companhia que fez melhor o dever de casa.

A outra é relacionar a exclusão a um fato, política ou comportamento específico da empresa que contradiz a sua suposta postura "sustentável". E é aqui que entra a Petrobras. Ou seja, a Bovespa não divulgou um comunicado oficial dizendo que a empresa foi excluída do ISE porque o seu diesel, com um teor altíssimo de enxofre, é um dos mais poluentes e nocivos à saúde humana do mundo. Mas quase ninguém duvida que tenha sido esse o motivo.

Além do quê, a despeito do fato de que as informações que pautam as exclusões das empresas devem ser confidenciais, nem tudo permaneceu assim. Numa carta divulgada hoje à imprensa, por exemplo, Oded Grajew - um dos fundadores do Instituto Ethos, hoje à frente do Movimento Nossa São Paulo - trouxe a público o seguinte:

"A decisão foi tomada pelo Conselho do ISE, composto por Bovespa, International Finance Corporation (IFC), Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (APIMEC), Associação Nacional de Bancos de Investimentos (ANBID), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Instituto Brasil PNUMA). Visto que o Governo Federal é sócio majoritário da Petrobras, o MMA se absteve da votação. Todos os outros membros votaram pela exclusão da Petrobrás".

Oded é um cara bem informado e não fala bobagem. Se deveria ou não ter botado a informação que ele obteve sobre os bastidores da decisão do conselho no ventilador isso já é lá outra história. De qualquer maneira, em nota divulgada há pouco, a Petrobras informou ter pedido ao Conselho do ISE um esclarecimento sobre os motivos que levaram à sua exclusão. E que seus executivos só farão um pronunciamento oficial após obter uma resposta.

Por Ana Luiza Herzog
Publicado em 25/11/2008 - 23:53

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