segunda-feira, 22 de junho de 2009

Bancos disputam mutuários

O Globo, Geralda Doca e Eduardo Rodrigues, 06/jun

Num movimento iniciado pelas instituições privadas e já seguido pelo Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal anunciou ontem a redução dos juros cobrados no crédito imobiliário para novos contratos. No Sistema Financeiro da Habitação (SFH), limitado a imóveis de até R$500 mil, o juro cobrado pela Caixa cairá um ponto percentual, saindo de 11,5% ao ano mais Taxa Referencial (TR) para 10,5%, a mais alta, e de 9,4% para 8,9% ao ano, a mais baixa. Acima desta faixa de preço, a queda será de 0,5 ponto, de 12% para 11,5% ao ano.

Quem é cliente da Caixa ou autoriza o desconto da prestação diretamente no contracheque tem direito a redução adicional de 0,5 ponto percentual, cumulativo. A nova tabela vale a partir de segunda-feira. As taxas não representam o custo total dos empréstimos. Este, além dos juros, inclui seguro e taxa de administração, por exemplo.

Com a decisão, a Caixa, principal agente financeiro imobiliário, se alinhou ao BB, que na última quarta-feira anunciou um pacote de medidas para o financiamento da casa própria, com ampliação de prazos e limites. As instituições federais mantêm agora as taxas mais baixas entre os grandes bancos, com vantagem para a Caixa.

Quem puder deve esperar, diz analista

Nos financiamentos de valor mais baixo, para imóveis até R$150 mil, BB e Caixa cobram 8,9% ao ano. O crédito com o BB a partir de convênio cai para 8,4%. A partir daí, a Caixa leva vantagem, pois o Banco do Brasil reduziu a taxa cobrada entre R$150 mil e R$500 mil de 12% para 11% ao ano. Acima de R$500 mil, o BB cobrava 15,08% e agora, 13%.

Na próxima terça-feira, antes mesmo da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica, a Selic (que sai na quarta-feira), a Caixa anunciará novo corte em seus juros. Desta vez, disse seu vice-presidente de Finanças, Márcio Percival, o foco será nas pessoas físicas.

Os bancos privados, porém, foram os primeiros a embarcar na recuperação da construção civil, promovendo mudanças em suas carteiras de crédito imobiliário. O Bradesco anunciou no fim de maio a ampliação do prazo dos financiamentos de 25 para 30 anos pelo SFH. Além disso, reduziu de 10% para 8,9% os juros anuais nos contratos para compra de imóveis até R$120 mil, e baixou de 11% para 10,9% (mais a variação da TR) as taxas para as residências até R$500 mil.

No dia 1º deste mês, o HSBC cortou em 1 ponto percentual a taxa de juros para imóveis entre R$150 mil e R$500 mil, passando de 12% ao ano para 11%. Para não perder o bonde, uma equipe de executivos e técnicos do Santander - o primeiro banco privado a financiar imóveis em até 360 meses no Brasil - passou a tarde de ontem reunida estudando medidas que devem ser anunciadas na próxima semana. Procurado, o recém-fundido Itaú Unibanco não se manifestou sobre o assunto.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, disse, que, na prática, os bancos estão voltando a conceder empréstimos habitacionais nas mesmas condições existentes antes do agravamento da crise internacional, em setembro de 2008. Ele afirmou que as linhas estão mais favoráveis aos mutuários e deverão melhorar ainda mais, nos próximos dois ou três meses, com a queda da Selic e a retomada do ritmo da atividade econômica.

- Por isso, quem puder, espere um pouco mais - disse Oliveira, acrescentando que, como esses financiamentos são de longo prazo e de valores elevados, qualquer ponto percentual significará grande economia.

Empresários da construção confirmam que, passada a dificuldade inicial de acesso ao crédito por causa da crise, o que prejudicou os lançamentos, o setor da construção civil vem comemorando bons resultados a cada mês. Rogério Chor, dono da construtora CHL no Rio, contou que lançou há uma semana no Grajaú um empreendimento com 80 apartamentos, entre R$240 mil e R$250 mil e já vendeu 60%.

- Se você considerar que não é um apartamento da Zona Sul, está muito bom - comemorou o empresário.

Segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), em maio foram lançadas 260 unidades residenciais no Rio, número semelhante ao registrado no mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi), em março foram comercializados no estado 2.162 imóveis, contra 1.556 em fevereiro e 1.113, em janeiro. O número de lançamentos subiu de 1.211 em fevereiro para 1.561 unidades em março.

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) informou que o número de unidades financiadas atingiu 78.552 no primeiro quadrimestrdeste ano, somando a 304.345, nos últimos 12 meses, recorde histórico.

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